terça-feira, 7 de junho de 2016

Dilma somos nós ?

                                
       Não tenho a menor intenção de repassar, mais uma vez, o processo de escolha de Dilma Rousseff  por Lula da Silva.
        Embora seja doce ilusão que uma página como esta possa ser virada algum dia, havia tudo na escolha pelo presidente Lula da Silva para que ela fosse muito aquém de que o Brasil carece, por mais cegado que se possa ser pela paixão política e pelo interesse corporativo.
         Lula sabia que ela não era nem a mais capaz, nem a mais preparada para sucedê-lo. Como diria Jânio Quadros, fê-lo porque qui-lo.
         É somente nesta linguagem farcesca que será compreensível a estranha preferência pela sua chefa de gabinete, que não tinha nem o conhecimento nem tampouco a capacidade política para sucedê-lo. Tudo não passou de um jogo egoísta do apedeuta, que dessarte pensava garantir a própria reeleição em 2014.
          Já diz um velho amigo meu que não há nada de seguro no subdesenvolvimento. Deveras, enganam-se - e redondamente - aqueles que pensam manipular as linhas tortas da história futura. Por isso, não nos apressemos em proclamar o desenvolvimento de Pindorama.
          O Brasil só será um país desenvolvido, não quando o seu PIB supere por um verão ou dois o do Reino Unido, mas quando a nossa sociedade  estiver livre da praga da demagogia, da dengue (e das endemias não só rurais mas também plurais pela criminosa falta de saneamento básico) e dos coronéis (sejam eles do Nordeste ou alhures)
          Para pôr um meio-fim nesse triste capítulo de como ainda se pode fazer um(a) presidente(a) no Brasil, Lula só indicou Dilma por interesse próprio, eis que temia apontar alguém com sólida base política para a curul presidencial, porque acalentava vindouras ambições.
          Mas o momento pertence, na verdade, a mestre Arnaldo Jabor, com a sua irrespondível cartilha "Se a Dilma voltar".  Em verdade, mais do que  desnudá-la, para traçar-lhe o retrato de Dorian Gray, vale dizer aquele da verdade, basta colher as suas declarações. Como podemos eleger alguém tão néscio e  culturalmente despreparado ?
         É triste, se não fosse trágico. E por isso, não é o caso de sentir pena de Dilma Rousseff.  Como as citações o demonstram, ela fez o que pôde. O erro não está na criatura.   
             O erro estará um pouco naqueles que acreditaram na possibilidade que, de um galho torto, fosse surgir a árvore frondosa da Terra da Fartura.  Mas, sobretudo, na gente de má-fé, que, uma vez mais, partiu para tosquiar e saíu tosquiada.


( Fontes: Se a Dilma Voltar, de A. Jabor  (O Globo) ).

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