Entre o enxame de compromissos assumidos
para sediar a Olimpíada, está o empenho de realizar várias provas na Baía de
Guanabara, e eventos de remo e congêneres na Lagoa Rodrigo de Freitas.
É importante
desde já afirmar que a Lagoa deve ser despoluída, e o seu acesso marítimo
assegurado pela manutenção da abertura através das praias de Ipanema e Leblon
do canal que lhe assegura a entrada da água do mar.
Dadas as
dimensões da Lagoa, se as obras forem realizadas oportunamente, não havera r qualquer problema.
Quanto a essa
beleza natural que é a Baía da Guanabara, aí a sua extensão e amplitude
apresentam um senhor obstáculo para a respectiva despoluição.
Deve-se ter presente que essa Baía vem
sendo maltratada há decênios. Além do Rio de Janeiro e de Niteroi, outras
cidades e povoações estão nas suas margens e os respectivos esgotos tem sido nela lançados impunemente, com grave prejuízo
para a flora e, sobremodo, a fauna marinha.
Os alegres
golfinhos que a embelezam e a movimentam estão desaparecendo, vítimas da
poluição. Ainda há pouco mais de três dezenas desses joviais e irrequietos
animais, que estão sendo mortos pelas doenças e sobretudo pelo lixo que
engolem.
Um esforço
hercúleo, posto que mal-colocado, de uma autoridade estadual, que fez questão de
mergulhar nas antes límpidas águas da Baía, só serviu para acentuar-lhes os
perigos. Especialistas e técnicos consultados asseveraram que o referido
senhor, ao lançar-se às águas imundas da Guanabara, corria um risco não pequeno
de contrair alguma das enfermidades que as águas não-tratadas de vários esgotos
aí despejam.
Obviamente
inadequada para as provas que aí se realizarão, colhemos o dúbio prêmio de
conseguir, através de uma promessa depois esvaziada pela inação, que as
competições previstas para tal espaço aquático sejam mantidas, ainda que
ameacem os concorrentes, por sua escandalosa poluição.
Corremos, por
conseguinte, o risco de que as condições da Baía – na prática, nada se fez –
possam acarretar problemas para os concorrentes das provas náuticas. Além
disso, sobrepaira sempre o perigo de um vexame olímpico: no caso, protestos de
delegações concorrentes, que reclamem pelas condições a que se expõem os
respectivos atletas.
O problema é
simples: as provas são mantidas em local inadequado, e por motivo de poluição.
A responsabilidade recai em quem prometeu fazer o que era necessário.
Por nada ter sido feito, choca a quebra
do compromisso assumido.
Não melhora
decerto o ambiente que agora, a essa altura do campeonato, autoridade venha
proclamar que o problema é grande e só podeár ser resolvido em prazo de vinte
anos.
(Fontes: O Globo; Rede Globo)
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