Se tivermos presente a
ânsia do presidente-eleito Donald Trump em destruir - porque é este o verbo
apropriado - a Lei da Assistência Médica
Custeável, com a vaga promessa que
logo se colocará outra cousa no seu lugar, teremos um instrumento confiável
para medir a colossal ignorância tanto do candidato vitorioso, quanto de muitos
inimigos do Obamacare no que tange à possibilidade
de aprontar rapidamente um substitutivo para o ACA.
Trump parece realmente acreditar na
possibilidade de criar uma nova lei da assistência médica, como se fosse
procedimento corriqueiro. Na sua ignorância - que é o fator na base da ojeriza
que a maioria republicana tem pela reforma sanitária - o presidente-eleito e
grande parte dos republicanos julgam factível mudar a Lei da Assistência Médica
Custeável como se fora algo simples, quando essa impressão não tem confirmação
na realidade.
Acabar com o Obamacare não será assim tão simples quanto muitos energúmenos
pensam possível.
Para que se tenha ideia de o que está
em jogo, tenha-se presente o que traz o editorial do New York Times de hoje: votar pelo repúdio da Lei sem uma
alternativa apropriada, pode ser não só desumano, mas também politicamente
desastroso. Cerca de 47% dos americanos não querem que o Congresso acabe com a
Lei, e 28% são favoráveis a que os legisladores preparem primeiro um
substitutivo válido.
Talvez o maior erro do jovem Presidente
Obama tenha sido acreditar que, fundado exclusivamente
na maioria democrata então existente no Senado e na Câmara de Representantes,
uma lei da reforma sanitária poderia ser tanto promulgada, quanto estabelecida
em bases sólidas. Para tanto, Obama terá pensado que a viabilidade da Lei da
Reforma da Saúde poderia ser assegurada pela sua comprovada eficácia na
implementação.
Obama desconheceu que a criação de uma
Lei sem um voto sequer do GOP poderia invalidá-la politicamente e
não só para a oposição. Na avaliação da
qualidade do ACA, de parte republicana
entrou muito pouco , a razão. Ao tornar visceral a negação da Reforma Sanitária
pela maior parte dos republicanos, foram
criadas as condições para que o Partido de Lincoln tristemente se lançasse
contra a reforma da assistência sanitária, que passou a ser questão muito menos
de discernimento do que de repulsa automática (knee-jerk) ao instrumento legal que
surgira sem um voto sequer do GOP.
Para os republicanos, a questão ganhou
foros de negativa visceral e automática, como se ser do GOP redundaria em repelir o ACA. Nisto não entra a razão, mas a
reação instintiva e irrefletida, como se não fosse possível ser a um tempo
republicano e adepto da Reforma sanitária...
( Fonte: The New York
Times )
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