domingo, 14 de agosto de 2016

A Venezuela de Maduro

                                   

         Foi em constituição aprovada no período de Hugo Chávez que se inseriu o instituto do recall na Constituição venezuelana.  Em um de seus governos, Chávez se submeteu à dita prova constitucional, e logrou sobreviver no poder.
         Por sua vez, o próprio inepto discípulo e sucessor, Nicolás Maduro tudo faz agora para inviabilizar o exercício desse instrumento constitucional. É compreensível - embora seja inaceitável - que o desastroso primeiro mandatário atual na Venezuela se empenhe de toda a forma para que o recall não se realize nos prazos constitucionais. O que ele deseja é postergá-lo para que, quando afinal estiver utilizável, não mais será possível afastar Maduro para eleger representante da oposição. Depois de recorrer a infindas protelações, o regime obterá uma antissolução para o povo sofrido da Venezuela. Artifício constitucional excluirá a possibilidade de eventual substituição por representante da Oposição.
            Defrontar-se-á então a solução amarga e fajuta de trazer mais do mesmo para o governo.
             Nunca se viu - como se depara agora - governo tão corrupto e tão incapaz quanto o do caminhoneiro Maduro.
             Apesar da gravidade extrema da situação do país  - de verdadeiro desastre em termos de ínfima qualidade de vida em que a corrupção e a inépcia do governo chavista tranformaram a Venezuela - Maduro, para assegurar-se um poleiro de sobrevivência política na catástrofe criada pelo regime  cada vez mais entrega poder aos militares.
              Nem as ditaduras castrenses - a última foi a do coronel Pérez Jimenez - no entanto fizeram tanto estrago na qualidade de vida venezuelana, quanto o atual governo de Maduro.
               Já nem se fala na hiperinflação, no descalabro do abastecimento - o governo  venezuelano se vê forçado ao singular vexame de abrir suas fronteiras a países vizinhos, para que a própria sofrida população possa reabastecer-se às carreiras nos supermercados de Colômbia e Guiana...
                 Para o mau governo, no entanto, não há fim para os males que a miséria e a falta de oportunidade acarretam, ainda mais quando devidamente assistidas pelo infernal mecanismo da corrupção. Em região vizinha de Caracas surgiu suposto eldorado, um sucedâneo do fenômeno  Serra Pelada, que foi aqui imortalizado por fotógrafos como Sebastião Salgado. Lá, no entanto, com as  minas de ouro inundadas pela água, apareceu formigueiro humano ainda potencialmente mais nocivo. Pelo calor ambiente, não havia para a multiplicação de mosquitos terreno mais favorável. O que agravou o quadro foi a pré-existência da malária na região. Infectada pelo mosquito anopheles, essa água venezuelana contribuiria para dar outra finalidade social à pobreza, agora também reconhecida como vetora da malária, transportando-a para a área metropolitana de Caracas. Disso se encarregariam os mineradores, ao  voltarem desse peculiar eldorado para a área metropolitana de Caracas.
                   A situação social da capital, que generaliza afinal o desabastecimenteo com a sua falta de insumos e remédios, comporia e pioraria a situação, trazendo para a penúria caraquenha um senhor agravante, a que a carência de  remédios  e as condições da miséria, com a sua indigência ambiente, só tendem a agravar.
                    Se juntarmos ao mau governo de Maduro, o brutal agravamento da situação social, temos por fim constituída na burguesa Caracas, antes próspera e aprazível, mas não comprometida com as realizações chavistas, agora uma sucursal do Inferno, que só não se compara ao de Dante, porque afinal de contas lá se vive no antiprogresso de um regime fracassado, que não é o caso da Cidade-estado de Florença, que baniu Dante Alighieri para as terras circumvizinhas da Toscana, mas em condições medievais relativamente melhores do que as hoje vividas pelo povo local na sociedade dita bolivariana. Se Dante se lamenta na sua obra prima da Comédia quanto mal sabe o pão do exílio, gostaríamos de sua opinião sobre essa especial criação do sucessor de Hugo Chavez Frias, vale dizer o chamado inferno chavista.

( Fontes:  Comédia, de Dante Alighieri; O Globo, Folha de S. Paulo, The

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