Não há nada de pessoal nesta atitude.
Dunga é um profissional sério e dedicado, mas lhe falta um sentido de grandeza
e de atualização técnica para assumir cargo da importância que tem a diretoria
técnica da seleção.
Se
o Brasil não é hoje o que foi no passado, se não mais goza da imensa
superioridade de que desfrutou em décadas anteriores, não se deve chorar sobre
o leite derramado.
O tempo passa e até mesmo a famosa seleção, antes invencível, e sobretudo
na América Latina, agora tem pela frente dura prova, se deseja vencer a
barreira das eliminatórias.
Não se pode facilitar o trabalho de
nossos adversários, colocando na seleção alguém que, por condicionamentos
vários, ao invés de melhorá-la, a mediocriza, por moldá-la à própria imagem.
Outro dia já escrevia do escândalo que
é entregar o scratch nacional a um técnico que já provou em anos passados a sua
sólida mediocridade. Não é possível que se tenha esquecido o papelão feito pelo
nosso time na Copa da África do Sul.
Nela, Dunga também era o técnico. Foi
numa quarta de final - se não me engana a memória - que a inclinação desse
profissional por escolher gente medíocre se tornaria tristemente patente. Expulso um jogador
nosso, Dunga olhou para o banco de reservas, à procura de alguém que estivesse
em condições de substituí-lo em um instante decisivo.
Olhou com atenção, porque a hora não
era das melhores, o tempo já ficara curto, e o Brasil carecia de alguém que
sacudisse o time e liderasse a indispensável reação. Pois não é que, apesar do
olhar intenso, Dunga passou os olhos pelo banco - em que só jogadores por ele
escolhidos estavam - e não encontrou vivalma que se adequasse ao momento!
Pois não havia ninguém, naquele banco
em que se sentavam os reservas, que tivesse condições de liderar uma reação. Só
havia medíocres ali, desses que passado o evento, são esquecidos depressa, por
não terem valor intrínseco !
São assim as seleções de Dunga,
construídas com extremo cuidado, mas feitas segundo seus critérios, que se
pautam pelas próprias características, de uma afirmada, muscular mediocridade,
feitas à imagem do próprio criador.
E em verdade, Dunga está como
treinador da seleção, porque gente despreparada aí o colocou.
A seleção brasileira está a cargo
da CBF e a CBF, como bem sabemos, se encontra à deriva. No momento, quem a
dirige é um senhor Del Nero, que veio correndo da Suiça, não porque estivesse
certo de assumir o lugar de seu protetor - José Maria Marin, preso na Suiça, a
mando do FBI, a polícia investigativa de Tio Sam - , mas porque temia o braço
longo da justiça estadunidense.
E pelo visto, esse temor perdura,
porque o senhor Del Nero não viaja para o exterior, temendo - quem sabe? - ser
aí extraditado pela justiça americana.
O que é mais estranhável, não são as
apreensões do substituto de Marin, hoje em prisão domiciliar em Manhattan, mas
a apatia da autoridade brasileira - seja ela quem for - para corrigir essa
sucessão feita em casa nostra por
gente que não está à altura de gerir os assuntos do scratch brasileiro.
Romário bem que se esforçou, mas a
sua comissão não teve a força necessária para fazer com que a CBF responda não aos interesses de uma oligarquia
que hoje a domina, e sim à paixão
nacional pelo futebol, e à necessidade de que volte para a CBF gente que esteja
à altura dos escretes do passado, e não do espírito dos sete a um que marcou
menos a equipe, do que o técnico e a administração por tal situação
responsável.
Se deixarmos Dunga na seleção,
ele continuará a moldá-la sob os rígidos padrões disciplinares e sobretudo
técnicos que o caracterizam, vale dizer uma sólida, inamovível mediocridade que
constrói não só bancos, mas equipes que só são capazes de golear o pobre
Haiti.
Uma tempestade como essa - a
temida eliminação nessa fase de preparação para o mundial, que assinalaria -
para apagar qualquer ilusão sobre a atual condição do nosso scratch - o que nunca até hoje ocorreu
com o penta-campeão mundial!
Creio que depois desse vexame na
Copa América, está provado que a seleção carece urgente de alguém que possa
remotivar esse plantel e sobretudo ter condições de prepará-la para que, de
alguma forma, o Brasil volte a conseguir o que sempre pôde realizar no passado:
classificar-se para a próxima Copa do Mundo !
( Fonte: O
Globo )
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