sábado, 6 de agosto de 2016

Relações de Trump com o GOP

              

       Depois das duas convenções, enquanto a candidatura de Hillary saíu fortalecida de Filadelfia, as confusões entre os republicanos, o aberto desafio do Senador Ted Hughes ao candidato - com o agravante de ter sido convidado para endossá-lo em horário privilegiado da Convenção - chegando ao cúmulo de desrespeitá-lo publicamente, e declarações ainda mais contundentes de Trump no pós-convenção, tudo isso resultou em uma relativa desmoralização do candidato Trump.
       Há duas realidades, no entanto, em termos da candidatura Trump, que não podem deixar de serem consideradas.  No papel, Donald Trump é o candidato e não há a menor dúvida sobre este fato. As suas declarações, por mais absurdas que sejam, dificilmente provocarão um divórcio entre a hierarquia do GOP e o candidato populista.
       As suas assertivas, se poderiam criar-lhe problemas, em última análise não o prejudicam. O porquê é simples. Confrontado, Trump tem voltado atrás, como o fez nas declarações de que não apoiaria Paul Ryan e John McCain (os dois republicanos enfrentam primárias dentro do GOP). Chamado à ordem, Trump se retratou, assegurando que os apoiará.
        O núcleo duro de Trump está no apoio que recebe da classe trabalhadora americana, os rough necks, que o elogiam pelas declarações de Trump contra negros, latinos (mexicanos).  Por enquanto, a circunstância de que o seu total  esteja em 33% contra 48% para Hillary, não abala os fiéis de sua candidatura.
        Não há dúvida de que o relacionamento de Trump com a alta hierarquia republicana não é dos melhores. É um casamento de conveniência, mas tudo indica que a esse tipo de relação se aplica o dito: ruim com ele, pior sem ele.
         De qualquer forma, temerosa de desastrosos efeitos do apoio dado a Hillary em detrimento de Trump, haveria a preocupação de parte do Grand Old Party de dissociar os demais republicanos que disputam essa eleição de vinculações mais estreitas com Donald Trump.
        O grande medo dos políticos da direita está em que uma derrota contundente de Trump perante Hillary possa se refletir em outras débacles no que tange a Senado e Câmara de Representantes (esta última se apresenta no limite da impossibilidade, no entanto, para que os democratas logrem a maioria na Câmara Baixa). Dadas as linhas dos distritos eleitorais mexidas pelo gerrymander (nos estados vermelhos, que nos USA quer dizer republicanos), em operação bastante ampla que se sucedeu ao shellacking (tunda) sofrido pelos democratas em função da reação do GOP e do Tea Party (financiado pelos milionários irmãos Koch, da indústria petroleira) Equivaleria a uma incrível vitória em  distritos que são hoje pela sua composição normalmente favoráveis aos republicanos. Mutatis mutandis,  equivaleria à façanha de um cavaleiro levar vantagem sobre o rival, apesar de correr com o ônus de handicap extremamente desfavorável para o seu animal...
           De qualquer forma o GOP procura dissociar Trump dos candidatos a Senado e Câmara, na esperança de salvar o partido de eventual  débacle causada por maciça transferência de votos não só em desfavor do candidato Trump, mas também dos postulantes do GOP para Senado e  Câmara de Representantes. É esse desastre que a direção republicana quer evitar a todo custo: acordar depois da eleição de novembro, não só com Madam President Hillary Clinton, mas também com maioria democrata no Senado e na Câmara...


( Fonte subsidiária: The New York  Times )

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