terça-feira, 16 de agosto de 2016

Correio da Olimpíada (VIII)

                              

        A Suécia, pela aplicação em seguir as instruções de sua treinadora, a dizer verdade, não teve muita dificuldade em impedir que o Brasil de Marta fizesse gol no tempo regulamentar (os dois tempos e, de lambuja, a prorrogação de trinta minutos). Durante o jogo, não se viu  alegria e técnica, nem tampouco eficácia na equipe canarinho, que caíu na trampa da técnica americana - que dirigia a equipe sueca - a qual soube com perfeição neutralizar os ataques e as superiores qualidades técnicas da equipe brasileira com a sua aplicação tática do defensivismo extremo e de jogo pesado quando necessário.
         Qualquer semelhança com a partida anterior, em que o Brasil ganhara de 5x1 da mesma Suécia será mera coincidência. Nem Marta conseguiu dar passes em boas condições e a sua falta de inventiva fez com que o predomínio do Brasil de pouco ou nada valesse. O único que mudou  na capitã foi em ter convertido o primeiro pênalti .
          Assim, o mais comum é que as jogadoras brasileiras na prática atrasassem a bola para a goleira adversária, que não precisou fazer grandes defesas.
           Mesmo na prorrogação, funcionou o ferrolho suiço, ou o antijogo.
           Quanto aos penalties, começaram bem (com Marta, como acima referi) e, para nós, acabaram muito mal. A própria goleira Bárbara - que é do gênero que se atira antes do chute, tentando prevenir a vantagem da atacante - correu o risco não desprezível de dar à batedora adversária a oportunidade de chutar para um arco na prática vazio...
           Se falha houve das jogadoras brasileiras, que não mostraram nem um pouco de sua usual habilidade, o pior mesmo foi não ter encontrado  tática alguma para contornar o anti-jogo das suecas (será bom lembrar que na primeira fase do torneio, o Brasil vencera de 5x1 o então futebol muscular e pouco imaginoso da Suécia). Mas em não tendo condições táticas de levar perigo ao arco da Suécia, na prática o que ocorreu foram situações de grande facilidade para a goleira adversária. Procuro lembrar-me mas não houve nenhum lance em que o gol a favor do Brasil estivesse por um triz. Com um futebol com muitos passes e nenhuma inventiva na hora de furar o bloqueio adversário, ficou muito mais fácil para as suecas manter o perigo de gol bem longe do seu arco. A receita brasileira não funcionou, seja pela timidez dos ataques, seja pelo seu caráter de nenhuma imaginação. Tal exercício chegou a tal ponto, que em alguns momentos - poucos é verdade - essa total falta de imaginação tornaria as coisas muito mais fáceis para as suecas,  que em alguns momentos até chegaram a levar real perigo para o nosso último reduto...
           É forçoso, portanto, reconhecer que quem realmente ganhou a partida e o direito de ir para as semifinais, foi a técnica da Suécia.  Já o Vadão... As meninas, ao concordarem na prática com o anti-jogo das suecas, decretaram a nossa sorte madrasta. Quem não faz, leva.   


( Fonte: Rede Globo )

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