Não tenho a menor intenção de repassar, mais uma vez,
o processo de escolha de Dilma Rousseff
por Lula da Silva.
Embora seja doce ilusão que uma página
como esta possa ser virada algum dia, havia tudo na escolha pelo presidente
Lula da Silva para que ela fosse muito aquém de que o Brasil carece, por mais
cegado que se possa ser pela paixão política e pelo interesse corporativo.
Lula sabia que ela não era nem a mais
capaz, nem a mais preparada para sucedê-lo. Como diria Jânio Quadros, fê-lo
porque qui-lo.
É somente nesta linguagem farcesca que
será compreensível a estranha preferência pela sua chefa de gabinete, que não
tinha nem o conhecimento nem tampouco a capacidade política para sucedê-lo.
Tudo não passou de um jogo egoísta do apedeuta, que dessarte pensava garantir a
própria reeleição em 2014.
Já diz um velho amigo meu que não há
nada de seguro no subdesenvolvimento. Deveras, enganam-se - e redondamente -
aqueles que pensam manipular as linhas tortas da história futura. Por isso, não
nos apressemos em proclamar o desenvolvimento de Pindorama.
O Brasil só será um país desenvolvido,
não quando o seu PIB supere por um verão ou dois o do Reino Unido, mas quando a
nossa sociedade estiver livre da praga
da demagogia, da dengue (e das endemias não só rurais mas também plurais
pela criminosa falta de saneamento básico) e dos coronéis (sejam eles do
Nordeste ou alhures)
Para pôr um meio-fim nesse triste
capítulo de como ainda se pode fazer um(a) presidente(a) no Brasil, Lula só
indicou Dilma por interesse próprio, eis que temia apontar alguém com sólida
base política para a curul presidencial, porque acalentava vindouras ambições.
Mas o momento pertence, na verdade, a mestre
Arnaldo Jabor, com a sua irrespondível cartilha "Se a Dilma
voltar". Em verdade, mais do que desnudá-la, para traçar-lhe o retrato de Dorian Gray, vale dizer aquele da
verdade, basta colher as suas declarações. Como podemos eleger alguém tão
néscio e culturalmente despreparado ?
É triste, se não fosse trágico. E por
isso, não é o caso de sentir pena de Dilma Rousseff. Como as citações o demonstram, ela fez o que
pôde. O erro não está na criatura.
O erro estará um pouco naqueles
que acreditaram na possibilidade que, de um galho torto, fosse surgir a árvore
frondosa da Terra da Fartura. Mas, sobretudo, na gente de má-fé, que, uma
vez mais, partiu para tosquiar e saíu tosquiada.
( Fontes: Se a Dilma Voltar, de A. Jabor (O Globo) ).
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