quinta-feira, 22 de junho de 2017

Novas da Revolução Venezuelana

               

          Talvez seja otimismo de minha parte considerar revolucionário  o atual movimento de resistência da população venezuelana em geral, e notadamente dos jovens e das forças democráticas e  dada a gravidade da situação política, econômica, e social,   em qualificá-lo  com as maiúsculas letras que honram poucos movimentos políticos na história da América Latina. Nesse sentido, a  Revolução não é golpe, nem armação de palácio. Ela costuma surgir das funduras de desesperada situação, em que líderes corrompidos pensam rebaixar a sociedade às próprias ignomínias e funduras.

         Mas  o que ora vemos, em forma de dedicação a um ideal maior,  e de luta por superar o contraposto deserto de homens e de idéias que pensa jogar  na própria baixeza e ignomínia,  se invocarmos  a união e a coragem em busca de sair do atoleiro e das areias movediças da corrupção, se acreditar nesse movimento de esperança e redenção,  não é acaso Revolução, o que é?  A Venezuela tem sofrido demasiado enquanto permanece nas mãos da deformada casta neochavista. Nunca um governo se mostrou a um tempo ávido em locupletar-se com a riqueza do Estado venezuelano, de que se tem apoderado de forma cúpida e desavergonhada, enquanto uma parte do grêmio neochavista descambou para a ditadura no estilo caribenho. Nicolas Maduro e sua clique criminosa se apoderaram do Estado, depois que o Coronel Hugo Chávez, já moribundo e com as faculdades mentais alteradas, passa o controle da Venezuela para a igrejinha chefiada por Maduro, em termos de questões estatais, e ajudado por Diosdado Cabello, para o tráfico das subvenções alternativas.

         Nunca tantos viram um país, com tal pletora de recursos naturais, a começar pelo ouro negro, a um tempo defraudado, e noutro mal administrado por uma clique que mais pensa no enriquecimento pessoal - e que se vale da Nação e da Sociedade, que desfalcam e empobrecem - do que em quaisquer propósitos de contribuir para o desenvolvimento e o progresso do Povo Venezuelano.
         Ao apropriarem-se dos ideais de Simon Bolívar, o fazem como os vermes que invadem as grandes árvores para consumir-lhes a seiva. Desde muito, o Povo da Venezuela já compreendeu que chamar os serviços de segurança do Estado de bolivarianos constitui na verdade um ultraje e um deboche à própria personificada idéia do Libertador das Américas.

          Chávez respeitava o voto popular, e adotava um comportamento de destemor consequente.  Por tremer diante da vontade do Povo Venezuelano, Nicolás Maduro fará toda e qualquer baixeza contra o ideal democrático, como já o sinalizou por demasiadas vezes:  usou de todos os pretextos para evitar o recall, instituto democrático que Hugo Chávez enfrentou e venceu com a coerência que era própria de sua liderança.
          Por sua vez, talvez afetado pela enfermidade, Chávez não terá podido aquilatar o erro que cometia contra o Povo venezuelano ao entregar o poder presidencial a alguém de que as circunstâncias não tardariam a mostrar a própria incapacidade para o bem.
          A respectiva inépcia é tal que torna qualquer discurso acerca de sua obra pleonástico na medida em que desceu tão fundo no próprio fracasso que é quase desnecessário descrever-lhe os imensos desserviços que tem prestado à Nação venezuelana.

         A paciência do Povo Venezuelano será tal que todas as suas maquinações continuarão, diante da desgraça geral do Estado e da Nação deste país tão rico por natureza, mas hoje empobrecido pela cúpida incapacidade e pletórica falta de patriotismo da gente que cerca o caudilho, fautor e feitor de desgraças e  misérias, que a despeito de tudo e da geral oposição  da quase totalidade da Sociedade venezuelana, continua a aferrar-se ao mando, fazendo crer aos que o cercam que a desgraça venezuelana e o opróbrio do presente regime constituem meras intrigas da Oposição, que busca diminuir enquanto mais ela cresça, como se possível fora que o fuzil sirva de apoio para quem persegue o Povo e arruína a Sociedade Venezuelana ?     




( Fontes:  Folha de S. Paulo;  O  Globo )          

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