quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Pobre Dilma, pobre Brasil


                                        

       A incrível fraqueza do governo Dilma II, a sua crescente vulnerabilidade, e seus graves, preocupantes efeitos para as finanças públicas não são resultado apenas de congênita incompetência, mas também da triste eficácia de oposição sem princípios e de desgarrados algozes.

       Como na escandalosa jogada ao mar do fator previdenciário, de cujo ataúde os últimos pregos vieram de um cego PSDB que não hesitou em desfazer-se da criatura da administração FHC, ingressamos agora, na rentrée de agosto, em mais um espetáculo dos sem-escrúpulos se unirem aos oportunistas de plantão.

       O antes glorioso Partido dos Trabalhadores vai perdendo, um a um, os seus líderes mais prestigiosos. Não mais se vê José Dirceu levantar, em gesto quiçá farsesco, o punho atrevido do antigo guerrilheiro. Quer queira, quer não, ele se debate no mar de sargaços da corrupção, e os próprios argumentos, contrariados por um estranho e reincidente comportamento, o vão aproximando da última hierática e sempre mais isolada figura de generoso, principista e altruísta outrora pequeno partido, que então encantara a gregos e troianos, aos sindicalistas de boa cepa, a intelectuais da esquerda generosa, e a padres e freiras de Igreja empenhada nas boas causas.

       Onde está toda essa gente, que acorreu alegre ao chamado da esperança e de um Brasil diverso, em que a democracia não se confunde nem convive em cambalacho e corrupção?

       A bruma é tal que não se logra distinguir quem esteja no timão, ou quem dele se acerque, cerrado o cenho, e luzentes de determinação os olhos que, em vão, procuram espaços maiores, que das grandes vistas ofereçam o descortínio e ainda no gesto guardem laivos de um desígnio resoluto, encimado pelo interesse da sociedade – não apertada pelo espartilho de preconceitos e exclusões – mas animada de desígnios que hoje para muitos pareçam  românticos e passadistas ?

        E, sem embargo,  aonde está essa gente que pensa e acalenta o interesse da Nação, e antes de promover mesquinhas quizílias e dúbios projetos de rasante vôo, pensa em um Brasil livre dos achaques da demagogia e da corrupção?

        Será que foi no areal dos vãos projetos desta mesma demagogia que o Partido dos Trabalhadores formou a sua decantada base de apoio?

         Enquanto todos pensarem em si, e nesses golpes baixos que laceram o ventre de qualquer sustentação de governo, julgando colher objetivos próprios enquanto afundam o punhal da inconformidade e o fazem girar nas vísceras do Estado, que insana vitória é essa que dessangra as bases do poder constituído, como que tomada por frenesi de ruína, deboche e destruição ?

 

( Fonte subsidiária:  O  Globo )

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