Temer lamenta a carnificina
Depois de tudo
o que se diz e se escreve, sobre o estado das prisões no Brasil, e as condições
que nelas prevalecem - como tristemente se vê corroborado pela carnificina de
Manaus - não é um pouco demais que o Presidente do Brasil Michel Temer leve
tanto tempo para que dele se arranque um comentário como esse em que diz lamentar a matança que lá ocorreu?
Não seria o
caso de deixar transpirar um pouco mais de interesse e preocupação com a
situação presente das cadeias no Brasil?
Exoneração do Secretário Nacional da Juventude
Em termos
de sensibilidade, Bruno Júlio, Secretário Nacional da Juventude do Governo
Temer, perdeu decerto boa ocasião de ficar calado, quando defendeu o massacre
de presos no Presídio de Manaus.
Por isso,
foi demitido pelo Presidente Michel Temer.
Afinal, que
o representante da Juventude no governo de Michel Temer nos venha com a
afirmação de que "Tinha
que matar mais" cria
muita perplexidade. De onde saíu esse jovem que integrava o gabinete Temer para
nos vir com uma 'solução' desse gênero... E que falta faz o vomitador
dos quadrinhos do finado Henfil...
A Potoca
do Senhor Ministro
Pensando eludir a pressão jornalística, o
Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes - que é o de mais alta hierarquia no
gabinete Temer - ao ser indagado pelos jornalistas acerca da crise nas cadeias
de Roraima, disse ter recebido solicitação de ajuda para o controle da entrada
de venezuelanos.
Infelizmente, não era bem assim. Segundo
ofício enviado pela Governadora Suely Campos, ela pedia ajuda para tentar
controlar a crise nas prisões do estado
(ontem houve novo massacre, com a morte de 31 presos em Boa Vista).
O instituto do Desacato
Sinalizado desde muito pela instância
de direitos humanos como excrescência do fascismo, o chamado instituto do
desacato - aquele clássico da
pergunta 'sabe com quem está falando?',
muito utilizado pelas delegacias de polícia
e PMs, quando crêem ter a própria autoridade contestada - é um resto da
legislação autoritária de períodos anteriores, e que estranhamente até hoje
sobrevive em delegacias mal-cuidadas e em autoridades que se crêem
confrontadas.
Com
efeito, o desacato inexiste nas grandes
democracias - por ser um expediente de quem não tem razão - nem constitui
instrumento para enquadrar algum infeliz que caia sob sua 'otoridade', sendo
como é um resquício do passado discricionário.
Não é à
toa, de resto, que ex-Presidente José Sarney passe como seu grande defensor,
até o presente, através de seus leguleios, logrando manter o ameaçado instituto
ainda em vida...
Pois
não é que para desmoralizá-lo ainda mais ocorreu na Delegacia Especial de Apoio
ao Turista (Deat) quando aí apareceu o americano Joseph Ianco, de 54 anos. Vinha
indignado, reclamando da coronhada que levara e da falta de segurança na famosa
Ipanema...
A
revolta de Ianco se elevaria ainda mais ao deparar na própria delegacia o homem
que o atacara. Diga-se que esse contumaz meliante não apenas buscara roubar o
turista, mas também matá-lo (fez 4 disparos com pistola de 9mm, mas felizmente
errou).
Ianco achou que aquilo era demais,
tentou agredir o bandido, mas foi contido por policiais. Com uma certa lógica,
o americano clamava que não viera ao Rio para ser assaltado. Um inspetor disse,
então, que "poderia ter acontecido em qualquer lugar do mundo". E eis que entra em cena o desacato: por haver xingado o inspetor,
ei-lo detido por... desacato.
( Fonte: O Globo )
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