Morte de Carlos Andrès Pérez
Faleceu neste sábado, em clínica de Miami, aos oitenta e oito anos, o antigo presidente da Venezuela Carlos Andrés Pérez. Do partido Ação Democrática, CAP – como era conhecido – foi presidente por dois quadriênios (em 1974-1978; e 1989-1993). Em seu primeiro mandato teve postura esquerdizante, com a nacionalização de empresas, e motivou suspeitas de corrupção. No segundo período, seguiu o modelo neo-liberal, tendo provocado o chamado Caracazo em 1991 (protesto popular contra o aumento de tarifas e preços, de que até hoje se desconhece o número exato de mortos na repressão deste movimento). Ainda em 1991, sofreria duas tentativas de golpe de estado, uma das quais liderada pelo então tenente-coronel Hugo Chávez Frías[1], que, em consequência, ficaria preso por dois anos.
Foi em função dos escândalos e das inúmeras acusações de corrupção, que Carlos Pérez seria o único presidente venezuelano a sofrer impeachment, já nos meses finais de seu mandato. Sucedido por Rafael Caldera, CAP[2] viria a catalisar no futuro a corrupção generalizada dos mandatários daquele país, a tal ponto que preferiu ao cabo auto-exilar-se. O regime democrático, iniciado por Rómulo Betancourt em 1959, com a derrubada da ditadura militar do coronel Pérez Jimenes, se caracterizaria pela estabilidade por cerca de quarenta anos. Por longo período, Venezuela e Colômbia foram as únicas democracias, cercadas por um mar de ditaduras militares, com a triste proeminência do Brasil com os seus generais presidentes.
Com o passar dos anos – e feita exceção de Betancourt e de Caldera, entre outros - a pecha da corrupção se associaria ao regime democrático. Tal muito facilitaria a popularidade e a vitória subsequente de Hugo Chávez em 1999.
Atentados contra embaixadas
Suscitou preocupação a explosão de bombas em duas embaixadas em Roma. Enviadas por pacotes pelo correio para as missões da Suiça e do Chile, a perplexidade tende a crescer diante da aparente falta de algum nexo – mesmo dentro da chamada lógica terrorista - na escolha desses dois países, ambos democráticos e sem maiores problemas sociais.
Os artefatos explosivos, posto que rudimentares, feriram gravemente um empregado da embaixada suiça. Embora não esteja em perigo de vida, as suas mãos sofreram lesões sérias.
No passado, os representantes do General Augusto Pinochet encontravam marcada dificuldade em alugar espaços para as respectivas chancelarias na Cidade Eterna, dado o histórico de atentados contra as suas missões.
Dentre os usuais suspeitos, o Ministro do Interior, Roberto Marroni, singularizou o movimento anarquista como o provável responsável. A propósito, é conhecida a ligação entre anarquistas italianos e gregos. No mês passado, engenhos explosivos pouco sofisticados foram remetidos, em novembro, para doze missões em Atenas e dois líderes estrangeiros. O julgamento dos suspeitos está previsto para iniciar-se em janeiro próximo.
Crise Coreana: Ameaça de uma ‘sagrada guerra nuclear’.
O Governo da República Democrática Popular da Coreia, através de seu Ministro das Forças Armadas, Kim Young-chun, declarou que ‘está plenamente preparado para lançar uma guerra sagrada em qualquer momento, fundada no respectivo deterrente nuclear’.
Contrastando com o silêncio anterior, a agência oficial norte-coreana veio agora responder às manobras militares realizadas pela Coreia do Sul, no seu território, inclusive na área fronteiriça.
Na quinta-feira, 23 de dezembro, o Presidente da Coreia do Sul, Lee Myung-bak, prometeu um rápido contra-ataque, se o seu país sofrer nova agressão.
A esse respeito, o Governador Bill Richardson, do Novo México, depois de cinco dias na Coreia do Norte, advertiu que continuados exercícios militares pelo Sul ameaçam acirrar a violência entre as duas Coreias.
Como se sabe, na Antiguidade Clássica, houve quatro guerras denominadas ‘sagradas’[3] porque provocadas em torno das oferendas e tesouros existentes no santuário de Delfos, o mais importante na antiga Hélade. Além do conflito ora ameaçado pela Coreia do Norte tenha laços ainda mais tênues com o sacro, teria decerto efeitos incomparavelmente mais desastrosos para o mundo, sem qualquer similitude com a antiga guerra sagrada dos gregos.
( Fontes: CNN e International Herald Tribune )
[1] Sobre a periculosidade de Chávez, vide “Venezuela: Visões Brasileiras – IPRI, Brasília, 2003, em minha contribuição, pp. 127/131.
[2] Iniciais do Presidente, pelas quais era conhecido.
[3] A mais relevante foi a Terceira, começada em 357 a.C.
domingo, 26 de dezembro de 2010
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Um comentário:
A ameaça de uma guerra sagrada nuclear por parte da Coreia do Norte me apavora duplamente: é a "mistura picante da mais alta tecnologia com a irracionalidade das forças místicas".
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