Pode ser um transtorno para a
candidata que não tinha, na prática,
adversários para a nomination
do Partido Democrata.
Dos falados
anteriormente, somente a Senadora Elizabeth Warren (Mass./Sen.)
poderia ser adversária, não só porque seja batalhadora, mas sobretudo pelo fato
de ter apoio de segmento suscetível de crescimento, pelas características da
representante de Massachusetts de defender os menos favorecidos.
Tampouco terá
agradado a Hillary que adversário de peso esteja sendo levado a contestar-lhe a
primazia na próxima Convenção Democrata pelas supostas fraquezas e debilidades
da candidata.
A mídia a que
interessa sobretudo, não o tranquilo mar de almirante, mas aquele borrascoso
que desenha incertezas no horizonte, verá com inegável prazer que o desenvolto
e gaffeur por natureza, o
vice-Presidente Joe Biden, venha a servir ou de nêmesis para a postulante (que já levara em 2008 um senhor tranco
do principiante Barack Obama), ou, o
que hoje semelha mais provável, de apimentado condimento para o projeto da front-runner[1].
O que ontem descrevi como cascas de banana lançadas contra a
candidata notadamente pela direita enragée
(furiosa), em grande parte já haviam sido postas no seu real contexto pelo
articulista da New York Review, Michael Tomasky. Não há tampouco de
surpreender ninguém dotado de memória política que o jornalão de New York, o Times comece a despejar pregos na
estrada da candidata, como já o fizera contra outro promissor candidato do
pequeno estado de Arkansas, por coincidência o esposo da precedente.
Como
oportunamente frisou o politólogo Tomasky,
igualmente não espantará se ao cabo de tudo, se a candidata se firmar – restos ao
vento as tentativas de fazê-la descarrilar – que a mesma centenária expressão
da opinião da Costa Leste venha a patrocinar-lhe a candidatura, quando todas as
outras cartas o tempo e o vento já tiverem soprado.
Sem
embargo, com o ingresso de Joe Biden – se o respectivo exame corroborar-lhe as
esperanças – na campanha, é difícil dizer que ela se tornará mais relevante,
mas com a contribuição do vice de Obama, decerto ficará mais interessante. Tenho presente a maldição
chinesa – como nos ensina A.J. Toynbee[2] – desse
adjetivo, por tanta gente encarado como inofensivo.
De início,
quem pode desgostar de Joe Biden? Embora desde muito considerado, a anterior
persistência numa baixa aceitação pelo público o fizera afastar-se na prática da
pré-campanha.
Com
efeito, é difícil não simpatizar com o antigo Senador e atual Vice-Presidente.
Para ele, a gafe – que aterroriza tantos políticos – para ele, repito,
constitui quase um trunfo, eis que o público as toma como expressões típicas de
Biden, engraçadas, hilariantes às vezes, mas não necessariamente motivo de
afetar-lhe o conceito. Como segunda natureza, essa sua espontaneidade, por
vezes canhestra e até atentatória contra essa praga da modernidade, a correção
política, não será julgada com a exação e a severidade reservada para os demais
mortais. Por ser coisa do Biden, merece um riso e ... o esquecimento. Quanto a tal característica, será vão
protestar no tribunal da opinião pública.
Isto já é quase doutrina, como se fora força da natureza...
(a continuar)
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