Luz vermelha se acende na disputa para a presidência da Câmara. Em função do chamado ‘paulistério’ nas indicações ministeriais de Dilma Rousseff, grassou a revolta na bancada petista contra a candidatura de mais um paulista, no caso Cândido Vaccarezza (PT-SP) para a presidência da Câmara dos Deputados.
Com a desistência de Arlindo Chinaglia, Vaccarezza resolveu retirar a própria candidatura, em favor do vice-presidente Marco Maia (PT-RS). Ao abandonar Candido Vaccarezza, o PT aponta como seu representante a um deputado que não tem o trânsito do pré-candidato anterior. Esse cenário pode criar situação similar a que levou a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) em 2005. Naquela oportunidade, o PT também rachara, com dois candidatos pelo mando na mesa da Câmara, o que ensejou a escolha de Severino, com o apoio do baixo clero.
No processo de formação do primeiro ministério de Dilma, há uma abundante criação de descontentamentos colaterais. A bancada mineira do PT não engoliu a preterição de Patrus Ananias para o gabinete ( e com a consequente perda da pasta do Desenvolvimento Social para o Nordeste). Já a perda do Ministério do Desenvolvimento Agrário, feudo até então da corrente Democracia Socialista (DS), também prejudicou ao candidato Candido Vaccarezza.
Outro insatisfeito, Ricardo Berzoini (SP), ex-presidente do PT, inconformado sobretudo por não emplacar indicações no Banco do Brasil, uniu-se aos adversários de Vaccarezza, trabalhando bastante em favor de Marco Maia.
Antes considerado como o nome natural para a presidência da Câmara, Cândido Vaccarezza perdeu forças nos últimos dias não só pelos motivos acima, mas também por “ter sentado na cadeira antes da hora”, consoante Arlindo Chinaglia – que retirou a pré-candidatura em favor de Maia – e de forma mais ominosa para a Presidente, “por ser visto como o candidato de Dilma”.
Tendo presente a necessidade de conter os eventuais ressentimentos da base, se delineia a tendência do governo Dilma de que os novos ministros sejam orientados a segurar as mudanças no segundo escalão, nas empresas públicas e nas estatais. Dentro dessa linha, as substituições só serão realizadas depois da posse do novo Congresso e a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Tal diretiva se explica pela necessidade de obedecer à nova correlação de forças.
Ainda é cedo para determinar o poder de Dilma Rousseff no que tange ao PT, assim como a sua capacidade de obter o apoio da frente partidária, de forma a assegurar a aprovação de medidas importantes para a nova administração.
Se as primeiras rusgas podem indicar sinais de perigo à frente, a ocorrência será decerto prematura para a formulação de juízos mais permanentes.
( Fontes: O Globo e Folha de S. Paulo )
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
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