Senhor Presidente Eurico Miranda,
Não é de hoje que se deteriora a
situação do futebol no Clube de Regatas Vasco da Gama. Surpreende, no entanto,
essa atitude quase de indiferença, caracterizada por total falta de reação,
como se o que está acontecendo com o time da Colina fosse coisa normal, de todo
dia.
Na verdade
a decadência não é só do Vasco da Gama, mas também de outros clubes cariocas. É
de notar-se que no ano passado o Botafogo de Futebol e Regatas, outro time
grande do Rio de Janeiro, também foi parar na Segunda Divisão.
Sem
embargo, qualquer um terá dificuldade de entender que uma equipe com as
tradições do Vasco se encontre na situação mais do que lamentável, vexaminosa
que ora mais que o caracteriza, o marca como uma equipe sem técnica, sem brio e
sem raça, que parece marchar em ritmo acelerado para o retorno à Série B, de
onde não deveria ter saído, se o seu projeto era esse.
O que
trouxe a volta de Eurico Miranda ao Vasco? De que nos valeu darmos o bilhete
azul a Roberto Dinamite? Se a festiva posse do velho líder no C.R.V.G. foi
momento de catarse importante, tanto que deu a impressão de que as coisas e
sobretudo o espírito, a seriedade, a confiança e o orgulho na tradição vascaína
iriam por certo levar o nosso chamado Gigante da Colina a novos tempos, de
alegrias para a nossa ainda grande torcida. E lá compareceu uma plêiade de
vascaínos ilustres que tinham vindo não por acaso, mas movidos pela esperança
e, por que não dizer, pela quase certeza de que com a posse de Eurico Miranda
no Vasco as coisas iam melhorar de fato e de direito.
A conquista
do Campeonato Carioca foi recebida com júbilo e com maior alegria ainda pela
circunstância de que o caneco foi arrancado de nosso grande rival. Representou
um selo de importância, por mostrar da aparente progressão do time, e que por
fim púnhamos termo a um longo jejum em partidas contra o Flamengo de Futebol e
Regatas.
Os meus anos
que já são longos não me fazem esquecer os oito anos em que a equipe cruzmaltina
sempre superou o rival Flamengo. Um dia
essas coisas terminam. Pena que tenham sido em partida mal arbitrada, em que o
Vasco foi tungado. Mas o CRVG continuou a ser um grande time, e um dos maiores
do futebol carioca.
Mas não nos
percamos em rememorar o passado. Temos que lidar com o presente e ele, ao invés
de realidade, tem ares de pesadelo. Quando imaginar se poderia que o Vasco
terminaria o turno como o lanterna da Série A, com treze pontos, três vitórias em dezenove partidas, quatro empates e
doze derrotas, exibindo a pior artilharia do campeonato e a defesa mais vazada
com 31 gols contra (os penúltimos, Flamengo e Avaí tem 28 gols contra). O atual
líder e campeão do primeiro turno, é o Corinthians tem quarenta pontos. Nenhum atacante do CRVG se
acha entre os principais artilheiros, que são onze jogadores.
Presidente
Eurico,
O senhor tem
trocado muito de técnico, mas infelizmente deveria pensar em melhorar a técnica
de nossos jogadores. Estamos com um time muito medíocre e não é sem razão que
ele está na rabeira (os quatro atuais no quarteto maldito, destinado à
retrocessão são Goiás (19 pontos),
Curitiba (dezoito) e Joinville (dezesseis). Como nos mostra o quadro evolução
do jornal O Globo, o Vasco começou em 13° lugar, caíu para a área de
retrocessão na 4ª rodada, na quinta passou para o 17º lugar, na sexta, para o penúltimo e por
fim, na 8ª rodada começou a ficar em último, a que voltou na 18ª e na 19ª. No
computo geral, o Vasco permaneceu no Z-4 por dezesseis rodadas.
Portanto, Presidente, a permanência do
CRVG na rabeira do campeonato juntos dos piores times não é nenhum acidente.
É mais do que tempo de que o senhor
olhe com outras vistas o mediocrérimo plantel do nosso Vasco. Não vou negar que
há bons jogadores, mas eles são muito poucos, e mesmo um ótimo goleiro, com
essa defesa e esse ataque, está destinado a ser vazado.
Quando Ronaldinho Gaúcho bateu à porta
do Vasco da Gama, é indescritível o tratamento que o senhor deu a tal oportunidade.
O Vasco é um time que para pensar em safar-se da Segundona carece de sacudir
esse plantel desmotivado e desmoralizado.
Precisamos de sangue novo. Se foi para isso que hoje vemos, por que o
senhor resolveu voltar à presidência do time cruzmaltino, lamento dizer que não
faria diferença ao time se tivesse conservado o seu antecessor.
Presidente,
O senhor terá bem consciência de que
não se pode continuar no ramerrame da mediocridade. De nada serve mudar de
técnico, se uma equipe desse nível, que dá os espetáculos penosos com que nos
presenteou nos últimos jogos, onde a nossa taça de amargura foi até à lia, for
mantida.
Se
o senhor quer que essa estória acabe de forma honrosa para o Vasco, não pode
mais desperdiçar tempo. Olhe para os outros times que estão nos lugares da
Libertadores, e daqueles que se acham na primeira metade dos vinte. Até o
Flamengo, cuja diretoria dispensou muito mais atenção à contratação de bons
jogadores, se acha em 13º lugar, a quatro posições do quarteto final.
E a torcida confiou no Senhor, e
gostaríamos muito que consiga desfazer
os nossos temores, porque chega de humilhações ao Vasco. Voltar à Segunda
Divisão depois dessa passagem na Primeira, eu não quero nem imaginar.
Presidente, o senhor ainda tem tempo
para dizer ao que veio. Mas é pouco e a torcida tem pressa.
Mui Cordialmente,
Mauro Mendes de Azeredo
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