O Dilma II abusa do direito de
inovar. Contudo, achando-se em posição ultra-precária em termos de contas
públicas, deve-se acrescentar que a inovação não se acha exatamente no vertente
da ortodoxia economico-financeira.
Como em três
dias, a CPMF – que seria a suposta
salvação – acumulou recusas, e a Administração Dilma Rousseff, após em
ignominiosa retirada nesse campo, veio com outra ‘novidade’, de que também o
Ministro Joaquim Levy discordava frontalmente.
Com efeito,
antes de entrar na apreciação da última novidade do dílmico governo petista, repassemos
a série de batalhas perdidas pelo
bem-intencionado Ministro Joaquim Levy. Há coisa de um mês, o Ministro da
Fazenda foi derrotado na discussão sobre a meta fiscal.
Essa meta
fora reduzida contra a sua vontade. O seu temor é simples e de fácil percepção.
Dada a precária situação orçamentária, e na falta de qualquer esforço no
sentido da austeridade, para sempre mais evidente que a bola da vez com as
temidas agências de avaliação de risco está na enorme probabilidade de que seja
retirado do Brasil o ‘grau de investimento’. Tal constitui um carimbo de ‘bom
investidor’ e mantém abertas as cancelas do investimento estrangeiro.
Sob o pretexto de que o realismo – conjugado com
a falta de qualquer esforço maior no campo da austeridade – é o aspecto a ser
realçado, tudo no dílmico plano passa a ser implementado na lei do mínimo
esforço. Nesse contexto, caberia às agências de Wall Street entenderem tal postura do Dilma II.
Todavia – o
que parece escapar ao campo dos familiares da Presidente – é que essa postura
já apresenta um quadro bastante negativo. Se levarmos em conta a falta de qualquer
controle de Dilma e da sua entourage
sobre o que antes se chamava a base de apoio – e é justamente esta falta de
qualquer sustentação a seu governo que tem provocado a situação falimentar da
previdência e das contas públicas – tudo isso vira samba de uma nota só.
Chamemo-lo
de incompetência política de Dilma ou de desagregação da administração petista,
tangida pela rejeição da Presidente e do regime petista, temos um quadro que
transmitido aos grandes mercados e às famosas agências de risco, só tende a
produzir resultados negativos.
A
preocupação do Ministro Levy não é a de agradar a Presidenta (como ela ainda
gosta de ser chamada), mas de fazer algo, qualquer coisa, que se encaixe no seu
programa e na sua visão enquanto Ministro da Fazenda.
Sem
embargo, Dilma ainda controla as cartas – por mais que os principais figurantes
se venham apartando – e ela parece dispor do inverso do dedo mágico que
consegue, de algum modo, levantar moral e índices.
Joaquim
Levy semelha não ter ainda percebido que entrou em uma fria. Inspirou no seu
ingresso grandes esperanças e expectativas, assim como o personagem de Charles
Dickens no romance célebre[1].
Se não tem podido satisfazê-las e implementá-las, tal se deve à fraqueza da
presidente Dilma Rousseff, que não quis ou não soube aglutinar todos os
parlamentares que haviam sido eleitos debaixo de seu largo e amplo estandarte.
Preferindo o amigo Aloisio Mercadante a alguém com efetivo trânsito
junto a deputados e senadores, o resultado não poderia ser outro, começando
pela desastrosa derrota na presidência da Câmara e a eleição de Eduardo Cunha.
Mas essa competência que sempre patinou, em tempo recente, com a sua posição
nas pesquisas com apenas sete dígitos de aprovação, há de compreender-se a extensão
de sua fraqueza.
Como se referiu acima, Levy tem sido ritualmente
contrariado nas suas posições, que em geral são as boas. Dilma, se tentarmos
analisar sua posição pela lógica, teria todo interesse em fortalecer o seu
Ministro da Fazenda, inclusive pelas expectativas que ele congregara e que para
muitos faz por merecer.
No
entanto, ele está sendo – e não tão lentamente – macerado, atingido e
enfraquecido por uma oposição interna, aglutinada em torno do pensamento de
Dilma Rousseff (seja ele qual for).
Por mais
respeitado que tenha sido ao tempo de sua indicação, há muitos motivos para
crer que Dilma não tem particular apreço por ministros com idéias próprias
(mesmo que sejam as boas). Ela parece gostar mais daqueles chamados da casa,
que sentem, em qualquer circunstância – e mesmo nas atuais – pendor irresistível
em apoiar o poder.
Não foi
para isso, Dr. Levy, que o senhor pensou haver sido chamado pela Presidente.
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )
[1] Great Expectations
(Grandes Esperanças, em tradução livre, que não reflete a força implícita no
título em inglês).
Nenhum comentário:
Postar um comentário