domingo, 15 de janeiro de 2017

Os órfãos de Hillary

                                   

        O resultado das eleições americanas, realizadas na terça-feira, 22 de novembro de 2016, surpreendeu a muita gente pelo resultado, inclusive o subscripto. A vitória de Donald Trump foi, decerto, inesperada. Há vários traços que a caracterizam: ele é o candidato mais velho a alcançar a presidência, com setenta anos de idade, mais antigo do que Ronald Reagan, que lá chegou com 69.

         Mas há outras características que para uma parte do eleitorado sinalizam o caráter original da democracia americana, e para outra, o relativo desrespeito à vontade do Povo. Senão vejamos: fala-se muito que Trump venceu pelo colégio eleitoral, uma abstração inventada no século XVIII, para contornar a imensa dificuldade de determinar, com certa rapidez - dadas as peculiaridades de então em termos de comunicações - quem arrebatara o troféu da Presidência, para que se evitasse perigosa indefinição, e o consequente acirramento de ânimos, com as previsíveis consequências.

          No entanto, me parece interessante mergulhar um pouco mais nessa questão. O vencedor, Donald Trump, colheu 304 votos no cômputo indireto, superando, portanto, a barra dos 270 e, por isso, colhendo os lauréis da presidência. A vencida, Hillary Clinton, obteve 227 votos no dito colégio, e por isso perdeu.

         Sem embargo, a coisa não é tão simples assim. No voto popular - eis que devemos ter presente que não são abstrações que votam, mas gente como nós, cujo sistema de contagem será sempre um a um - há uma senhora diferença entre o ganhador Trump e a perdedora Hillary. Até aí, tudo bem, não acham?  Pois é normal que um tenha mais votos do que outro.

         Contudo, essa normalidade vira anormalidade  se tivermos presente que Hillary, a candidata perdedora, logrou 65 milhões 844 mil e 610 votos, contra a contagem de Trump, o candidato vencedor, que obteve 62 milhões 979 mil e 636 votos!   Vamos juntar esses números, para que o resultado fique ainda mais claro:  65.844.610
                                 e  62.979.636 votos!
            É normal que um candidato tenha mais votos do que o adversário, mas o que não é normal, é que os 65 milhões, 844 mil, e 610 de caquerada são da candidata perdedora, Hillary Clinton, enquanto o dito vencedor, Don Trump,  obteve 62 milhões, 979 mil e 636!

           Pelos cômputos, como se vê, se diz que a perdedora Hillary conseguiu arrebanhar 65.844.610 votos do Povo americano, enquanto o vencedor Trump somou 62.979.936 votos do mesmo Povo americano!

            Portanto, a perdedora da eleição tem u'a maioria de sufrágios do Povo americano de 2 milhões, 864 mil e 974 votos!
            Quantos países, pequenos é verdade, terão um eleitorado de dois milhões e oitocentos e tantos mil votos? Quantos presidentes - o que já fica mais constrangedor - terão sido eleitos com essa maioria de dois milhões e oitocentos mil votos ?! 

             Como esse dito colégio eleitoral é uma instituição peculiar, já houve no passado mais de um presidente minoritário, vale dizer, eleito pela maioria do colégio eleitoral, mas sem contar com a maioria dos eleitores.

             E não é um evento tão raro assim quanto se apregoa. A primeira eleição do século 2000, aquela em que supostamente venceu George W. Bush, contra Albert V. Gore, também o candidato republicano venceu por maioria de votos do colégio eleitoral, perdendo para o democrata A.V.Gore na votação popular! Será que os candidatos do GOP seriam mais desenvoltos no colégio eleitoral ?  Não exatamente. Porque nessa eleição em que a sumidade George W.Bush foi eleita, quem o escolheu não foi exatamente o Povo Americano. Havia uma contagem de um sufrágio de maioria na Corte Suprema, e como ela, por artes do GOP se ocupou do atraso da apuração na Flórida não é que por vez primeira surge um presidente estadunidense - da ilustre família Bush - a saber, George W. Bush - que teria mais este laurel: ser o único presidente estadunidense escolhido pela Suprema Corte!
             

( Fonte:  Wikipedia )

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