Doce Ilusão (14)
Na segunda, chegado à repartição, logo trata de passar pela mesa de dona Neide.
A velha o recebe com o sorriso de sempre.
“ Queria agradecer a senhora pela força...”
“ Tolice, meu filho...”
Era visível como ela apreciava o gesto.
Voltando para sua sala, enquanto examina a correspondência na caixa de entrada, pensa na importância de fazer média com dona Neide. Sendo ali uma espécie de decana, podia ajudá-lo em alguma eventualidade, como acabara de demonstrar.
Na verdade, ele sonhava com uma colocação melhor no serviço público. Por isso, estava atento aos editais de concurso, tanto estaduais, quanto federais. Algum dia, a sua sorte mudaria...
*
“ Alô, quem fala ?”
Não dispondo do número de celular de Gardênia, nem muito menos do telefone de seu apartamento, teve de arranjar-se com o fixo do shopping.
Do outro lado, voz que lhe pareceu familiar disse o nome da loja.
“ A senhorita Gardênia está ?”
“ Alberto !” E, depois de breve pausa, com timbre mais baixo: “esse é um telefone comercial ! Nada a ver com chamadas pessoais !”
“ Desculpe, Gardênia, mas não tive opção. Se você me der o seu número de celular...”
“ Não tenho celular !”
“ E o de casa ?”
“ Nem pensar !”
“ Então, um número para contato...”
“ Vou ter que desligar Alberto... A gerente tá me chamando...”
Cortada a ligação, e a despeito do som de reabertura da linha, ficou ainda por uns instantes com o aparelho no ouvido.
Enraivecido, num rompante, rediscou o número.
Do outro lado, porém, ouviu o sinal de ocupado.
De duas coisas, não tinha dúvida. Ela deixara o telefone fora do gancho, e não havia nenhuma gerente na loja.
*
terça-feira, 1 de junho de 2010
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