A Valorização do Renminbi
Verifica-se agora que a declaração das autoridades chinesas, na semana passada, quanto a uma apreciação do renminbi, na verdade foi uma cortina de fumaça, com a intenção de diminuir a pressão sobre a China durante a reunião do G-20.
A decorrente variação do renminbi não atende ao que os Estados Unidos e outros países vem reclamando, no sentido de maior flexibilização da moeda chinesa. Trata-se, como assinala Paul Krugman, de um eufemismo dos americanos, pois o que se deseja é uma apreciação substancial do renminbi.
Ao invés, observou-se apenas uma oscilação de 0,5% no valor da moeda chinesa, o que não satisfaz às colocações das autoridades financeiras estadunidenses.
Como se sabe, o renminbi depreciado afeta negativamente o intercâmbio. Por seu baixo nível artificial torna mais baratos os produtos chineses, contribuindo, portanto, para inchar os saldos favoráveis na balança comercial. O efeito compensador dessa compressão do valor do yuan chinês é o de tornar para o comprador chinês mais caro o artigo estrangeiro, o que trabalha para reduzir as importações, e, por conseguinte, incrementar ainda mais o saldo da balança comercial.
Como logra o Banco Central Chinês manipular as operações de câmbio de modo a controlar a tendência normal do renminbi, que seria a de valorizar-se. Como assinala Paul Krugman, a política cambial da RPC não é nem complexa, nem sem precedente, salvo obviamente os montantes envolvidos. Como refere, é um clássico exemplo de um governo manter artificialmente baixo o valor de sua moeda, através de vendas de lotes maciços de renminbi, conjugado com a compra de divisas estrangeiras.
A política cambial intervencionista da China se vê facilitada, outrossim, pelas restrições existentes naquele mercado financeiro à movimentação de fundos tanto para dentro quanto para fora do país. Tais controles permitem que a intervenção estatal possa dominar o mercado cambial.
Se preciso fosse, o acúmulo de reservas pelo Banco Central chinês é a prova da realização de tal prática. Atualmente, a China detém um equivalente superior a mais de dois trilhões de dólares, distribuídos em dólares, euros e outras divisas estrangeiras.
Até o presente, as pressões americanas tem sido sobretudo verbais, mas o descontentamento com essa distorção do comércio exterior vem provocando uma irritação crescente também no Congresso americano. Por isso, as pressões tendem a exacerbar-se e podem evoluir para outras medidas, o que tem sido evitado até o momento.
Todavia a paciência das autoridades financeiras diminui e a sobrevida do renminbi nos níveis artificialmente baixos do presente pode não ser tão longa.
A Copa do Mundo entra nas oitavas de final
Os dezesseis países que compõem o turno das oitavas de final da Copa já mostram aspectos relevantes: a presença de cinco países sul-americanos (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai), dois norte-americanos (Estados Unidos e México), dois asiáticos (Coreia do Sul e Japão), apenas um africano (Gana) e seis europeus (Alemanha, Inglaterra, Holanda, Espanha, Portugal e Eslováquia).
Vê-se, portanto, que a presença do futebol latino-americano se iguala à europeia. Por sua vez, a África comparece com apenas um representante, tendo inclusive o anfitrião – a África do Sul – sido eliminado na primeira fase, o que é um desenvolvimento inédito.
Talvez as ausências dentre esse grupo que entra na fase de partidas eliminatórias mereçam ainda mais atenção. A atual campeã, a Itália, e a vice-campeã, a França, já foram eliminadas do torneio. Dentre os países havidos como favoritos, quer as seleções que ostentam títulos mundiais (Brasil, Alemanha, Argentina e Uruguai), quer a Espanha e a Holanda, a sua maior distribuição para a chave inferior tende a torná-la teoricamente mais difícil (Argentina, Alemanha, Inglaterra e Espanha), em comparação com a superior (Uruguai, Holanda e Brasil).
De resto, no sábado 26, com a eliminação da Coreia do Sul pelo Uruguai (2x1) e dos Estados Unidos por Gana (também por 2x1, mas necessitando prorrogação) já se entrou nas oitavas de final. O continente africano continua presente, e o Uruguai também. Nesse particular, cabe mencionar a recuperação tanto da Celeste, quanto da equipe portenha. Depois de medíocre campanha nas eliminatórias – a Argentina só se classificou na última partida contra o Uruguai, e este necessitou de disputar a vaga suplementar – ambas as seleções melhoraram muito o seu jogo.
Quanto a prognósticos, não é tarefa aconselhável dadas as características do futebol. O Brasil de Dunga segue em frente, com as dificuldades naturais causadas pelas decisões soberanas do técnico de, em privilégio de um mítico grupo, enfraquecer o potencial técnico da seleção. A suspensão de Kaká e a sua substituição pelo esforçado volante Júlio Batista mostrou as limitações de tal peculiar orientação do técnico Dunga. Enquanto as demais equipes cuidaram de levar os melhores para a África do Sul, o nosso técnico se mostrou bastante restritivo neste enfoque. Esperemos, no entanto, que, mesmo com o plantel existente, a meta do Hexa possa ainda ser alcançada.
( Fonte: International Herald Tribune )
domingo, 27 de junho de 2010
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