terça-feira, 13 de junho de 2017

Repressão na Rússia

          
           Ontem foi o Dia da Rússia. No entanto, na terra de gospodin Vladimir V. Putin, a comemoração dessa jornada dá calafrios aos policias e agentes especiais do Kremlin.
           Não surpreende, assim, que o principal opositor ao Presidente russo, Alexei A. Navalny não haja podido celebrar de igual forma a muitos de seus concidadãos este dia que é dedicado à exaltação da pódina (pátria em russo).
      Navalny é demasiado bom orador e tem carisma bastante para que os apparatchicks da Federação Russa não se tenham apressado a arranjar pretexto para trancafiá-lo em algum cárcere. A par disso, complacente juiz se apressara em aplicar-lhe trinta dias de xilindró, sob o sovado pretexto de ameaça à ordem pública.
           Classificar a Rússia como democracia lembra àquelas frases em que quem as escreve se sente incômodo, eis que falta alguma coisa. Assim, os oxímoros não parecem indispensáveis, pois não se consegue livrar-se da impressão de que falta alguma coisa...
            A esposa do oposicionista Navalny, armada de celular, pôde fotografar a prisão do marido, logo de manhãzinha, quando ele se aprestava a sair de casa (iria discursar no centro de Moscou, mas isso obviamente seria anátema para os lacaios do regime).  E, dessarte, não deu outra: ele foi detido na soleira de casa. A sua esposa logrou captar o instantâneo da prisão, com a legenda "Feliz Dia da Rússia !" no seu twitter.  
              Para essa república autoritária, qualquer ajuntamento popular pode representar problemas para os angustiados, quase paranóicos, agentes policiais do regime. Em 2017, os focos dos protestos foram a corrupção e a estagnação política.
             De saída, o Primeiro Ministro Dmitri A. Medvedev, o fiel auxiliar direto de Putin desde os tempos de Leningrado ( e quem fora por quatro anos presidente da Rússia, assim permitindo conveniente estágio como Primeiro Ministro a Vladimir Putin, polindo então a sua algo desgastada imagem) foi objeto de campanha pela oposição como o desonesto beneficiário  de palácios, iates, vinhedos e outros luxos presenteados por alguns dos grandes milionários da Rússia, e disfarçados como obras de caridade. Para Navalny, "o povo entende muito bem a conexão entre corrupção e propriedade. O que leva as pessoas a saírem do interior é a pobreza, a piora constante do nível de vida."
             Como as eleições na Rússia são trucadas, parece impossível que, nas condições em que elas se realizam, sob a égide da manipulação, as possibilidades de vitória tendem para zero. Mas mesmo assim, o regime russo toma suas precauções: Aleksei Navalny foi condenado, por um juiz interiorano, pelo crime (inexistente) de peculato. O propósito da condenação é tão só impedir que Navalny possa registrar-se como candidato, pois tem a ficha suja...


( Fontes: The New York Times,  Putin's Kleptocracy, de Karen Dawish )    

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