quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Japonês da Federal

                          

        Newton Ishii, agora o conhecemos pelo nome, mas antes já nos era familiar pelas suas repetidas tomadas e fotos ao escoltar os principais presos da Operação Lava-Jato, seja a caminho do cárcere, seja na condução a audiências judiciais, na 13ª Vara Criminal Federal, tudo isso em Curitiba, nos domínios do Juiz Sérgio Moro.

        A constante presença ao lado dos principais alvos da Operação - o empresário Marcelo Odebrecht, o pecuarista José Carlos Bumlai, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-ministro José Dirceu, entre muitos outros não-citados, que vão pra geladeira, como diria o colunista Ibrahim Sued  - e as suas maneiras de bom agente (espécie de anjo protetor) lhe fizeram  subir o IBOPE nas redes sociais, a ponto de  aparecer vicariamente entre os Bonecos Gigantes de Olinda.

        Quem entra para o legendário popular terá direitos especiais,  no que tange à mídia.

        Como sublinha o levantamento a que procedeu a reportagem especial de O Globo, o motivo do encarceramento de Ishii lhe precede a fama.  Ele foi um dos alvos - decerto menores - da Operação Sucuri, da própria Polícia Federal, que desbaratou um esquema de contrabando em Foz de Iguaçu, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Newton Ishii ficou preso preventivamente por quatro meses (junto com  outros 22 agentes da PF, além de sete técnicos da Receita, três policiais federais, sete agenciadores  e seis contrabandistas ). Em 2009, Ishii foi condenado à prisão em regime semiaberto. Desde então, recorria da sentença em liberdade.

        Em março de 2016,  o Superior Tribunal de Justiça denegou-lhe o recurso e manteve a condenação. Nesta mesma época, Ishii se afastou da Lava-Jato. Em Curitiba, chegou a ficar em licença médica e passou a cumprir  funções administrativas.

         Depois de tomar ciência da ordem de prisão expedida pela 4ª Vara de Execuções Penais da Justiça Federal de Foz de Iguaçu,  Newton Ishii se apresentou espontaneamente à Superintendência da Polícia Federal.  Ainda perto dos alvos da Lava-Jato, ele ocupa sala reservada na Superintendência da Polícia Federal, mas afastada da carceragem.

          A oito do corrente, o juiz Matheus Gaspar determinou que Newton Ishii seja transferido para o Cope (Centro de Operações Policiais do Paraná), local onde os policiais do estado permanecem sob custódia.

           Popular como sempre, o Japonês da Federal foi tópico da CNN e do Guardian, jornal inglês.  A selfie tirada com o deputado Jair Bolsonaro  tornou-se viral na rede.     
           E a marchinha do japonês foi atualizada com novo verso: "Ah, meu Deus, se deu mal! Foi preso em Curitiba o Japonês da Federal!"

          De qualquer forma, Newton Ishii, seja pela simpatia, seja pelo carisma, caíu no goto popular.  E não é que O Globo manda até enviado especial para Curitiba, que lhe preparou um cuidadoso perfil ? 


( Fonte:  O Globo )

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