Desde que Lula da Silva, impossibilitado
de fazer o que então queria – reeleger-se mais uma vez, como o seu compadre
Hugo Chávez – passou para a solução ‘B’, vale dizer, indicar para ‘seu’ eleitorado quem o substituiria na presidência, o problema que ora o Brasil
enfrenta começara a desenhar-se.
Pois Lula
optou por colocar o interesse do Brasil em segundo plano, i.e., não escolheu quem julgava o melhor elemento
do Partido dos Trabalhadores. E a razão, é óbvia. Optou por indicar quem,
dentro de condições mínimas de eleitorabilidade, poderia melhor atender aos
seus próprios interesses. Por isso, fez ouvidos de mercador a sugestões de
personalidades próximas ao PT, que lhe disseram que o mais apropriado para o
Brasil,era que sinalizasse um grande quadro do Partido.
Em sua
preciosa coluna, faz tempo que Ricardo Noblat aludiu a essa circunstância. E por que Nosso Guia fez ouvidos de mercador e
tirou da algibeira o nome de sua grande chefe de Gabinete? Pelo fato de
considerá-la a mais preparada? Não! Ele a apontou como sua candidata ao Planalto Dilma Rousseff pela simples razão de que,
eleita ela dependeria dele e, o que se lhe afigurava mais relevante, não lhe
bloquearia o caminho no pleito seguinte, quando o fundador do partido,
atendendo às chamadas de seus correligionários, aceitaria o sacrifício de recandidatar-se... Lula não pensava que ela
pudesse crescer e afirmar-se no Palácio do Planalto, e assim barrar-lhe o caminho
para a reeleição em 2014.
Vejam,
senhores passageiros, a ironia da sorte. Dilma não fez um bom governo, trouxe a
inflação de volta, e pôs em desordem as contas. No entanto, e a despeito disso,
ela pode barrar (até com certa facilidade) os débeis clamores queremistas (que
desejavam a volta do grande Lula). Como se vê, mesmo um coronelão político como
Lula, que conseguira fazer sentar na presidência quem o eleitorado nordestino
chamava de ‘mulher do Lula’, falhou na tentativa de emplacar a sua candidatura em 2014, porque o
partido e seus cabeças acharam que não era o caso de mexer com a presidenta,
pela circunstância de seu suposto direito à reeleição. Hoje sabemos que Marina
estava certa com as mentiras. Deu-se
carta branca a João Santana e com o TSE sob controle - nem um pífio direito de resposta de um
filmete mentiroso foi dado à candidata mais temida pelo PT – pensou o grupo do poder que, afastada a candidata Marina
(demasiado honesta, veraz e carismática) estava afastado o perigo para o PT,
que seria o novo PRI em Pindorama.
O pior de
tudo é os que os desejos da direção petista e de toda a chamada base de apoio
foram atendidos. Os três por cento da vantagem, eles pensaram que seria o
passaporte para um segundo mandato, decerto medíocre, mas sob a mesma toada dos
anos anteriores.
No entanto,
o prazo de validade da mediocridade da presidenta
estava falsificado! Não é que todos os escândalos reprimidos do poder petista começaram
a estourar logo depois do pleito, a ponto de que com Petrolão & Cia. a
reeleita Dilma nem com o vestido da re-posse acertou ! Ninguém mente
impunemente para o povão. Pensar que o eleitorado é burro representa um enorme
erro. Ele fica maior ainda, se o cinismo das mentiras fica revelado de pronto.
Ninguém gosta de ser enganado. Se o é da forma com que a dílmica campanha
procedeu, virou segredo de polichinelo que o prazo de validade do Dilma II já
despontou vencido!
É fácil
singrar a nau capitânia em mar de almirante.
Agora, se vem a tempestade, e ainda agravada pela raiva do engano
sofrido, ainda por cima de forma cínica , não há de espantar ninguém que a
incompetência política da Rousseff e as suas mentiras se voltassem contra ela,
e a tornassem o que hoje é, um presidente a meio de ano do segundo mandato, com
avisos de calamidade (política) por todo o lado.
No
entanto, ao condenarmos o causador desses anos perdidos ao Brasil, do retorno à
inflação, com o FMI e as agências de avaliação de crédito assanhadas contra nós, caberá dizer que a
responsável é Dilma Rousseff?
Não!
Nem para tal posto ela está qualificada.
O responsável é de facílima
indicação. Ele é um homem hoje transido
pelo medo, porque a cada dia ele consulta e não só os astros, onde o juiz moço
está, aquele de quem, antes do estouro da Lava-Jato era um desconhecido, ainda
que ilustre.
O
Brasil é um grande país e não merece o que a turma do governo está fazendo. Mas
a boa curva no caminho pode ser que esteja chegando mais perto. Quiçá logo deparemos
esta gente brasileira, sempre alegre e generosa, e ansiosa de que novos ventos
logo soprem, e que eles venham em prol do bem, do direito e da justiça.
A
Nação brasileira, pelo que foi e tem sido, faz jus a ambicionar um melhor destino.
( Fontes: Carlos Drummond de Andrade, Coluna de Ricardo Noblat, O Globo )
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