Após a esmagadora vitória da oposição venezuelana,
previu-se que passara o tempo em que a governança era questão a ser decidida em
condomínio entre assembléia legislativa, executivo e judiciário, todos
irmanados pelo dominante chavismo.
Como ainda detinha a chave dos
tribunais, inclusive o Supremo, o providente Nicolás Maduro cuidou de
radicalizar a Corte Chavista, o que ele realizou com a superlotação do órgão
com militantes de seu partido.
Temendo que a Corte pudesse ser
modificada, com o possível ingresso de jurisconsultos que pensassem não no
partido dominante na Venezuela, mas sim em condições de dirimir as questões de
acordo com a justiça, e não o interesse do partido chavista, a superlotação do
Supremo logo produziria os desejados frutos.
Assim, foi contestada a legalidade
da eleição do número exato de deputados que, por surpreendente coincidência, retirou
da oposição tantos legisladores quanto seriam necessários para privar a maioria
anti-chavista da possibilidade de decidir emendas a Constituição.
Com a verdadeira maioria nacional
diminuída na Assembleia - com o escopo de que vote medidas importantes, como
emendas à Constituição, etc. - o presidente preserva o atual caos imperante, em
que ao desabastecimento e aos contínuos cortes de energia, se junta o poder das
milícias que lá estão para cercear liberdades, como o acesso às seções
eleitorais para inscrever-se para o recurso constitucional da revocatória do
Presidente, recurso este que é a única esperança de que se a normalização
democrática se realize através da cassação do mandato do ultra-incompetente
Maduro.
Na Venezuela falta tudo. É o reino do
desabastecimento, a começar pelos
artigos de primeira necessidade. Além do inferno do caos no desfornecimento energético, e comércio de prateleiras vazias,
a Venezuela é uma campeã ao revés, na hiper-inflação, que passa por ser a mais
alta do planeta.
A sólida incompetência ligada
com a ladronice e a deslavada corrupção são atores virtuosos (a única virtude
visível nessa terra infeliz) na criação de situação impossível. Provoca decerto assombro que o caos imperante
encontre meios e modos de manter-se na sala dos botões (esta é designação
italiana para os gabinetes do poder). A
única correção que me atreveria a introduzir é a substituição dos botões por
qualquer coisa que lá possa funcionar sem energia.
Dessa maneira, a situação
venezuelana é tão grave e calamitosa, que certas metáforas (como sala dos botões)
deixaram há muito de serem compatíveis com a realidade lá prevalente.
É difícil determinar como um
governo tão incompetente e corrupto quanto o chavista de Nicolás Maduro possa conseguir manter-se no poder... Será o
disfuncional sistema interamericano?
Ou será o néo-chavismo que mesmo detestado
pela população, ainda encontra brucutus armados que o protejam, enquanto
impedem os eleitores de entrar nas seções de voto, e registrar-se para forçar o
referendo ab-rogatório ?
Que o caos perdure na
Venezuela, já é um escândalo. Mas não esqueçamos de dar o devido valor à
barafunda e incompetência do sistema inter-americano. Para onde se dirige o
olhar, maior será o nosso desalento..
Dizem que há limite para
tudo. Nesse sentido, o enigma venezuelano cresce. Pois sob Maduro o desgoverno
nesse país contraria todos os princípios e vaticínios sobre capacidade em
termos de suportável sofrimento de parte de um Povo.
E vendo como se acham as
coisas, cercadas que estão por esse abraço de tamanduá da opinião interamericana,
a única dúvida que persiste se cinge não ao condicional se, mas sim ao temporal quando.
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