terça-feira, 11 de agosto de 2015

O Futuro de Dilma


                                                     

          O enfraquecimento da Presidente continua. Como os prognósticos clínicos tem oscilações grandes, o mercado de bookmakers tende a baratear os prêmios em caso de exoneração, que para muitos continua a crescer como a pule da vez.

          Se a situação persistir com as atuais características – enfraquecimento progressivo devido à passagem do tempo e a curva sempre mais aguda na direção do dessangramento – o valor da aposta tenderá a perder qualquer prêmio. Aconteceria assim fenômeno similar aos grandes favoritos nas apostas do turfe, em que pelo peso das expectativas não há qualquer lucro para o apostador, que recebe o seu dinheiro de volta.

          No caso, a progressiva falta de qualquer suspense funcionaria, na prática, como a pule de dez para a certeza da melancólica queda.

          Assim, enquanto todos os demais atores crescem, a protagonista regride, e  tende a ter um desfecho que não mais surpreende a  ninguém.

          Nessas condições, não são apenas as ratazanas que se põem ao largo. Todo o cenário da política passa a considerá-la fenômeno irrelevante, e cada um cuida do próprio destino, especulando acerca dos cenários prospectivos, com vistas a que as respectivas ambições possam encaixar-se em situações mais interessantes.

         Para quem desaparece politicamente na véspera ou ante-véspera,  a tal personagem acaso se reserva uma sobrevida nesse mundo ao qual ela está por deixar ?

         Não necessariamente. Mas, como em uma ladeira, a velocidade do veículo condenado tenderá a aumentar. Tecnicamente, a pessoa continua na suposta direção. Mas pela evolução da coisa, passa a ser fenômeno ilusório. Os tempos se abreviam, as atenções vão para outros campos, enquanto a personagem – que ainda se considera central – se ilude com a rapidez do processo, e na sua enganosa impressão de que lhe reste ainda algum controle sobre o seu encaminhamento.

         Se tivesse tempo de ler na imprensa o que sobre ela dizem  encontraria de tudo. Em um mundo de previsões, as coisas se formalizam e de certa forma, se distanciam. O processo chega a ser tão fulminante que dúvidas hão de subsistir sobre os papéis efetivos. Quem é sujeito dessa ação, quem é dela objeto, seja direto, ou então cada vez mais indireto.

          Começa com muito fragor, mas pode terminar com um guincho ou gemido tão baixo, quase inaudível.

          Muita gente verá crueldade no processo. Mas muitos outros de  nada disso se apercebem.

          Na verdade o que assalta aos muitos é o anseio, o desejo mesmo de saber quem virá a ocupar o lugar que para muitos já está vazio.

Nenhum comentário: