segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Dilma ou o Claro Enigma

                               

        

          Desde que Lula da Silva, impossibilitado de fazer o que então queria – reeleger-se mais uma vez, como o seu compadre Hugo Chávez – passou para a solução ‘B’, vale dizer, indicar para  ‘seu’ eleitorado quem o substituiria na presidência, o problema que ora o Brasil enfrenta começara a desenhar-se.

        Pois Lula optou por colocar o interesse do Brasil em segundo plano, i.e.,  não escolheu quem julgava o melhor elemento do Partido dos Trabalhadores. E a razão, é óbvia. Optou por indicar quem, dentro de condições mínimas de eleitorabilidade, poderia melhor atender aos seus próprios interesses. Por isso, fez ouvidos de mercador a sugestões de personalidades próximas ao PT, que lhe disseram que o mais apropriado para o Brasil,era que sinalizasse um grande quadro do Partido.

         Em sua preciosa coluna, faz tempo que Ricardo Noblat aludiu a essa circunstância.  E por que Nosso Guia fez ouvidos de mercador e tirou da algibeira o nome de sua grande chefe de Gabinete? Pelo fato de considerá-la a mais preparada? Não! Ele a apontou como sua candidata ao Planalto Dilma Rousseff pela simples razão de que, eleita ela dependeria dele e, o que se lhe afigurava mais relevante, não lhe bloquearia o caminho no pleito seguinte, quando o fundador do partido, atendendo às chamadas de seus correligionários, aceitaria o sacrifício de recandidatar-se... Lula não pensava que ela pudesse crescer e afirmar-se no Palácio do Planalto, e assim barrar-lhe o caminho para a reeleição em 2014.

         Vejam, senhores passageiros, a ironia da sorte. Dilma não fez um bom governo, trouxe a inflação de volta, e pôs em desordem as contas. No entanto, e a despeito disso, ela pode barrar (até com certa facilidade) os débeis clamores queremistas (que desejavam a volta do grande Lula). Como se vê, mesmo um coronelão político como Lula, que conseguira fazer sentar na presidência quem o eleitorado nordestino chamava de ‘mulher do Lula’, falhou na tentativa de emplacar a sua candidatura em 2014, porque o partido e seus cabeças acharam que não era o caso de mexer com a presidenta, pela circunstância de seu suposto direito à reeleição. Hoje sabemos que Marina estava certa com as mentiras. Deu-se carta branca a João Santana e com o TSE sob controle  - nem um pífio direito de resposta de um filmete mentiroso foi dado à candidata mais temida pelo PT – pensou o grupo do poder que, afastada a candidata Marina (demasiado honesta, veraz e carismática) estava afastado o perigo para o PT, que seria o novo PRI em Pindorama.

          O pior de tudo é os que os desejos da direção petista e de toda a chamada base de apoio foram atendidos. Os três por cento da vantagem, eles pensaram que seria o passaporte para um segundo mandato, decerto medíocre, mas sob a mesma toada dos anos anteriores.

          No entanto, o prazo de validade da mediocridade da presidenta estava falsificado! Não é que todos os escândalos reprimidos do poder petista começaram a estourar logo depois do pleito, a ponto de que com Petrolão & Cia. a reeleita Dilma nem com o vestido da re-posse acertou ! Ninguém mente impunemente para o povão. Pensar que o eleitorado é burro representa um enorme erro. Ele fica maior ainda, se o cinismo das mentiras fica revelado de pronto. Ninguém gosta de ser enganado. Se o é da forma com que a dílmica campanha procedeu, virou segredo de polichinelo que o prazo de validade do Dilma II já despontou vencido!

              É fácil singrar a nau capitânia em mar de almirante.  Agora, se vem a tempestade, e ainda agravada pela raiva do engano sofrido, ainda por cima de forma cínica , não há de espantar ninguém que a incompetência política da Rousseff e as suas mentiras se voltassem contra ela, e a tornassem o que hoje é, um presidente a meio de ano do segundo mandato, com avisos de calamidade (política) por todo o lado.

              No entanto, ao condenarmos o causador desses anos perdidos ao Brasil, do retorno à inflação, com o FMI e as agências de avaliação de crédito assanhadas contra nós, caberá dizer que a responsável é  Dilma Rousseff?

               Não! Nem para tal posto ela está qualificada.  O responsável  é de facílima indicação.  Ele é um homem hoje transido pelo medo, porque a cada dia ele consulta e não só os astros, onde o juiz moço está, aquele de quem, antes do estouro da Lava-Jato era um desconhecido, ainda que ilustre.

                O Brasil é um grande país e não merece o que a turma do governo está fazendo. Mas a boa curva no caminho pode ser que esteja chegando mais perto. Quiçá logo deparemos esta gente brasileira, sempre alegre e generosa, e ansiosa de que novos ventos logo soprem, e que eles venham em prol do bem, do direito e da justiça.

                A Nação brasileira, pelo que foi e tem sido,  faz jus a ambicionar um  melhor destino.

 

( Fontes: Carlos Drummond de Andrade, Coluna de Ricardo Noblat, O Globo )

Nenhum comentário: