domingo, 20 de junho de 2010

Colcha de Retalhos XLVII

Ainda a Reforma do Código Florestal

O Agrônomo Luiz Antonio Martinelli, professor titular do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), da Universidade de São Paulo, diz em entrevista a O Globo que o relatório do Deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), com a nova versão do Código Florestal, não tem nenhum embasamento científico e atende somente a interesses políticos.
Na verdade, dada a leviandade do relator pró-ruralista, Martinelli afirma, reportando-se a estudo da Embrapa: “Esse estudo, tecnicamente, é um lixo que já foi contestado por vários colegas que trabalham com mudanças no uso da terra. (...) (O) estudo do pesquisador da Embrapa é uma falácia encomendada. E esse foi o problema: o único estudo no qual o nobre deputado se baseou foi um estudo errado, que ele sabia que sofria fortes contestações. Então o estudo teve um uso meramente político.
Os leitores deste blog já estão informados da qualidade espúria do relatório do deputado, em aliança com a frente ruralista (presidente e relator da dita Comissão Especial são ruralistas, ou de carteirinha,o primeiro, ou de ocasião, como Rebelo).
Outros tópicos relevantes da entrevista: “As principais falhas são a redução da APP, a moratória, a não-punição. Se essas reformas forem aprovadas, estaremos indo na contramão da história. Por um lado, o Brasil investe milhões para promover um combustível ecológico, como é o etanol; por outro lado, essa reforma vai permitir ocorrer um desmatamento desenfreado, lançando uma quantidade enorme de carbono na atmosfera.”
Não tem como uma floresta caber em 7,5 m de largura e ter alguma função ecológica. Não tem função ecológica protetora nenhuma em uma área tão exigua. Mesmo 15 m é muito pouco, isso é um retrocesso muito grande.”
Passar para os estados a prerrogativa de decidirem se ampliam ou reduzem as APPs “abre um precedente muito perigoso. Uma assembleia estadual é muito mais afeita a pressões de grupos locais.”
No contexto do anteprojeto ruralista, considerada a verborragia do relatório de Aldo Rebelo, recheado de citações com fumaças científicas, o professor Luiz Martinelli faz comentário que a meu ver encerra a discussão sobre a valia da versão ruralista de um novo Código Florestal: “A comunidade científica não foi consultada. Sei que esta é uma decisão política, mas tem de ser embasada na ciência. Não foi.”

Os Distúrbios no Kirguizistão

Os choques étnicos no sul do Kirguizistão, país montanhoso no centro da Ásia, são possível decorrência dos distúrbios que provocaram a queda do Presidente Kurmanbek Bakiyev, mas apesar de instados, tanto Moscou, quanto Washington, se limitaram a mandar ajuda humanitária.
Essa decisão política de duas Nações que se vem enfrentando há algum tempo nesse peculiar cenário reflete uma tácita e rara concordância. Não é difícil supor que tal se deve ao temor de se descobrir em um atoleiro, acrescido – no caso dos Estados Unidos - da circunstância que não seria prudente estender ainda mais o seu envolvimento em conflitos, já estando empenhado no Iraque e no Afeganistão.
A importância do Kirguizistão se prende justamente à sua posição geográfica. Para os Estados Unidos, é vital, em termos logísticos da conflagração afegã, a sua base aérea de Manas. Funciona como um centro (hub) do tráfego aéreo relativo à campanha aliada contra o talibã.
Por seu lado, a Rússia dispõe igualmente de uma base aérea, em Kant. O recente reforço militar enviado para o Kirguizistão por Moscou se limita a algumas centenas de paraquedistas, com o escopo exclusivo de defender a base.
A previsão – talvez otimista – é que o dissenso interno enfrentado pelo governo interino de Roza Otunbayeva venha a refluir e possa, assim, ser controlado. Nesse sentido, refugiados da etnia uzbeque, estariam tentando retornar a seus lares. Tudo dependerá de um eventual restabelecimento de um modus vivendi entre a maioria kirguiz e a minoria uzbeque.

( Fonte: International Herald Tribune)

Rodapé da Copa


Ontem com a eliminação virtual dos Camarões, ao colecionar a sua segunda derrota nesta Copa, não participará da segunda fase essa seleção que é a que tem maior participação, entre os africanos, nas diversas Copas do Mundo. Por mais de uma vez, inclusive, lograra classificar-se para a segunda fase. Desta feita, faltou-lhe a inventiva de antes, e o seu craque Eto, a par do gol de ontem, não teve muita presença.
Por sua vez, a Holanda, mesmo sem o brilhantismo de vezes anteriores, tornou-se a primeira seleção matematicamente classificada para a segunda fase.
Hoje, temos o jogo do Brasil com a Costa do Marfim. É de esperar-se que a nossa atuação melhore, para a geral alegria da torcida.

3 comentários:

Preservação Sustentável disse...

Quando se pede um Laudo, pede-se a favor ou contra, por isto temos laudos discordantes.

Mesmo quando honestos não conseguem abranger tudo.

Como saber a verdade?

É tão absurdo que parece impossível.
A verdade é que a Legislação Ambiental (LA) é uma aberração ruim, INJUSTA, não democrática, onde a parte cumpridora nunca foi consultada.
Não é só o Código Florestal. Tem um monte de MPs, decretos, resoluções, etc, ineficazes e irracionais, baixadas de forma arbitrária sem consultar a sociedade.
Não causou problemas por que não era aplicada. Ao se tentar aplicar surgem os problemas e reações.
Não falo de ruralistas ricos que tem margem, poder e influência para se defender, com os quais não tenho afinidade.
Falo de: 1) 4,2 milhões de pequenos ruralistas pobres; 2) muitos milhões de urbanos das pequenas e médias cidades que dependem de atividades rurais; 3) milhões de urbanos periféricos das grandes cidades que não tem onde morar, pois a LA inviabiliza loteamentos populares sustentáveis legais; 4) todos brasileiros pobres e médios que ainda não perceberam, mas irão pagar muito mais caro pelos produtos, se a LA for aplicada como está.
Estes não tem visibilidade, não têm tempo para mobilizações por que tem que trabalhar muito e não tem acesso à internet/mídia por que não tem dinheiro.
Estes muitos MILHÕES estão sim sendo prejudicados e injustiçados pelas LA.


Enquanto isto os reais causadores da devastação, os privilegiados consumidores dos centros urbanos das grandes cidades: 1) não cumprem a LA nas suas propriedades com a conivência de todos; 2) nada pagam pelo impacto ambiental que causam com seu consumismo; 3) nada preservam; 4) acham muito normal a Injustiça de jogar todo o ônus da Preservação que necessitam e da qual se beneficiam, sobre os pobres possuidores de áreas a serem preservadas.

Duvida? Quer a verdade? Quer saber como são as coisas na vida real? Quer provas de que a LA é inaplicável?

Assista as Reportagens sobre Serviços Ambientais em Extrema-MG – exibidas no GLOBO RURAL em 12out2008.

Veja que a LA é tão absurda que é inaplicável e exige estudos e negociações para cada caso e flexibilizações que, pela atual LA, são Ilegais.

Também mostram quem são os temíveis “ruralistas” pobres pequenos agricultores com suas pobres propriedades rurais.

Parabéns para:
1) Prefeitura da cidade de Extrema-MG
2) Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF-MG)
3) Agência Nacional das Águas (ANA)
4) ONG The Nature Conservancy (TNC).

Nos mostram como fazer quando se quer PRESERVAR DE VERDADE,
não de mentirinha como alguns que se dizem ambientalistas.

Um exemplo de racionalidade, bom senso, negociações específicas para cada área, pagamento justo pelos serviços ambientais, etc, etc.

Vergonha para os omissos, coniventes e defensores de injustiças.

A cidade de São Paulo-SP, principal usuária das águas nada faz pela Preservação...

“...a área preservada vale muito mais do que a área de pastagem”...
“...A produção de água deve ser considerada tão ou mais importante do que a produção de leite, café e grãos. Essa é a lógica do projeto. Eu não posso enxergar um uso mais nobre ou um trabalho mais nobre do que esse”...

Assista os vídeos no You Tube:

Serviços Ambientais em Extrema – Parte 01/04
http://www.youtube.com/watch?v=cX7t9erR1OM&feature=related

02/04
http://www.youtube.com/watch?v=UacCg7yUGhU&feature=related

03/04
http://www.youtube.com/watch?v=Ip3bxp1BGy0&feature=related

04/04
http://www.youtube.com/watch?v=vvW1MrOrrrI&feature=related

Leia os textos no Globo Rural de 12.10.08
http://globoruraltv.globo.com/GRural/0,27062,4370-p-20081012,00.html

Vinicius Nardi, por uma Preservação Justa e Sustentável
v.nardi@ig.com.br

Preservação Sustentável disse...

PRESERVAR É ESSENCIAL, MAS VOCÊ QUER PRESERVAR DE VERDADE?

Por que a LA (Legislação Ambiental) não funciona?

Por ser intrinsecamente errada, pois é INJUSTA uma vez que:

1) impõe o ônus de Preservar só sobre o possuidor de Área a ser Preservada que é praticamente confiscada, embora todos se beneficiem;

2) não diferencia entre área rural e urbana, mas não é cumprida nas propriedades urbanas centrais privilegiadas, com a conivência de todos; é aplicada só nas áreas rurais e urbanas periféricas, punindo principalmente os pobres que menos consomem;

3) subsidia os médios e ricos urbanos que não preservam, não respeitam RLs (Reserva Legal), nem APPs (Áreas de Preservação Permanente) e não pagam o custo ambiental do muito que consomem, da muita devastação que causam;

4) impõe restrições insustentáveis, arbitrárias, irracionais e ineficazes;

Por isto a LA não pode ser Culturalmente Aceita pela Sociedade Local que é quem vai ou não Preservar. Até os Agentes do Estado ficam constrangidos de impô-la de tão Injusta e Irracional.

Ambientalistas são idealistas, não aceitam Injustiças e pregam a SUSTENTABILIDADE, logo não podem ser coniventes, menos ainda defender LAs que sabem ser INSUSTENTÁVEIS e SOCIALMENTE INJUSTAS, Legais, mas IMORAIS.

Quem causa Devastação? É o consumidor. Ninguém produz se não houver quem compre.

Todo Produto têm um custo Ambiental? Sim, e requer Serviços Ambientais que o compensem.

O que é Análise de Ciclo de Vida (ACV) de um produto? É mapear desde a devastação para plantio ou extração, transformação em produto, energia, outros produtos usados ou adicionados, transporte, uso, reciclagem, descarte, poluição até virar novamente um recurso natural.

Assim sabemos qual o impacto ambiental por devastação e poluição de cada produto. E o Custo Ambiental necessário para pagar Serviços Ambientais que compensem o impacto causado.

Selos e certificações que atestam cientificamente os produtos verdes utilizam o ACV. Este papel deve ser do governo, universidades, instituições reguladoras, que tem credibilidade sem a contaminação comercial.

O Planeta está no limite e temos urgência de reduzir a Devastação e aumentar a Preservação.

Será que, diante da vida atribulada de hoje, das preocupações e problemas postergados, da falta de tempo, podemos esperar que os consumidores tomem consciência e priorizem a Sustentabilidade?
Será que, diante da falta de dinheiro crônica, se disporão a gastar mais com a Sustentabilidade?
Será que dá tempo de esperar a conscientização e disponibilidade individual?

Evidente que não.

Então qual o caminho?

Preservação Sustentável disse...

Então qual o caminho?
A solução tem que ser Institucional, via Governos que representam a Sociedade.

Em vez de atacar as consequências com força ditatorial tentando impor a LA INJUSTA, temos que corrigir as causas e MODIFICAR A LA INJUSTA.

O caminho é lutar para que TODO PRODUTO:

1) informe a ACV no seu rótulo;
isto ajudará a tomarmos consciência que causamos devastação na proporção do nosso próprio consumo, que devemos reduzi-lo, ter consumo responsável, só consumir produtos certificados, selecionar, reciclar, controlar natalidade, etc;
isto reduz a Devastação;

2) incorpore no preço de venda o seu Custo Ambiental (CA);
é justo que consumidores paguem o CA do que consomem;
os recursos vão para um Fundo Ambiental (FA);
é custo, não é imposto;
isto também reduz a Devastação;

Assim, com os reais devastadores pagando pela devastação:

3) com os recursos do FA, é justo que Preservadores recebam valor igual ao que ganhariam usando a área livremente, coerente com a importância dos Serviços Ambientais (SAs) prestados para todos nós;
isto aumenta a Preservação, pois todos desejarão Preservar de verdade;

4) quem não quer pagar valor justo pelos CAs/SAs passa a mensagem que não se deve pagar pela Devastação e que a Preservação não vale nada;

5) LEIS AMBIENTAIS tem obrigação de ser SUSTENTÁVEIS, fundamentadas, racionais e eficazes;

Enfim, temos que buscar a PRESERVAÇÃO SUSTENTÁVEL que seja ECOLOGICAMENTE CORRETA, mas também SOCIALMENTE JUSTA, ECONOMICAMENTE VIÁVEL e CULTURALMENTE ACEITA.

Aí sim, conseguiremos realmente reduzir a Devastação e aumentar a Preservação de forma urgente, justa e eficiente.

Vinicius Nardi, por uma Preservação Justa e Sustentável
v.nardi@ig.com.br