sexta-feira, 23 de junho de 2017

A Vergonha da Reforma da Saúde

                                    

        Dá uma boa impressão para os contemporâneos e, porque não dizer, para os pósteros, que o responsável pela introdução de autêntica reforma sanitária nos Estados Unidos permaneça não só silencioso, mas também sem levantar um dedo, para defender a lei básica para a saúde - o Affordable Care Act  - como se se tratasse de coisa de somenos importância ?
        Da derrota de Hillary Clinton para o contendor republicano, Donald John Trump, é de esperar-se que as cortes e o Conselheiro Especial Robert S. Mueller III encontrem a verdade, essa tão enxovalhada criatura nesses tempos da realidade digital.
         Segundo a imprensa especializada americana, há muito para desvendar, assim como anteriormente a estranha falta de iniciativa de Barack Obama terá ensejado que muitas coisas tenham saído pelo avesso. Que um funcionário de menor hierarquia se tenha permitido exercer brutal influência no resultado das urnas e que a estranha apatia presidencial haja, de certa forma, lhe facilitado a tarefa, são fatos que incomodam, e que a atual presença de um sucessor se não explicam de todo, podem tornar, a contrario sensu, menos difícil de aceitar este fato amargo e injusto, que só há de contribuir para melhor entender o agravamento do tão temido decline.
            A Lei da Reforma da Saúde será enterrada sem uma palavra do Presidente que, com a ajuda das bancadas democratas, a fez aprovar, seja na Câmara Baixa, seja no Senado ?  O afastamento da política dos presidentes, depois da primeira reeleição, que o GOP logrou arrancar do Congresso, temeroso que a experiência de Franklin Delano Roosevelt se repetisse,  decerto não se aplica à apatia política que permite se desfigure a legislação, com grave atentado para o tratamento médico das classes menos providas.
             Não se trata, apenas, de um erro, decorrente de política cega e vingativa, que por simples e vã vaidade condena à lata de lixo uma legislação generosa para as classes menos favorecidas, que lhes abrira  as portas de hospitais e casas de saúde, de que o egoismo e o privilégio lhes tinham por muito, demasiado tempo, cerrado.
                 Infelizes aqueles que mal informados, venham a sufragar um partido que não é mais o de Lincoln, porque a maior figura do panteão americano não se comporia com baixeza de tal nível,  que cerre as portas dos nosocômios, a preço da vil vaidade, para aqueles que, pela sorte na loteria da existência, só lograriam nelas adentrar, tangidos pela necessidade e o infortúnio, com a ajuda da Lei do tratamento médico custeável.
                 Infeliz, na verdade, é o Povo que, por seus ignaros e ignavos representantes no Congresso, vê derrubar  Lei do porte daquela levantada pelas maiorias democratas do Legislativo do primeiro biênio de Barack Obama.
                 Mal-afortunados aqueles que lhes vêem negado tratamento médico por uma medida tão rasteira e sórdida que pensara efetuar-se no segredo e na escuridão, que são, em geral, atributos da baixeza  e  da vil ignomínia, a quem sói aborrecer a luz do conhecimento e da Justiça.


( Fonte:  The New York Times )

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