Massacres como o ocorrido no presídio
Anísio Jobim, em Manaus, desafiam a nossa compreensão. Como uma barbárie desse
gênero pode ocorrer?
Há limites ou não para a negligência quanto
ao estado desses estabelecimentos?
Não é que sejam ocorrências totalmente fora dos 'padrões' dentro das
chamadas guerras entre facções
rivais. No Paraná, não faz muito, já houve sacrifícios de presos.
O maior massacre de todos - Carandiru,
em 1992 - como pode ser declarada uma anomalia, se revoltas como esta do
presídio Anísio Jobim não são acontecimentos isolados?
Desta feita, 56 mortos, executados em
guerras de bandos, muitos com inaudita crueldade.
Tratam-se tais prisões e tais
ocorrências, como se fossem inauditas anomalias, que de repente estouram sem
qualquer aviso, e por bárbara roleta decretam a morte de uns tantos infelizes.
Lembram-se do Ministro da Justiça de
Dilma, que disse que preferiria morrer a ser preso num dos cárceres - que,
diga-se de paso, estavam sob sua
responsabilidade?
Na época, até houve quem considerasse
corajosa a afirmação. Na verdade, ela apenas refletia uma verdade que persiste,
vale dizer, a total indiferença diante da real condição das cadeias no Brasil.
É esta soma de secular e cínica lavagem
de mãos - como se o problema não dissesse respeito à autoridade encarregada -
que se acha na raiz da repetição de tal selvageria.
Indiferença diante de um problema que
julgam fora de controle será a razão principal? Mas será que não existe
autoridade que além de clamar por socorro e pela conscientização da
cidadania, ao invés de tratar como se
fora algo que foge de sua competência, sempre entregue aos cuidados de um
futuro que jamais acreditam possa materializar-se?
(Fonte: O Globo )
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