Mais rápidos de o que pensa o
candidato populista Bernie Sanders, os ponteiros do relógio da História avançam
para a hora em que a vitória de Hillary Clinton será fator matemático contra o
qual ele pode continuar, decerto, a vociferar, mas a sua desesperada investida
na direção dos gigantes moinhos não terá efeito algum na computação do
resultado final.
A ambição do concorrente Senador
por Vermont, estado em que foi eleito como independente, prescinde de partidos,
e o Democrata para ele não passa de legenda de conveniência.
Mr Sanders tem mudado várias vezes
de opinião, sobretudo quando a diferença para a sua adversária ao invés de
encolher, torna a aumentar.
Depois de perder em Puerto Rico,
ele já não tem a confiança de colocar a Califórnia como o estado determinante
de sua continuação ou não na disputa pela nomination.
A ambição desenfreada e os elogios muita vez daqueles a quem mais interessa
obstaculizar a progressão de Hillary, de o que propriamente apoiar-lhe o pleito,
já se mostram na sua derradeira mutação.
Sanders adverte que não esperem
que uma eventual derrota na Califórnia vá retirá-lo do prélio.
A campanha de Sanders - de
senador praticamente desconhecido a candidato em condições de pugnar contra a
ex-Secretária de Estado - lhe subiu decerto à cabeça, mas se ele se apegar ao
tolo propósito de pensar que, após coletados pela front-runner o número de delegados necessários para alcançar a nomination, ele ainda julgue possível -
e mais do que possível, apropriado - lançar-se em meio aos super-delegados num
desesperado mercadejar da própria candidatura in extremis, é alimentar insanas
ilusões e, mais do que isso, mostrar que a sua ambição de virar à força
candidato democrata, além de agredir ao bom senso do colégio de delegados, a nada levará senão a uma postura vizinha do
prepóstero e do ridículo.
Nos debates do ano passado, o Senador por Vermont enganou
a muitos. Deles participou com um cavalheirismo reminiscente do Sul, e sempre
pautou a sua participação nessas ocasiões pelo respeito e o fair play.
Naquele tempo, Hillary tinha
uma diferença a seu favor de cerca vinte pontos. Será que as boas maneiras e o
respeito pelo adversário político só podem existir em tais circunstâncias? É o que parece, mas de uma forma ou de outra,
malgrado o seu visível desespero, lá em um cantinho de sua mente, Sanders se dará
conta que ele jogou a boa partida, mas que os números da contenda são claros e
determinantes. Por isso, decerto
tornaria o seu fim mais apropriado para as circunstâncias ao reconhecer haver
realizado a boa campanha, e diante das
circunstâncias, deve conceder o que lhe é devido a quem venceu essa longa
disputa pela honra de representar o Partido Democrata.
( Fontes:
Miguel de Cervantes, Don Quixote;
The New York Times )
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