terça-feira, 7 de junho de 2016

Confusão na República

                              


        Há perplexidade no governo Temer, diante dos pedidos de prisão feitos pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, do Presidente do Senado, Renan Calheiros, do ex-Presidente José Sarney, e do Senador Romero Jucá, todos do PMDB.
        Os pedidos terão sido dirigidos há uma semana por Janot a Teori Zavascki, Ministro do STF e encarregado da Lava-Jato.
        Segundo Ricardo Noblat, haveria irritação no Supremo pelo vazamento, que se presume originário de alguém da Procuradoria.
        A fundamentação do pedido do PGR  é que tais personalidades foram flagradas tentando interferir nas investigações da Lava-Jato.
        Não é só o fato de que tal seria inédito nesta República. O próprio Sarney sequer acreditou na notícia, que de início julgou apócrifa.
        Os indícios de conspiração, segundo O Globo, captados nas gravações, e reforçados pelas delações de Sérgio Machado e de seu filho Expedito Machado, são considerados por investigadores mais graves que as provas que levaram Delcídio Amaral à prisão, em novembro de 2015, e à perda do mandato, em maio.
         De acordo com a fonte, Delcídio tentara manipular uma delação, a de Nestor Cerveró, enquanto Renan, Sarney e Jucá planejavam derrubar toda a a Lava-Jato.

          A preocupação do PGR se deveria à circunstância de que Renan, Jucá e Sarney  estão entre os políticos mais influentes do Congresso.  Sarney, segundo se assinala, mesmo sem mandato, controla bancadas inteiras na Câmara e no Senado.  Sarney teria tido  papel determinante no processo de afastamento de Dilma Rousseff. 
         
           É de assinalar-se que nas conversas gravadas por Sérgio Machado, Renan, Jucá e Sarney surgem discutindo medidas para interferir - e na prática neutralizar - a Lava-Jato.

           Se levadas a diante, as medidas solicitadas pelo Procurador-Geral haveria enormes consequências no atual processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff.

            Seria afastado da presidência do Senado Renan Calheiros e substituído pelo Senador Jorge Viana, do PT.

            As consequências sobre o atual processo de impeachment não seriam das menores. Mexem no tabuleiro existente, e poderiam ser devastadoras.

             Por outro lado, a situação do Presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, seria afetada.  Com efeito, Cunha começa a ser julgado hoje pelo Conselho de Ética. No entanto, parecer do presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Artur Lira, abriu caminho para que Cunha seja salvo.

              O parecer relativo a Cunha seria levado ao plenário da Câmara. Nessas condições, não se pode excluir a possibilidade que o Poder Legislativo, representado pelo plenário, decida por emenda alterar a decisão do Conselho de Ética, e anular na prática a cassação do mandato de Cunha  .

              Paira no ar a possibilidade de que o Ministro Teori Zavascki reporte essas questões ao plenário do Supremo, que se ocuparia de decidir sobre os mandatos não só do deputado Eduardo Cunha, mas também daquele do Senador Renan Calheiros, como presidente do Senado.

              São decisões graves porque afetam um outro poder que segundo reza a Constituição (artigo 2°) é igual aos demais, e deve ter por conseguinte a última palavra no que concerne aos mandatos de seus Presidentes.

               Ou será que o Supremo se vai tornar uma espécie de Poder Moderador da República, como já rumoreja a Imprensa?


( Fontes: Ricardo Noblat (Globo on-line);  O Globo )     

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