Antes mesmo das notáveis conquistas atuais que nós brasileiros, segundo nos repisam a cada dia, o governo, seu partido e sua candidata, nos devemos orgulhar, em época anterior, em que somente a Europa se curvava diante de nossas realizações, já o Brasil se assinalava pela espontaneidade, inventiva, naturalidade e qualidade do futebol.
Infelizmente, a melhor equipe não coroou o esforço nacional em 1950, menos pelos jogadores, do que por vezo de nossa gente que é o espírito do já ganhou. Assim, somente na Escandinavia, ganharíamos o nosso primeiro título, graças ao trabalho de uns poucos, da bonachona inteligência do técnico, e da excelência de uma plêiade de jogadores.
Não pretendo abalançar-me a percorrer nessas linhas a gesta do futebol brasileiro e os outros quatro títulos conquistados.
No momento atual, retornados de um malogro previsível, e consignados Dunga e seu grupo ao distante juízo da história futebolística, me parece oportuno um comentário sobre o esporte do brasileiro e suas perspectivas.
Enquanto o anterior técnico da seleção montou o nosso time negando a qualidade, ao barrar a entrada dos craques, em aparente absurdo de não valer-se do melhor, para moldar equipe à sua imagem, é forçoso reconhecer que, a despeito do erro gritante, ele adotou escolha coerente com os padrões da maioria dos técnicos ora atuantes.
É proverbial a riqueza de nossa terra em jogadores de talento. Além de poder se dar ao luxo de exportar jogadores para outras seleções – como o demonstrou o último mundial da África do Sul -, o afluxo cresceu tanto a ponto de a Fifa criar regras para impedir que alguns países tentem inflar além da conta os respectivos selecionados com brasileiros dispostos a trocar de nacionalidade pelo prato de lentilhas do velho esporte bretão.
Agora, como recorda Tostão, com grande oportunidade e propriedade, em sua coluna na Folha, para a seleção que “é do Brasil”, se escolhe para diretor-técnico Mano Menezes, que igualmente se insere na escola do futebol de resultados.
Mano Menezes é um técnico experiente, calejado pelo Corinthians e sua torcida,e não há de chegar aos excessos do precedente que acreditava poder dispensar a qualidade pelo espírito do grupo. Mas Menezes está dentro da escola em que os técnicos crescem em detrimento do valor individual dos atletas. É futebol de resultados, de retranca e de faltas para vencer o adversário.
Como se o futebol da Fúria, privilegiando o talento e a posse de bola, a armação das jogadas e não a violência tática, não tivesse demonstrado a própria superioridade, como herdeiro do autêntico futebol brasileiro, sobre o holandês, forçado à sucessão de fouls, para tentar recobrar o mando do jogo.
Paradoxalmente, como refere o sábio observador (e grande jogador da seleção de setenta) são estrangeiros – como o alemão Beckenbauer e o holandês Cruyff – que nos recordam a enjeitada tradição do futebol brasileiro.
A esse respeito, cabe não esquecer como nos aponta Tostão que “(m)uito mais importante que o novo treinador da seleção nacional seria discutir a maneira de jogar do futebol brasileiro e tentar formar grandes armadores, como Xavi. (...) A CBF, uma entidade falida, não de dinheiro, mas de ideais esportivos, reina soberana, gigolando o time e os craques brasileiros, como se a seleção fosse dela. A seleção é do Brasil.”
( Fonte: Folha de S. Paulo )
segunda-feira, 26 de julho de 2010
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