Não é só no
Brasil que dona Crise dá o ar de sua desgraça. Em termos econômicos e mundiais,
desta feita ela começou na China. O primeiro erro do governo de Beijing foi incorrer na comum
tentativa de mascarar o problema, o que de certa forma tende a complicá-lo. Ao tentar pressurosamente, através da
injeção de fundos, torná-la mais comportada e manejável, sem dar oportunidade
que ela se resolvesse de forma natural, através da lei da oferta e da procura,
o que os burocratas do governo conseguiram foi fazê-la mais resistente e menos
previsível.
Um dos vezos de regimes de exceção, é pensar
que o poder pode tudo. Se o comunismo chinês julga poder servir-se das bolsas
como forma de atrair a poupança da pequena burguesia, deve ter a consciência de
que o mecanismo somente funcionará a contento se as leis do mercado forem
obedecidas e não desvirtuadas. Trazer a poupança da classe média para o mercado
de ações pode, se os mecanismos da bolsa não são desvirtuados, pode assegurar
novos hábitos que para firmar-se não podem ser submetidos a acidentes de
percursos resultante de um manejo inábil, que vai afastar o pequeno investidor,
por submeter as próprias inversões a riscos que vão levá-lo no futuro a não
contribuir para aumentar os fundos disponíveis para o desenvolvimento das
empresas.
A confiança é
essencial para o desenvolvimento do mercado acionário. Na sua sequência de
quedas, na sexta-feira passada a Bolsa de Xangai havia caído 4,57%, Havia no
mercado chinês a expectativa de que Beijing anunciasse medidas de estímulo à economia durante o fim de semana. Como isto não ocorreu, não se logrou
estabilizar o mercado. Convém, no entanto, assinalar que os dados econômicos
divulgados pelo governo, e usados como base
para a tomada de decisões pelos investidores, não são necessariamente
precisos ou transparentes. E o professor de Finanças da escola Guanghau da
Universidade de Beijing, Michael Pettis, frisa: os mercados não são orientados
por fundamentos (da economia) e nunca foram. Trata-se de um mercado
especulativo.
Há
temores sobre as perspectivas da economia chinesa. E essa apreensão está
presente em todo o mundo, como se verifica não só em Wall Street, como nas demais
bolsas européias e no Brasil. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) abriu
despencando 6,5%, fato que não ocorria desde a reeleição de Dilma Rousseff. A
Bolsa americana caíu aos patamares de 2005, em volume superior ao da crise
global de 2008.
Em valor de mercado, em apenas um dia, os
principais mercados globais perderam US$ 4,8 trilhões.
As matérias
primas, com o petróleo à frente, registraram pesadas perdas. Assim, o WTI
baixou 5,5% (US$ 38.24) e o Brent, desceu 6,1%, tocando em US$ 42.69. Por sua vez, o US$ dolar se apreciou em
1,63%.
A consciência
de que a China, como locomotiva para a importação das matérias primas de que
carece (e precisa quase de todas) funcionará de moderada para fraca, provocou o
encolhimento de todo o setor acionário ligado ao petróleo e demais produtos de
base nas principais bolsas do mundo, na Europa (Londres, Frankfurt e Paris),
Ásia (Tóquio e HongKong) e Américas (Toronto, as de New York e Merval (Buenos
Aires) esta última com menos 6,31%).
Por outro
lado, e ao contrário da crise do Lehmann Brothers, a atual encontra a economia
brasileira em situação bastante inferior àquela que enfrentou a chamada marolinha.
( Fonte: O Globo)
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