domingo, 12 de junho de 2016

A Bomba Vaccari

                              

       A revista VEJA que está nas bancas levanta possibilidade que, se comprovada, destruiria o que resta das perspectivas eleitorais de Lula, além de acabar, politicamente falando,  com a imagem de Dilma, a honesta.
       João Vaccari Neto aceitara ir para o sacrifício como tesoureiro do PT - os seus anteriores da época do Mensalão já constituíam avisos de graves incômodos futuros.
       No entanto, a sua detenção em Curitiba e a perspectiva de longa prisão estão pesando forte na mente do militante petista.
        Passaram já as homenagens ao companheiro Vaccari Neto nos congressos do Partido dos Trabalhadores.
        Um tanto abandonado pelas instâncias partidárias - o que deve, de certa forma, ser entendido, pelas crises que ameaçam o partido de Lula e Dilma - Vaccari tem pensado muito no conjunto de penas que lhe possam ser aplicadas pelo juiz Sérgio Moro.
        A perspectiva é decerto sombria, se ele persistir na atitude de nada revelar. Ao contrário de outros, Vaccari não enriqueceu com as vultosas 'contribuições' dirigidas ao PT pelo Petrolão.  Se não mostrar nenhuma inclinação para a negociação - na prática, recusando qualquer delação - a pena que lhe seria aplicada leva todo o jeito de ser bastante salgada, dado o envolvimento de João Vaccari Neto com as questões e os interesses partidários.
         Por isso, segundo apurou a revista VEJA, Vaccari Neto, esquecido até há pouco pelas instâncias competentes do Partido dos Trabalhadores - em contraposição às menções honrosas com que fora distinguido por mais de um  Congresso do PT (feitos sempre a portas fechadas) - terá pensado em fazer delação premiada na prática light, isto é, sem ser desastrosa para a liderança petista (leia-se Lula da Silva).
          O problema com Vaccari não é que ele saiba pouco. Com efeito, o que sabe é muito, sendo capaz de desestabilizar os planos do PT.  Já um tanto alarmados com a mudança de atitude do ex-tesoureiro do partido,  foi despachado para Curitiba o deputado Afonso Florence, líder do PT na Câmara, que voltou a Brasilia com uma versão mais tranquilizadora para a direção partidária.  Lula não seria visado, e a operação seria contra Dilma (e também Temer, como Vice), o que segundo revela o semanário teria sido bem recebido pela direção.
          Apesar de atingir Dilma, igualmente prejudicaria Temer, e por conseguinte, a reação foi de certo alívio do alto comando petista, e mesmo de certa surpresa, mais tarde substituída por preocupação. 
          Magoado, reclamando de ter sido esquecido na prisão, Vaccari confirmou a decisão de quebrar o silêncio. No entanto, os petistas retornaram a Brasília estranhamente mais calmos.  Segundo  terá dito Florence para o líder do PT no Senado, Paulo Rocha,  "será uma explosão controlada".
          Para explicar o significado de tal expressão, Vaccari pretende  prestar depoimentos calculados, detonando explosões com efeito controlado para provar a "ilegitimidade" do governo Temer. Se o plano petista der certo, a carreira política de Dilma será liquidada, mas também "terá arrastado ao cadafalso  o presidente interino Michel Temer, por comprometer a chapa eleita em 2014".
           Como é difícil imaginar uma delação restrita, sem liquidar Lula e outros figurões da legenda, aniquilando em última instância o Partido dos Trabalhadores,  por isso, os deputados petistas conjuminaram uma estratégia:  realizar visitas periódicas "para dar mais força" ao companheiro.
           Se durante o seu exercício de contador do PT, a sala de Vaccari, como diz a VEJA funcionou  quase como uma financeira, recebendo amiúde malas abarrotadas de dinheiro.
            No papel de contador da máfia, João Vaccari sabe quem pagava, quem recebia, quem comandava.  Se cumprir a promessa de entregar o financiamento criminoso da reeleição de Dilma, será o fim da imagem da presidente imaculada.  (...) Vaccari é um dos poucos que poderiam detalhar a participação de Dilma no petrolão, o papel de Lula como mentor do esquema, apontar a localização de contas secretas no exterior e ainda listar os políticos que se locupletaram do caixa que ele geria. 
            Como refere o final do artigo da VEJA, "a explosão pode ser devastadora, mesmo para quem supõe que o PT já bateu no fundo do poço. Perdeu o poder, mas, como se vê, pode perder até mais."
             Toda essa descrição pela revista é muito interessante, mas ela omite um aspecto importante. Tanto o Ministério Federal, quanto o próprio Juiz Moro estão bastante enfronhados em termos das delações premiadas (e dos respectivos delatores). Não será a primeira vez que um delator procuraria direcionar 'a sua verdade'. Como a Lava-Jato já dispõe de muito material a respeito, dificilmente um delator - mesmo com o conhecimento de Vaccari Neto - teria condições de direcionar as respectivas informações, de modo a provocar explosões em terrenos pré-determinados, e tentando poupar os respectivos chefes em aspectos precisos.
                  Não será com aprendizes que o candidato a delator Vaccari Neto tentará com sucesso instrumentalizar as suas declarações, de modo que venham a ser destrutivas para movimentos políticos determinados, poupando  o mais possível os altos hierarcas petistas, e especialmente quem seria o grande mentor.
                   Ou será que os pombos-correios petistas pensam que a turma de Curitiba da Lava-Jato é ingênua e facilmente instrumentalizável?


( Fonte:  VEJA )

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