segunda-feira, 19 de junho de 2017

Trump: impeachment como solução?

                              
        O ambiente político em Washington e em New York daria a impressão a alguém que acabe de chegar de longínquas paragens de que o 45º presidente estaria já cambaleante,  ao cabo de fatigosa jornada, sob o peso de saraivada de denúncias, após um longo semestre de governo.
         Pelo seu abuso do twitter, que pode ser bom para slogans, ou para supostos pensamentos curtos de ideias e imaginação,  Trump cria um monstro que ele pensa poder monopolizar.
          Cada um constrói a sua própria agenda - ou talvez pensa construir - mas na prática o que se vê é colossal desperdício de ideias de alguém que se acredita capaz de dominar a agenda política ou de subordiná-la às suas próprias limitações.
           Essa atmosfera de confrontação,  como se em cada vulto se desenhasse um inimigo,  na verdade pouco ou nada constrói de positivo.
           Talvez no futuro - que para alguns semelha estar bastante próximo - se venha a esboçar em linhas gerais o que até agora tem representado a Administração Trump. Como nos velhos filmes mudos, em que os personagens, por contingência técnica dos então métodos de projeção, pareciam agir ou movimentar-se de forma mais rápida e, até mesmo, caricatural em relação à realidade, o observador político tenderá a conviver com esse estranho hiper-realismo que domina a um tempo visão obsessiva, alucinada mesmo, do mundo político americano.
             A ênfase de quem crê movimentar os fantoches e apresentar aquilo que julga seja a realidade a seu redor tem a mesma profundidade e a mesma capacidade de motivar discussões da simbiose da visão Trump em geral: rasteira  e redundante.
             Na verdade, Trump se encarrega de antecipar ameaças e ataques ao seu governo, como se a própria Administração se automarcasse pelo vermelho sinal do perigo.  Em governo que mal sai dos cueiros, ele aponta perigos que pensa cercá-lo.  Alguém que chegasse meio atrasado nessa representação pensaria ao invés que o presidente já se debate nas garras da perseguição política (witch hunt) dirigida por gente muito má e conflituosa!
              Ao tentar rebaixar o Conselheiro Especial , Mr Robert Mueller, acaso  o Presidente  não se dá conta que desce da sela do cavalo, diminuindo o próprio cargo, de certa maneira se expondo e se nivelando a quem mal começa a investigá-lo ? 


( Fonte:  The New York Times )

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