A revista VEJA que está nas bancas levanta possibilidade
que, se comprovada, destruiria o que resta das perspectivas eleitorais de Lula,
além de acabar, politicamente falando, com
a imagem de Dilma, a honesta.
João Vaccari Neto aceitara ir para o
sacrifício como tesoureiro do PT - os seus anteriores da época do Mensalão já constituíam avisos de graves
incômodos futuros.
No entanto, a sua detenção em Curitiba e
a perspectiva de longa prisão estão pesando forte na mente do militante
petista.
Passaram já as homenagens ao
companheiro Vaccari Neto nos congressos do Partido dos Trabalhadores.
Um tanto abandonado pelas instâncias
partidárias - o que deve, de certa forma, ser entendido, pelas crises que
ameaçam o partido de Lula e Dilma - Vaccari tem pensado muito no conjunto de
penas que lhe possam ser aplicadas pelo juiz Sérgio Moro.
A perspectiva é decerto sombria, se ele
persistir na atitude de nada revelar. Ao contrário de outros, Vaccari não
enriqueceu com as vultosas 'contribuições' dirigidas ao PT pelo Petrolão. Se não mostrar nenhuma inclinação para a
negociação - na prática, recusando qualquer delação - a pena que lhe seria
aplicada leva todo o jeito de ser bastante salgada, dado o envolvimento de João
Vaccari Neto com as questões e os interesses partidários.
Por isso, segundo apurou a revista
VEJA, Vaccari Neto, esquecido até há pouco pelas instâncias competentes do
Partido dos Trabalhadores - em contraposição às menções honrosas com que fora
distinguido por mais de um Congresso do
PT (feitos sempre a portas fechadas) - terá pensado em fazer delação premiada
na prática light, isto é, sem ser
desastrosa para a liderança petista (leia-se Lula da Silva).
O problema com Vaccari não é que ele saiba pouco. Com efeito, o que
sabe é muito, sendo capaz de desestabilizar os planos do PT. Já um tanto alarmados com a mudança de
atitude do ex-tesoureiro do partido, foi
despachado para Curitiba o deputado Afonso Florence, líder do PT na Câmara, que
voltou a Brasilia com uma versão mais tranquilizadora para a direção
partidária. Lula não seria visado, e a
operação seria contra Dilma (e também Temer, como Vice), o que segundo revela o
semanário teria sido bem recebido pela direção.
Apesar de atingir Dilma, igualmente
prejudicaria Temer, e por conseguinte, a reação foi de certo alívio do alto
comando petista, e mesmo de certa surpresa, mais tarde substituída por
preocupação.
Magoado, reclamando de ter sido
esquecido na prisão, Vaccari confirmou a decisão de quebrar o silêncio. No
entanto, os petistas retornaram a Brasília estranhamente mais calmos. Segundo
terá dito Florence para o líder do PT no Senado, Paulo Rocha, "será uma explosão controlada".
Para explicar o significado de tal
expressão, Vaccari pretende prestar
depoimentos calculados, detonando explosões com efeito controlado para provar a
"ilegitimidade" do governo Temer. Se o plano petista der certo, a
carreira política de Dilma será liquidada, mas também "terá arrastado ao
cadafalso o presidente interino Michel
Temer, por comprometer a chapa eleita em 2014".
Como é difícil imaginar uma delação
restrita, sem liquidar Lula e outros figurões da legenda, aniquilando em última
instância o Partido dos Trabalhadores, por
isso, os deputados petistas conjuminaram uma estratégia: realizar visitas periódicas "para dar
mais força" ao companheiro.
Se durante o seu exercício de
contador do PT, a sala de Vaccari, como diz a VEJA funcionou quase como
uma financeira, recebendo amiúde malas abarrotadas de dinheiro.
No papel de contador da máfia, João
Vaccari sabe quem pagava, quem recebia, quem comandava. Se cumprir a promessa de entregar o
financiamento criminoso da reeleição de Dilma, será o fim da imagem da
presidente imaculada. (...) Vaccari é um
dos poucos que poderiam detalhar a participação de Dilma no petrolão, o papel
de Lula como mentor do esquema, apontar a localização de contas secretas no
exterior e ainda listar os políticos que se locupletaram do caixa que ele
geria.
Como refere o final do artigo da
VEJA, "a explosão pode ser devastadora, mesmo para quem supõe que o PT já
bateu no fundo do poço. Perdeu o poder, mas, como se vê, pode perder até
mais."
Toda essa descrição pela revista é
muito interessante, mas ela omite um aspecto importante. Tanto o Ministério
Federal, quanto o próprio Juiz Moro estão bastante enfronhados em termos das
delações premiadas (e dos respectivos delatores). Não será a primeira vez que
um delator procuraria direcionar 'a sua verdade'. Como a Lava-Jato já dispõe de
muito material a respeito, dificilmente um delator - mesmo com o conhecimento
de Vaccari Neto - teria condições de direcionar as respectivas informações, de
modo a provocar explosões em terrenos pré-determinados, e tentando poupar os
respectivos chefes em aspectos precisos.
Não será com aprendizes que o candidato a delator Vaccari Neto tentará com
sucesso instrumentalizar as suas declarações, de modo que venham a ser destrutivas
para movimentos políticos determinados, poupando o mais possível os altos hierarcas petistas,
e especialmente quem seria o grande mentor.
Ou será que os pombos-correios petistas pensam que a turma de Curitiba da
Lava-Jato é ingênua e facilmente instrumentalizável?
( Fonte: VEJA )
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