quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Notícias da Crise


                                           

        Não é só no Brasil que dona Crise dá o ar de sua desgraça. Em termos econômicos e mundiais, desta feita ela começou na China. O primeiro erro do governo de Beijing foi incorrer na comum tentativa de mascarar o problema, o que de certa forma tende a complicá-lo.    Ao tentar pressurosamente, através da injeção de fundos, torná-la mais comportada e manejável, sem dar oportunidade que ela se resolvesse de forma natural, através da lei da oferta e da procura, o que os burocratas do governo conseguiram foi fazê-la mais resistente e menos previsível.

       Um dos vezos de regimes de exceção, é pensar que o poder pode tudo. Se o comunismo chinês julga poder servir-se das bolsas como forma de atrair a poupança da pequena burguesia, deve ter a consciência de que o mecanismo somente funcionará a contento se as leis do mercado forem obedecidas e não desvirtuadas. Trazer a poupança da classe média para o mercado de ações pode, se os mecanismos da bolsa não são desvirtuados, pode assegurar novos hábitos que para firmar-se não podem ser submetidos a acidentes de percursos resultante de um manejo inábil, que vai afastar o pequeno investidor, por submeter as próprias inversões a riscos que vão levá-lo no futuro a não contribuir para aumentar os fundos disponíveis para o desenvolvimento das empresas.

       A confiança é essencial para o desenvolvimento do mercado acionário. Na sua sequência de quedas, na sexta-feira passada a Bolsa de Xangai havia caído 4,57%, Havia no mercado chinês a expectativa de que Beijing anunciasse medidas de estímulo  à economia durante o fim de semana.  Como isto não ocorreu, não se logrou estabilizar o mercado. Convém, no entanto, assinalar que os dados econômicos divulgados pelo governo, e usados como base  para a tomada de decisões pelos investidores, não são necessariamente precisos ou transparentes. E o professor de Finanças da escola Guanghau da Universidade de Beijing, Michael Pettis, frisa: os mercados não são orientados por fundamentos (da economia) e nunca foram. Trata-se de um mercado especulativo.   

           temores sobre as perspectivas da economia chinesa. E essa apreensão está presente em todo o mundo, como se verifica não só em Wall Street, como nas demais bolsas européias e no Brasil. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu despencando 6,5%, fato que não ocorria desde a reeleição de Dilma Rousseff. A Bolsa americana caíu aos patamares de 2005, em volume superior ao da crise global de 2008.

         Em valor de mercado, em apenas um dia, os principais mercados globais perderam US$ 4,8 trilhões.

         As matérias primas, com o petróleo à frente, registraram pesadas perdas. Assim, o WTI baixou 5,5% (US$ 38.24) e o Brent, desceu 6,1%, tocando em US$ 42.69.  Por sua vez, o US$ dolar se apreciou em 1,63%.

         A consciência de que a China, como locomotiva para a importação das matérias primas de que carece (e precisa quase de todas) funcionará de moderada para fraca, provocou o encolhimento de todo o setor acionário ligado ao petróleo e demais produtos de base nas principais bolsas do mundo, na Europa (Londres, Frankfurt e Paris), Ásia (Tóquio e HongKong) e Américas (Toronto, as de New York e Merval (Buenos Aires) esta última com menos 6,31%).

          Por outro lado, e ao contrário da crise do Lehmann Brothers, a atual encontra a economia brasileira em situação bastante inferior àquela que enfrentou a chamada marolinha.

 

( Fonte:  O Globo)

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