Pongetti ficou algum tempo à testa da
Manchete, mas não por muito, fragilizado pela crítica da
'folhinha sem calendário'.
Em seguida, Adolpho terá passado a
direção da revista a Hélio Fernandes, que lhe deu um viés marcadamente oposicionista.
A oposição ao que seria o último Governo Vargas estava na moda, e os irmãos
Fernandes, sobretudo Hélio, que depois se ligaria à Tribuna da Imprensa,
colocou a revista numa linha de crítica impiedosa a Getúlio, que já era
considerado o inimigo da UDN, e de Carlos Lacerda, com as consequências que bem
conhecemos.
Embora a oposição não fosse o seu
forte, Adolpho a princípio se terá deixado levar pela cantilena de Fernandes e
do próprio Carlos Lacerda.
Não creio que agradasse aos irmãos Bloch
entrar em confronto sistemático contra o governo - que seria o último - do
Presidente Getúlio Vargas.
Lembro-me das reportagens da revista, e
de quanto elas tocavam na toada do anti-varguismo. Esse 'namoro' de Adolpho com
a direita lacerdista, não terá durado por muito.
A oposição sistemática ao governo
constitucional de Getúlio Vargas não me
parece que tenha marcado das melhores fases da Manchete. Mas a marca política de Hélio Fernandes daria uma postura
à revista de crítica sistemática à Administração do Presidente Vargas. Então,
obviamente, não se sabia como a coisa iria terminar, embora, em se tratando de
udenismo, o golpe de direita e a cantilena às forças auxiliares da ala militar
simpática ao lacerdismo já constituía triste música daqueles tempos, que, sem o
saber, pressagiavam a tragédia que viria.
Tampouco sabiam da peripeteia[1] que lhes preparavam as Parcas da
mitologia helênica, mas a impressão prevalente é que Adolpho se cansara do negativismo da oposição ao governo de
Vargas, tanto é que dela se dissociou, com o caráter incisivo a que costumava
imprimir às próprias decisões, quando maturadas por muita reflexão.
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