Com os primeiros sinais de que,
nas palavras de Júlio Tavares, os
alegres compadres de Brasília ameacem entender-se, com inflexões, aqui e ali,
mais uma vez,se demonstra que a velha fronda ao poder estabelecido depende do
rouco protesto das ruas.
Vários
observadores podem notar que, com o passar do tempo, a situação começa a
recompor-se, dadas as suas disponibilidades de caixa e a abertura de
perspectivas antes nunca vistas pelos interessados.
Não é discurso
de descrença na revolução, mas na sua capacidade de afirmar-se. Enquanto a
situação se mantiver com um mínimo de estruturação, dificilmente a força
inercial da mudança há de verificar-se, sem o auxílio de fatores imponderáveis.
Torna-se
difícil em ambiente pré-revolucionário que o poder contestado se desfaça como
castelo de cartas, se não houver uma dinâmica que passe à frente da resistência
do poder constituído, ou o torne irrelevante,
se for lograda a conjunção de fatores que corte o tempo como elemento de
manobra da situação.
Há duas
frentes que podem determinar se o processo continua ou fica estacionário.
Se não
intervier nenhuma força que contribua para desestruturar as resistências
localizadas, será inevitável a estagnação. Com ela deixa de funcionar o
processo acima citado. Os fatores dinâmicos da revolução perdem a capacidade
intrínseca de confundir e desmoralizar as forças da reação, se esta mesma reação
detiver o avanço da revolução. Nada
realizando dos respectivos objetivos, sobrevém a paralisia e a consequente
desmoralização.
A única
maneira de superar e confundir as forças do status
quo é de quebrar o equilíbrio, e a consequente inação do processo
revolucionário.
Na situação
presente, em que vemos um suposto partidário da revolução associar-se às forças
do status quo, dar-lhes uma agenda
(que lhe mascara a paralisia) e prejudica a ação de outro inimigo da situação,
pois quebra o acordo de cooperação que entre eles passara a vigorar. Essa
adesão é importante menos pelas forças que acrescente, do que pela sua
capacidade de inviabilizar a ação do seu par no Congresso. Por outro lado,
graças à sua postura anterior, se reforça a possibilidade de negociação com o
TCU, tribunal burocrático e por natureza criatura do poder estatuído. Assim
ficaria controlada a capacidade desse poder de julgar um poder mais alto, o que
representa tarefa que vai bastante além da sua força intrínseca. Se as forças
da composição ficam robustas o bastante para fornecerem a oportunidade do
entendimento, o TCU o fará de bom grado, pois está no seu DNA a tendência ao consenso
burocrático e, dessarte a dirimir óbices
para criar entendimentos que possam
parecer-lhe oportunos.
O outro
desenvolvimento contrário às forças da crise ocorreu no Tribunal Superior
Eleitoral. Surpreendeu a alguns que dois
ministros do TSE (Gilmar Mendes e João Otavio Noronha votassem a favor da continuação
da ação – arquivada em fevereiro último – mas o Ministro Luiz Fux não
surpreendentemente pediu vista do processo, e assim a ação para outra vez. Este processo foi impetrado pelo PSDB para
impugnar a chapa Dilma-Temer.
A
iniciativa de Fux fez o processo ficar novamente suspenso. Luiz Fux que entrou
no Supremo indicado por Dilma, se submetera a que seu ingresso no STF
implicasse em que ele optasse pelo atraso na vigência na Lei da Ficha Limpa. Posteriormente, Fux se entrosou bem com o
Ministro Joaquim Barbosa, e contribuíu para as sentenças condenatórias do
processo do Mensalão. Com a aposentadoria (voluntária) de Barbosa, Fux volta a entender-se com o Governo Dilma.
Portanto, como se verifica, o processo revolucionário claudica tanto no
TCU (que pelas suas características sempre dera indicações de abertura à
negociação e composição) e, pelo visto, igualmente no TSE, a menos que algum
Ministro do TSE convença Luiz Fux de o
que significa a evolução dentro da Lei na presente crise.
Levadas em consideração as involuções
acima citadas, a única perspectiva de solução do problema Dilma Rousseff
estaria em que o Povo Soberano
vocalizasse afinal o que tem amplamente dado a entender no que tange à sua
posição.
Se o Povo se manifestar de forma
inequívoca e multitudinária em favor do Impeachment, se dissolve a reação
dos poderes acima citados e se passa a outra situação, em que uma voz mais alta
se alevanta.
Seria
o fim de papo não só para Dilma Rousseff, mas também para o governo corrupto do
PT.
Ficará depois para as autoridades constituídas, que são pessoas de
juízo, entenderem a vontade do Povo
Soberano, quanto esta é expressa em números e com intensidade tal que, ipso facto, afasta as opiniões
minoritárias em contrário.
Não
foi uma boa ideia da Presidente Dilma Rousseff de convidar a palácio o
presidente da CUT, Vagner Freitas, que a folhas tantas,
tomado de venezuelano entusiasmo, talvez por conta do rubro boné da CUT que
achou oportuno botar na cabeça em pleno palácio presidencial, e, assim
uniformizado, prometeu “pegar em armas” para defender o
governo Dilma. Se Lula lá estivesse,
veria decerto com tristeza que não mais se fazem líderes sindicalistas como antigamente...
( Fontes: O
Globo, Folha de S. Paulo )
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