A leitura dos jornais e de outras
publicações nos mostra que a presente crise política e o modo petista de
governar vem provocando uma série de retrocessos tanto na política quanto na
economia. Tem-se a impressão de que o Brasil nos seus fundamentos econômicos,
financeiros, políticos e sociais ao invés de avançar, dá a impressão de uma
incôngrua viagem ao passado, onde, para nossa brasileira perplexidade, nenhum
processo de ciência-ficção ou de breakthrough[1] tecnológico esteja
sendo testado em Pindorama.
Não é só a
inflação que está de volta. A paridade do real com o dólar americano volta a
décadas atrás. Então se corre para as empresas industriais que fabricam bens de
capital ou bens de consumo durável, e alguns tem o gosto perverso de que a
queda no valor do real (com as suas óbvias consequências negativas) se vê
compensada por um barateamento no preço relativo dos produtos nacionais, com a
consequente acrescida capacidade de exportação. Assim, o que certos países
lograram no passado, como a China Comunista, de incremento na exportação por um
câmbio rebaixado artificialmente, aqui no Brasil isto se consegue com a
desvalorização do real e a fragilização de nossos ativos.
Atravessamos
talvez a mais séria crise política de nossa história. As causas imediatas disso
estão sendo produzidas pelo despertar da democracia, com a conscientização do
povo brasileiro que assim supera o processo de lavagem cerebral a que vinha
sendo submetido. Sem embargo, a primeira causa (a ur-causa se me permitem o neologismo) está no plano do neo-sindicalismo
de se apossar do Estado, com uma abrangente investida que, sem valer-se de discussão na sociedade,
pretendeu aparelhar esse mesmo Estado. Tudo isso com o consequente controle,
pelo grande chefe e demais instâncias do Partido dos Trabalhadores. Tampouco
está esclarecido por enquanto a margem das participações privadas, saidas das
lideranças respectivas, nesse processo alternativo de um segundo estado dentro
do Estado.
Para sorte
da sociedade brasileira, pela enormidade do projeto aquisitivo, verificaram-se
vazamentos. Por primeira vez, um obscuro dirigente partidário, aninhado em
diretoria dos Correios, mostraria – o que se procedeu de forma aleatória, num
processo encantadoramente brasileiro – que a propina recebida podia ser
embolsada como quem aufere uma gorjeta.
Esse ur-fenômeno (desculpem a germanizada
palavra de novo!) iria catalisar quase um movimento físico, eis que em uma
série de revelações imprevistas, apareceu também a figura-símbolo do delator, que comprovaria a inserção do jeitinho brasileiro
de facilitar as coisas para destrinchar o enigma do Mensalão.
Naquele
tempo ainda havia o altruísmo do autêntico militante, que, acossado por
revelações imprevistas de um novo delator, assumiu o quase-supremo sacrifício
de apresentar-se como o ideador do esquema. Mais uma vez, com o seu aporte de
atores e figurantes, em sacrifício próprio de realidades já ultrapassadas, esse
ideador renunciou ao sub-governo (posto que no seu discurso tenha a sua
realidade no mando).
A primeira
catarse nacional, com pretensos responsáveis indo para a cadeia, se realizou
sob as câmeras da tevê justiça. Ainda que o processo tenha revestido as usuais
características de Pindorama, ele foi conduzido com brilho jurídico e férrea
disposição por um grande juiz, que empreendeu o estudo e sistematização de todo
o processo, e, em seguida, logrou aglutinar a necessária maioria para afastar
as previsiveis incursões da turma do deixa-disso. Dada a brasílica lentidão do
processo, a maioria inicial não pôde ser mantida, e com inegável dificuldade o
processo do chamado mensalão seria
aguado em certos aspectos, mas herculeamente preservado pelo juiz-presidente.
Foi o
apoio popular que deu o respaldo necessário a que a Ação Penal 470 fosse, com uma que outra concessão, levada a cabo. A
ironia ínsita no processo é que o juiz que o catalisara e liderara havia sido
nomeado por quem depois se transformaria no maior crítico da empresa, que
interpretou como se fora ataque ao próprio partido (então solidamente
encastelado).
No país
do jeitinho esse avanço não foi dos menores, ainda que não lhe faltassem
críticos, todos oriundos da faixa partidária que se pensara surgira para a
instrumentalização do controle pelas grandes e muita vez ignaras maiorias.
Não
demorou muito para que o respeitável público tomasse pasmo conhecimento de
outra estripulia, esta inclusive maior do que a precedente. Foi o Petrolão em que o amor já muitas vezes
declamado pela Petróleo Brasileiro S.A.
ganhou um mega-impulso, a ponto de que essa efusão excessiva e abrangente
implicaria em uma sangria dessa empresa que é mencionada por muitos de nossos
políticos, e em especial pela elite sindical que se transportara para um grêmio
partidário, com tanto desvairado amor. E como se sabe de priscas datas, o
excesso tende a ser pernicioso, sobretudo a utilização de ultra-aparelhamento
da pobre Petrobrás. Como toda cobiça – e a máxima de Lord Acton continua válida – ela decretaria o fracasso do
imaginativo modelo fundado no cartel e na propina, levado a extremos, todos
eles devidamente creditados nas diversas bolsas desses amigos da Petrobrás, com
a distribuição marcada pelo sacro princípio da hierarquia.
Nesse
contexto, há uma figura que integra o plano da tragédia nesse esquema que
passou a ser utilizado em escala industrial. Morto nos albores do novo regime,
até hoje a morte do prefeito Celso Daniel permanece não-deslindada, ou pelo menos
não causou o que em outros países civilizados determinaria investigações,
julgamentos e condenações.
Mas
voltemos à vaca fria. O processo de justiça continua, agora, através da crise –
para alguns pré-terminal – do segundo Governo de Dilma Rousseff. Concluídas as
metas do primeiro mandato da Mulher do Lula – basicamente a volta da
inflação e de todas as suas características, de que muitos brasileiros, e aí
incluído o autor dessas linhas, pensavam fenômeno do passado, felizmente
superado pelo Plano Real.
Infelizmente, o líder máximo julgara que a candidata ideal seria a sua
chefa de gabinete, que com a gárrula língua transformou em Chefe de Governo,
atribuindo-lhe dotes, visões e capacidade que infelizmente não possuía.
E, no
entanto, leitor amigo, acredite, ela não só não morreu de bronquite, logrando
trazer o dragão de volta com a sua
vasta bagagem, bagagem essa de que poupo o leitor maiores detalhes, eis que os
conhece muito bem.
Por
isso, não surpreenderá que, com grande cara de pau e mentiras mil, Dilma
Rousseff seria reeleita, depois do sacrifício ritual da candidata Marina, que é muito temida pela
hierarquia petista, e não por seus defeitos, mas por suas excessivas
qualidades!
Ora
estamos atolados na crise política nascida de um governo eleito por pequena
maioria e na contramão da vontade do Povo soberano, agora revoltado com a série
de escândalos que o presente governo sobraça.
Antes
que isso termine – e espero que seja pacificamente, mas não na sólita maneira
brasileira – gostaria de deixar um conselho (nada mais barato do que um
conselho!).
Senhores governantes, não seria o caso de esquecer por um tempo o mítico
pré-sal? O petróleo caiu às funduras dos 38 e 42 dólares, dependendo de seu
tipo. Ora, até mesmo a direção da Petrobrás
sabe que a explotação do petróleo do pré-sal, esse deus ex-machina salvador do Brasil, não é economicamente rentável se as
cotações persistirem nesse nivel. Por outro lado, o petróleo, esse combustível
fóssil, é o grande fautor da poluição no Planeta Terra.
O
Brasil com toda a sua exposição solar se mantém indiferente ao emprego dessa energia,
que vem sendo aperfeiçoada pela China e outro países. Em função desses
esforços, o custo das placas que armazenam a energia do astro-rei tem caído de
forma a tornar a sua aplicação no Brasil assaz recomendável.
Além
disso, o Brasil poderia dispor da energia
eólica, que em outros países já está integrada na cadeia energética.
Por
outro lado, vários países estão empenhados na produção de veículos movidos a
eletricidade. Isto não tem mais nada de utópico. Imaginem, senhores passageiros, que
belo quadro se o Brasil, como tantas outras nações ora empenhadas em afastar-se
do combustível fóssil, que é produtor da poluição geradora de tantos magnos
problemas ecológicos.
Não
sei, senhores diretores da nave Brasil, se esse segredo já lhe chegou aos
ouvidos. Combustível fóssil é coisa do passado. Carecemos de fazer um
programa para introduzir no país usinas de produção de veículos movidos à
eletricidade, como começa a ser feito no estrangeiro. Se se deve gastar fundos,
é em preparar a infraestrutura para retirar o Brasil do atraso tecnológico em
que se acha.
E,
por outro lado, ao invés de sonharmos com a terra da Cuccagna[2],
a fabulosa terra do pré-sal, devíamos pensar em que mais do que tempo de
convencermos as feitorias aqui instaladas para continuar produzir carros
atrasados, poluentes, e o que é também ruim, e que exportam os lucros para as
ávidas matrizes sitas na Terra de Elizabeth Arden!
Vejam
o baixo nível governamental. Ao faltar água para a produção de energia, se
recorre às termoelétricas, ou até às usinas atômicas, aquelas do futuro, como a de Tchernobil,
na Ucrânia, e a de Fukushima, no
Japão...
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