sábado, 14 de janeiro de 2017

A OTAN e os países do Estrangeiro próximo

                     

          A surpreendente vitória de Donald Trump sobre Hillary Clinton, além de suas repercussões americanas, terá lançado um vento frio sobre aqueles países que a linguagem do Kremlin chama de uma forma um tanto ominosa, de estrangeiro próximo.

         Os leitores deste blog já estão familiarizados com tal expressão, que se refere àqueles países que se acham próximos das fronteiras do grande urso russo. Como referi oportunamente, tendo presente a obra da professora Karen Dawisha, "Putin's Kleptocracy", que é um estudo respeitável da Federação Russa e do papel exercido na atualidade recente pelo Presidente Vladimir Putin, as autoridades desse país têm presente as condições prevalentes no chamado estrangeiro próximo, ao ponto de que até medidas são tomadas com relação àqueles países que colindam com a Rússia.

            A proteção americana e aquela da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) nem sempre podem ajudar esses países situados na vizinhança do grande urso russo a prevenirem eventuais ameaças à própria soberania - como se verificou sobretudo no tempo de George W. Bush, mas também na invasão pelo exército de Putin que levou à anexação ilegal da Criméia (e de Recomendação da Assembléia Geral das Nações Unidas, com a aplicação de sanções pelos Estados Unidos e outros governos ocidentais, de condenação da agressão da Rússia).

              Sem embargo, a presença americana e a da NATO  é valorizada pelos países, pequenos e grandes, que se acham demasiado próximos  da Federação  Russa, que é o presente avatar de o que foi a União Soviética, desaparecida em 1993, sob o governo de Gorbachev.

               Com a administração Vladimir Putin, notadamente no novo período, após a presidência de Dmitriy Medvedev, aumentou a pressão sobre a Ucrânia. Afastado pela revolta da Praça Maidan, e a opção popular por acordo com a Comunidade Europeia, o presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych cairia em seguida, o que ensejaria a tomada da Crimeia por forças russas, em ação que não encontrou maior resistência.

                   Desde então, sob instigação  russa, várias áreas na parte oriental se tem levantado, com a aparente intenção de retirar parcelas dessa área, para formarem eventuais protetorados russos, vizinhos à Crimeia, já anexada à Federação Russa. Por isso, a Rússia tem sofrido sanções do Ocidente, mas há a expectativa de que com a vitória de Trump, todo o sistema de sanções instituídas pela anexação da Crimeia deverá desmoronar.  A situação do atual presidente ucraniano, Petro Poroshenko, que participou das negociações dos dois acordos de cessar-fogo,  com a presença de Putin e da Chanceler alemã, Angela Merkel, e do Presidente francês, François Hollande, não é decerto cômoda diante das interrogações sobre a organização do Atlântico Norte. Mas com toda a oposição de Trump, semelha assaz problemático que se abandonem os demais aliados da NATO, sob a influência do amigo Putin. 
  
                 De qualquer forma, mesmo se a resistência à Rússia sob Obama, não foi completa, as forças ucranianas, mesmo que  mal-armadas, não estavam de todo abandonadas. Como se sentirão agora, com a amizade de Trump por Putin, e todas as suas declarações favoráveis ao regime russo?
           
                Igualmente, deve prevalecer algum pessimismo nesses países do estrangeiro próximo quanto as possibilidades de manterem a própria sobe-rania, ou mesmo autonomia, em atmosfera agora substancialmente modificada em favor de Vladimir Putin?  


( Fontes: Prof. Karen Dawisha, The New York Review )   

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