A incrível fraqueza do governo Dilma
II, a sua crescente vulnerabilidade, e seus graves, preocupantes efeitos para
as finanças públicas não são resultado apenas de congênita incompetência, mas
também da triste eficácia de oposição sem princípios e de desgarrados algozes.
Como na
escandalosa jogada ao mar do fator previdenciário, de cujo ataúde os últimos
pregos vieram de um cego PSDB que não hesitou em desfazer-se da criatura da
administração FHC, ingressamos agora, na rentrée
de agosto, em mais um espetáculo dos sem-escrúpulos se unirem aos oportunistas
de plantão.
O antes glorioso
Partido dos Trabalhadores vai perdendo, um a um, os seus líderes mais
prestigiosos. Não mais se vê José Dirceu levantar, em gesto quiçá farsesco, o
punho atrevido do antigo guerrilheiro. Quer queira, quer não, ele se debate no
mar de sargaços da corrupção, e os próprios argumentos, contrariados por um
estranho e reincidente comportamento, o vão aproximando da última hierática e
sempre mais isolada figura de generoso, principista e altruísta outrora pequeno
partido, que então encantara a gregos e troianos, aos sindicalistas de boa
cepa, a intelectuais da esquerda generosa, e a padres e freiras de Igreja
empenhada nas boas causas.
Onde está toda
essa gente, que acorreu alegre ao chamado da esperança e de um Brasil diverso,
em que a democracia não se confunde nem convive em cambalacho e corrupção?
A bruma é tal
que não se logra distinguir quem esteja no timão, ou quem dele se acerque,
cerrado o cenho, e luzentes de determinação os olhos que, em vão, procuram
espaços maiores, que das grandes vistas ofereçam o descortínio e ainda no gesto
guardem laivos de um desígnio resoluto, encimado pelo interesse da sociedade –
não apertada pelo espartilho de preconceitos e exclusões – mas animada de
desígnios que hoje para muitos pareçam românticos e passadistas ?
E, sem embargo,
aonde está essa gente que pensa e
acalenta o interesse da Nação, e antes de promover mesquinhas quizílias e
dúbios projetos de rasante vôo, pensa em um Brasil livre dos achaques da
demagogia e da corrupção?
Será que foi
no areal dos vãos projetos desta mesma demagogia que o Partido dos
Trabalhadores formou a sua decantada base de apoio?
Enquanto
todos pensarem em si, e nesses golpes baixos que laceram o ventre de qualquer
sustentação de governo, julgando colher objetivos próprios enquanto afundam o
punhal da inconformidade e o fazem girar nas vísceras do Estado, que insana
vitória é essa que dessangra as bases do poder constituído, como que tomada por
frenesi de ruína, deboche e destruição ?
( Fonte
subsidiária: O Globo )
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