Não há nada mais volúvel de que
uma crise do porte desta que se abateu sobre
Dilma Rousseff. Enquanto a tempestade avança, as perspectivas dos
jornalões hodiernos acenam com certo alívio para este governo petista que mal
completa meio ano de sofrida existência.
Hoje, os
augúrios das manchetes parecem acenar com algum alento para a pupila de Lula da Silva. Assim, a Folha diz ‘Após acordo com senadores,
Dilma ganha fôlego no TCU’, e O Globo
estampa ‘Dilma ganha tempo no TCU com ajuda de Temer e Renan’.
No momento,
nem Diógenes com a sua lanterna encontraria nas duas principais capitais do
país um diário situacionista. Por série de fatores que aqui não cabe discutir,
o número de jornais tanto no Rio de Janeiro, quanto em São Paulo decresceu
muito. E essa variedade, com diários de peso como o Jornal do Brasil (hoje
confinado a edição on-line) e tantos
outros levados pelo vento, como Correio da Manhã, O Jornal, Diário de Notícias,
Ultima Hora, no Rio, e na Paulicéia, a par do Estado de S. Paulo, que está bem
de saúde, ainda tínhamos a Gazeta e o Diário da Noite, além de outros mais, que
o rio Letes e o alegado progresso
levaram.
Crises do
porte da presente são formadas por muitos afluentes, alguns oportunistas,
outros, de águas lentas, mas volumosas, e o mais que a caprichosa topografia
inventar possa. Como se fôssemos exploradores do futuro, a geografia será uma
caixa de surpresas, eis que para os aventureiros das entradas e bandeiras
recobre a mata cerrada e os acidentes do sertão imenso a densa bruma do futuro,
que, por vezes, só se dissolve nos minutos em que afinal aparece o El-Dorado,
ou então, mais floresta.
Nessas horas, feitas de enigmas e surpresas, o
avanço costuma ser lento e a direção incerta. Às notícias da manhã, podem ou
não corresponder às da tarde e aquelas da noite.
Muita vez, o
noticiário se prende a suposto obstáculo ou acidente no meio do caminho, para
depois vê-lo desaparecer sem deixar vestígio, enquanto um outro, até hoje ou
esquecido ou ignorado, de repente do nada irrompe e os demais faz esquecer.
Assim, a topografia das crises costuma ser caprichosa, por vezes ridícula,
noutras perversa.
Dessarte, a
espera infinda por sentença da justiça administrativa pode acabar num desvão
qualquer, tornado írrito ou irrelevante por crise que se aprofunda e se
avoluma. Ou então a procrastinação a faz esvair-se nos desvãos da burocracia.
Aí, a cena
muda, e eis que o chapéu das margaridas traz o sorriso de volta para a
fisionomia da Presidente. Se no dia anterior, transmitira aspecto algo patético
para outro protagonista, que anda pelos corredores com ar soturno de apreensivo
postulante, esperando a todo o momento o cavo bater do martelo da justiça,
agora traz outras mensagens para quem passou a viver sob o seu compasso, que
bate a desoras, ou então engoda com pequenas alegrias quem ora existe sob a
angústia do imponderável. Que importa então, se nada acontece, e logo para ela?
Não seria acaso a brasileira solução?
Ou será que
o Povão caprichoso vai surpreender no domingo?
Meus
senhores e minhas senhoras, façam os seus comentários ou quiçá a sua aposta.
( Fontes:
O Globo, Folha de S. Paulo )
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