Com as minhas missões no exterior, as vindas
à sede da Manchete se tornaram mais espaçadas. O prédio da revista ora estava
acompanhado de outro, destinado à TV Manchete. Não acompanhei a construção desse
segundo, que também ficou a cargo do escritório do Niemeyer. Cuidaram,
sobretudo, de compatibilizar os edifícios, obra decerto difícil e complicada, e
não apenas na parte estética.
Adolpho queria que os dois prédios
fossem intercomunicantes, o que acrescentou à dificuldade prática da obra, mas
em fim de contas tudo sairia a contento.
De qualquer forma, sempre que passava
pelo Rio arranjava jeito de dar um pulo à Manchete. Ali via e revia o pessoal
da revista, como Zhevi Givelder, Arnaldo Niskier, Murilo Mello Filho e outros
mais.
Encontrei a turma sempre ocupada, embora
notasse que desaparecera a atmosfera brincalhona, chocarreira mesmo, que antes
pairava. Já não mais estava Carlinhos de Oliveira (José Carlos Oliveira) no seu
trabalho de crônica e copidescagem, e aumentava o número ligado à tevê
Manchete, cuja importância então crescia.
Adolpho, em geral o encontrava no seu
'gabinete', onde quer que ele fosse, e no almoço, quando estava em geral
acompanhado da Manchetinha, a cachorra dinamarquesa que o seguia por toda a
parte. Esta produziria inúmeros filhotes, que ele costumava levar para o Sítio
em Teresópolis.
Bloch tinha especial preferência por
melancias. Quando disponíveis, eram a sua sobremesa predileta.
Nesse período, recordo-me que por
algum problema de saúde Adolpho foi parar em hospital, que ficava (não sei se
perdura) na rua Canning, mais no começo de Ipanema, do que no fim de
Copacabana.
Lucy o acompanhava, e o tio me saudou
com a simpatia e a lingua franca de sempre: "Oi Maurinho, estou meio f..."
"Bobagem!", cortou a minha
tia. "Se ele tivesse juízo, já estaria melhor."
Soube depois que parente sua, Judith,
condoída com a situação, tratara de trazer-lhe iguaria, que Adolpho tivera a
imprudência de comer parcialmente...
O resultado no paciente internado foi
desastroso, forçando inclusive a intervenções gástricas no imprudente Adolpho,
além da administração de senhora bronca
pela sandice cometida.
Lucy o olhava séria, como se fosse
menino traquinas:
"Bastou eu sair do quarto um instante..."
E, esganações à parte, era raro
vê-lo de cama.
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