Para um time, como o Clube de
Regatas Vasco da Gama, que foi campeão invicto no certamen carioca do ano
passado, diz muito a fraca atuação e a derrota acachapante por 3x0 diante do Fluminense
F.C..
Impossível
qualquer semelhança do atual Vasco com a grande equipe dos anos quarenta e cinquenta (base da
seleção brasileira de cinquenta, que
dirigia Flávio Costa, também técnico do CRVG) . Infelizmente, essa equipe
deixou escapar o título a 16 de julho de 1950, quando o goleiro Barbosa
'aceitou' chute não muito forte do ponta Ghiggia, do Uruguai, a pouco menos de
oito minutos do apito final, diante de multidão de 220 mil pessoas, a maior
lotação do Maracanã em todos os tempos.
As vezes,
aos trancos e barrancos, o Vasco foi grande equipe até princípios do século XXI
- quando conquistou em São Januário o título brasileiro contra o São Caetano, a
surpresa do ano. Perdeu, pouco depois, em Maracanã lotado, o título mundial para
o Corinthians. Nesse caso, na decisão por pênalti, Edmundo tremeu diante de Dida
e não converteu. Depois, inegável decadência - já sob a presidência de Eurico
Miranda, que dera o citado último título brasileiro ao CRVG - interveio, com
três quedas para a Segundona, todas
elas com a duração de um ano. Na primeira delas, o Vascão foi campeão, título
que decerto nenhum time tem muita alegria em exibir.
Sucedeu a
Eurico o antigo jogador Roberto Dinamite. O Vasco foi concorrente sério (contra
o Corinthians) para o Campeonato Brasileiro, mas a fraqueza de seu comando (no
que tange à direção da CBD), em especial do presidente Dinamite, acabou
permitindo que o Corinthians fosse o campeão. Pensando impressionar, Roberto
Dinamite organizou espécie de exposição em que reivindicava para o Vasco o
campeonato "moral". Realmente, as "injustiças" foram
muitas, ajudando pontualmente ao Corinthians para manter o Vasco uns pontinhos
abaixo, e assim ganhar o clube paulista o campeonato brasileiro. De que adiantou o Dinamite realizar exposição
em que se proclamava Vasco, o campeão moral do Brasileirão? Nada...
Mas
voltemos à decadência do CRVG... Depois de vice-campeão, mais uma vez tornaria
à Segundona. Jorginho, se não conseguiu salvar o Vasco nesta oportunidade,
continuou como técnico . Logrou a colocação necessária para mandar o time de
volta à 1ª divisão a duras penas, e como
prêmio Eurico lhe deu o bilhete azul. Jorginho é bom técnico, a ponto de,
quando o Vasco estava em melhor fase,
mas na série B, chegou até a
acercar-se do record estabelecido
pelo Expresso da Vitória em termos de
série positiva, superando, creio eu, vinte jogos sem derrota.
É
difícil determinar por que razão o
presidente do Clube preferiu dispensar Jorginho, que, enquanto no Vasco, fora
convidado para ser técnico de vários times da primeira divisão. Motivava esse interesse de outros clubes a alta
qualidade técnica do trabalho do antigo craque da seleção, Jorginho.
Como já indiquei, Eurico preferiu livrar-se de Jorginho e chamou para
substituí-lo a Cristóvão Borges. Esse último já atuara nessa condição no Vasco,
mas nada conseguira. Agora, o Vasco inicia o campeonato carioca - qualquer
semelhança com os certamens do Rio de Janeiro do passado será mera coincidência -
descoordenado e sem grandes jogadores, como tem sido a tônica da equipe
vascaína nas últimas décadas.
Infelizmente, não foi surpresa a
péssima atuação do CRVG. E com plantel de jogadores veteranos, sem grandes
craques (talvez com exceção do goleiro, que é reserva da seleção uruguaia), a
perspectiva não é boa para o campeonato carioca. Mais adiante, com tal plantel e técnico, as
perspectivas serão ainda piores. O CRVG continuará
a ter passado de glórias, mas dele se afastará sempre mais... Problemas,
portanto, na permanência na Primeira
Divisão, o que, para os torcedores é triste, sobretudo se se tiver presente que
o presidente Eurico Miranda optou por livrar-se de Jorginho, que sempre, dentro
das possibilidades, e tendo presente a fraqueza
do material humano à disposição, se caracterizara pela qualidade no próprio trabalho. Dêem a
Jorginho jogadores de melhor qualidade, e ele deles retirará um grau superior
nas respectivas capacidades. Agora, com
Cristóvão Borges, que já passou pelo CRVG, tendo sido afastado por fraco
desempenho, é difícil saber o que norteou a sua escolha por Eurico, a que se
acresce o bilhete azul ao competente
Jorginho. São calinadas que logo farão a
torcida gritar pela volta do técnico anterior.
Mas com a qualidade do Jorginho, não será fácil encontrá-lo disponível.
Será que a ainda grande torcida vascaína não merece coisa melhor?
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