domingo, 18 de julho de 2010

Colcha de Retalhos L

O vazamento do poço da BP

Já no quarto dia de êxito no fechamento do poço da B.P., cresce o otimismo de que afinal tenha sido detido o avanço da poluição no Golfo do México. O pior desastre ecológico – muito superior em devastação ambiental ao do petroleiro Exxon Valdez, no estreito de Prince William, no Alaska, em 1989 – parece entrar em sua segunda fase, em que se logrou pôr termo ao vazamento, e se passa ao trabalho de tentar reduzir ao máximo o derrame.
O próprio Presidente Barack Obama foi bastante cauteloso na sua breve alocução do jardim da Casa Branca. Obama, embora tenha dito que o fechamento do poço era uma boa notícia, enfatizou a necessidade de cautela na avaliação,para que se evitasse chegar a conclusões apressadas. Muito resta por fazer. Indicou que pretende retornar a região atingida nas próximas semanas e sublinhou, uma vez mais, que a British Petroleum vai pagar pelo prejuízo que causou.
Nunca as ‘economias’ adotadas pela BP em matéria de procedimentos de segurança se mostraram mais tolas e estúpidas. Diante de estragos tão extensos e diversificados – o que lhes torna por ora o custo total difícil de mensurar - , pesam sobre a companhia inglesa onerosos compromissos.
As milionárias despesas que vão recair sobre a B.P. colocam diversas interrogações não só sobre a extensão das obrigações devidas. O desastre do Golfo do México representa, de resto, sinalização relevante para a Petrobrás e os seus poços existentes na plataforma continental e na área pioneira – e de maior desafio tecnológico – do pré-sal.
A ênfase aponta de forma inequívoca para a atenção extra a ser dirigida para cuidados e precauções indispensáveis. Aumentam decerto os custos e as responsabilidades atinentes. Como a leviandade da B.P. sobejamente evidencia, não há atalhos nem ‘meias-solas’ na explotação do petróleo em grandes profundidades.

A luta pela supremacia no Irã

Para o ‘companheiro’ Ahmadinejad, estaria controlada a contestação colocada pela oposição islâmica de Mir Moussavi e de Mehdi Kerroubi, ao ensejo da mega-fraude eleitoral de 12 de junho de 2009. Agora, o Presidente Mahmoud Ahmadinejad, e seus aliados, os Guardas Revolucionários Islâmicos, encaram a fase seguinte, para a tentativa de consolidação do respectivo poder.
O alvo ,neste momento, se desloca para os conservadores tradicionais. Nesse sentido, o diretor de um jornal fundamentalista, afinado com o regime dos ayatollahs, Morteza Nabavi, vem a público para denunciar o intento: “Como eles acham agora que expulsaram os reformistas, talvez pensem que seja tempo de remover os seus oponentes fundamentalistas”.
Ahmadinejad tem inquietado os seus rivais conservadores, ao referir-se à divisão de opinião entre aqueles e o seu grupo. No seu entender, ‘o regime só tem um partido’. Ao fazer tal assertiva, o Presidente provocou reação acalorada entre os conservadores, cujos núcleos principais de apoio se encontram entre os clérigos e o Parlamento.
Segundo análise de quem prefere, por óbvias razões, manter o anonimato, existiria com Ahmadinejad uma espécie de macartismo. De acordo com tal interpretação, todos aqueles que não estão com o presidente, são acusados de serem contra-revolucionários ou anti-islâmicos.
Esta alegada cisão no campo revolucionário corresponderia a um embate de gerações, com o grupo mais jovem, liderado por Ahmadinejad e os seus aliados da Guarda Revolucionária (o exército iraniano), de um lado, e do outro, a geração anterior, ligada ao Imã Khomeini.
Os conservadores – que contam com o presidente do Parlamento, Ali Larijani – têm contestado a orientação e a competência de Ahmadinejad. Chega-se mesmo a insinuar corrupção, no intento de convencer ao Líder Supremo, Ayatollah Ali Khamenei a desvencilhar-se do presidente. Há pouco venceram uma batalha, ao denegarem ao governo o controle financeiro da maior instituição acadêmica, a Universidade Azad, de que é fundador Ali Akbar Rafsanjani, um antigo presidente, e que inclusive manifestou simpatias pelo grupo reformista do ex-presidente Kathami e de Mir Mousavi.
Por ora, afigura-se demasiado cedo para formular prognósticos sobre eventuais vencedores nessas lutas intestinas.

( Fonte: International Herald Tribune )

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