A última manobra do coronel Hugo Chávez se insere em longa cadeia de embustes e agressões ao regime democrático.
Dados os seus pendores autoritários, o regime encimado por Hugo Chávez Frias cada vez mais se afasta da democracia.
Traço característico desse governo é o desrespeito à vontade da maioria.Quando perde nas urnas, é seu costume arraigado seja contornar, seja contradizer através dos instrumentos que manipula a bel prazer.
Como tem o controle do Judiciário, não teme que as suas ilegalidades e eventuais inconstitucionalidades venham a ser desfeitas, como sói ocorrer em democracias autênticas, através da sentença das cortes e tribunais.
Segundo o estampo das ditas democracias adjetivadas – que Chávez tanto aprecia -, na prática há uma só vontade, que se sobrepõe a tudo e a todos. Lukashenko, da Bielorrússia, Putin, da Federação Russa, Ahmadinejad, do Irã, Kaddafi da Líbia, e Mugabe, do Zimbabue são, entre outros, seus diletos modelos e comparsas. Sem falar, é claro, do maior de todos,o eterno Fidel Castro, a quem o protoditador dispensa o tratamento de ícone.
A última do Chávez, se não inova na essência, apresenta algumas variações na práxis.
Se Sua Excelência me permite, nunca dantes naquele país se presenciara tão descarado desacato à vontade do Povo. Ante a suposta afronta de não alcançar na assembleia a maioria que tudo permite – consoante os ditames do chavismo – os servidores do caudilho, com a pressurosa ajuda de Cilia Flores, presidente do órgão legislativo, trataram de evitar-lhe o incômodo de não ter todos os poderes, por causa de importuna presença da oposição, arrancada da última eleição, malgrado todos os truques e coações de que dispõem regimes como os manipulados pelo coronel e seus discípulos.
Dentro da ótica dessa ordem unida, em que só há espaço para o querer del Señor Presidente, os deputados chavistas não recuaram defronte de qualquer empecilho para conferir ao próprio amo o poder de legislar por decreto, pelo prazo de dezoito meses.
Eles não se detiveram nem pela decência, nem por simulacro de prática constitucional .Como assembleia com dias contados de mandato se pode substituir ao novo colegiado eleito pelo Povo ?
Que democracia é esta em que o recurso ao exercício da ditadura – de que outra modo definir a capacidade de se substituir ao órgão legislativo e governar por decreto durante ano e meio – se afigura não só legal mas praticável ?
Somente um organismo como a OEA e a sua Carta Democrática pode conviver com tal acinte. Acorrendo ao providencial estalo de Cília Flores, o caudilho o justifica pela necessidade de ‘responder à crise provocada pelas fortes chuvas’. Não vale nem a pena dar-se ao trabalho de contestar essa lógica demencial.
Desde muito que a Venezuela não é mais uma democracia. Quanto tempo ainda para que reconheçam tal verdade e se assumam as consequências? Afinal, que Estado terá a coragem de gritar que o rei está nu ?
( Fontes: Folha de S. Paulo e O Globo )
sábado, 18 de dezembro de 2010
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