quarta-feira, 28 de junho de 2017

A Constituinte de Maduro

                         
       É enorme a rejeição da maioria da população venezuelana ao governo de Nicolás Maduro. Os protestos, em escala nacional, surgiram já no início de abril, têm paralisado o país, e a repressão pelo governo chavista já causou, pelo menos, 75 mortes de manifestantes e mais de mil e quinhentos feridos.
       Essas manifestações de repúdio ao governo corrupto e ineficiente de Maduro só vem aumentando, apesar da dura repressão. Os meganhas, os chamados 'coletivos' (individuos armados pelo regime chavista, em geral saídos da mala vita) tem claramente assinalado que a ordem do governo chavista é a de reprimir e, mesmo, matar, como se verifica pela cruel e cínica atitude desses bandidos armados.
       A ditadura está em pleno processo de implantação, como se vê nas determinações abstrusas e orwelianas de encarregar a Corte Suprema de Justiça de assumir as funções - ou então de impedir as funções - da Assembléia Legislativa, dada a incômoda circunstância de que a maioria é da Oposição.
        Para 'resolver' tal problema, Maduro na prática fechou a Assembléia Legislativa. Por outro lado, como determinara à autoridade competente de não realizar o recall - que é o direito constitucional da população de votar sobre a interrupção de mandato da autoridade presidencial - como, no caso, Nicolás Maduro - que não mais goze do apoio do povo venezuelano.  Maduro não trepidou em ignorar o exemplo de Hugo Chávez que se submetera ao recall e vencera.  Como, enquanto herdeiro de Chávez, Maduro não tenha nem a têmpera nem as qualidades de Chávez - terá apenas talvez a veia ditatorial - o presidente Maduro 'resolveu' o problema do 'recall' cancelando-lhe a realização, eis que se fosse posto em prática o atual presidente hoje estaria - para felicidade geral da Nação Venezuelana - na rua...
         Além da corrupção e da marcha batida para a ditadura, Nicolas Maduro pensa em manter-se indefinidade no poder, não dando importância não só à rejeição da população, mas também à situação calamitosa de seu desgoverno (hiper-inflação, desabastecimento, falta total de segurança, negação à cidadania nos seus aspectos mais elementares, e last but not least, deslavada corrupção). A contribuição de Maduro se assinala pelo caos jurídico - um Supremo de picaretas partidários, a repressão deslavada, a corrupção sem limites - e ele agora a completa com essa estranhíssima Constituinte municipal,  escolhida  por grupo de atividades. Como o Povo não apóia esta nova "idéia" de Maduro, que se dane o Povo! Os membros que a integrarão serão escolhidos em listas especiais, adrede preparadas para que reflitam uma sólida presença dos irredutíveis, dos maduristas e - é claro - das Forças Armadas que o homem forte Maduro busca desesperadamente cooptar para que a sua Ditadura democrata possa estabelecer-se com a aprovação desse novo Engonço que será a fina flor da rafuagem chavista (545 membros, "eleitos" por setores da sociedade e não pelo voto universal).
          Maduro parece sinceramente acreditar na estupidez de que possa substituir um Povo e uma Assembléia eleita pelo voto secreto e por toda a população, por esse engonço chavista, que não possui uma fímbria de representatividade. Sería ridículo se não fosse trágico, por todo o sofrimento e as injustiças que esse anti-governo (que também tem os seus porões de tortura) parece querer implantar com o apoio das Forças Armadas.


( Fonte subsidiária:  Folha de S. Paulo )

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