Continua o processo, em aparência inexorável, do desaparecimento dos principais jornais no Rio de Janeiro. Embora este fenômeno não se limite às principais cidades brasileiras, eis que se verifica em toda a parte, acredito oportuno, para fins do presente artigo, singularizar a análise aos órgãos de imprensa diária da mui leal e heróica cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.
Muito se tem discorrido sobre a influência determinante da internet e da mudança de paradigma de informação, introduzido pela digitalização e a utilização dos meios cibernéticos para a difusão do conhecimento.
Com efeito, nada comparável à invenção da imprensa por Johannes Gutenberg, em meados do século XV, em termos de paradigma de conhecimento, do que a digitalização e a difusão da internet. A crescente utilização desse novo meio tem representado um sério desafio tanto para a editoria, quanto para os grandes diários.
Hoje se anuncia o iminente fechamento, no seu formato impresso, do ‘Jornal do Brasil’. Dessarte, o JB deixará de circular através das bancas de jornal e se limitará à versão da internet.
Com 119 anos de existência, o JB, após uma revolução na sua apresentação gráfica, com a Condessa Pereira Carneiro, ganhou grande relevo durante o governo Juscelino Kubitschek e na década subsequente. Por força de questões políticas – problemas com a censura da ditadura militar - e sobretudo de gestão financeira, o Jornal do Brasil entrou em lenta decadência.
Releva assinalar o número de jornais diários existentes no Rio de Janeiro em meados do século XX. Esse formato correspondia a uma situação anterior à concorrência da televisão que, introduzida no Brasil por Assis Chateaubriand no começo dos anos cinquenta, só se firmaria como veículo informativo a partir de meados da década de sessenta.
Nos anos cinquenta, o principal jornal carioca era o matutino ‘Correio da Manhã’, de Paulo Bittencourt. Dentre os grandes jornais, havia o ‘Diário de Notícias’, ‘O Jornal’ (dos Diários Associados), o ‘Diário Carioca’ e os vespertinos ‘A Noite’ e ‘O Globo’, de Roberto Marinho. Foi lançada por Samuel Wainer a ‘Ultima Hora’, com apoio de Vargas, e que representou uma revolução gráfica importante, além da sua plêiade de colaboradores. Surgira igualmente a ‘Tribuna da Imprensa’, jornal do polemista e político Carlos Lacerda, que se marcaria pela oposição radical de direita, com tendências golpistas, máxime nos ataques a Vargas, em seu último mandato, e contra JK.
A par desses, ainda existiam outros jornais, dirigidos a público de menor renda, com ‘O Dia’ e ‘Luta Democrática’.
Atualmente todos os grandes jornais, com exceção de O Globo, desapareceram de cena, tangidos pelas mudanças no âmbito da informação, antecedentes mesmo da revolução cibernética.
Com a saída do JB, restam nas bancas notadamente ‘O Globo’ e sua versão mais popular, o diário ‘Extra’. ‘O Dia’ atravessa um período de reformulação. Há outros tablóides, tornados acessíveis a público de menor renda.
Como se verifica, passada a época do florescimento de múltiplos jornais e de maior representação de matizes de opinião, entramos na era dos chamados jornalões, O Globo, no Rio de Janeiro, e a Folha de S. Paulo, e o Estado de São Paulo, na Paulicéia.
Dada a grande mutabilidade da representação dos jornais nas duas capitais – o que tampouco discrepa de outros centros importantes, como Porto Alegre e Belo Horizonte – não é aconselhável a formulação de prognósticos sobre as perspectivas do atual formato da informação impressa.
( Fonte: O Globo )
terça-feira, 13 de julho de 2010
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