O protesto das mulheres teve apoio generalizado, com enorme
afluência, tanto em Washington, quanto nas demais cidades previstas (New
York, Boston, Atlanta, Denver, Los Angeles, Phoenix, Saint-Paul, no Minnesota,
e Key West, na Florida). Dado o grande afluxo, a estimativa de quinhentos mil
fica no lado conservador, para a marcha de Washington.
Hillary Clinton - que não tinha
agendado a sua aparição na marcha - contudo tuitou a seguinte mensagem: "Grata
por levantar-se, falar & marchar por nossos valores @womensmarch. Relevantes como sempre, continuo acreditando que somos
sempre mais fortes juntas"
A grande motivação das mulheres está em
combater o possível retrocesso a ser intentado pela Administração Trump, com
apoio conservador e republicano. Os direitos da mulher ameaçados são
notadamente o do aborto, garantido por
Roe v. Wade, e que o novel presidente conta repelir através da 'nova' Suprema
Corte. Os planos nesse sentido já começaram com a incrível negativa de sequer
ouvir Merrick Garland, indicado por Obama para suceder a Antonin Scalia,
falecido em princípios do ano passado. Capitaneado pelo líder do GOP Mitch McConnel, o Senado preferiu
esperar mais um ano, na esperança (infelizmente confirmada, por cortesia de
James Comey, do FBI) de que Trump venceria.
Nas diversas demonstrações, lideres
femininas ( e masculinos ) se manifestaram contra Donald Trump. Elizabeth
Warren, senadora por Massachusetts, alertou acerca de ataque pela
Suprema Corte de Trump, contra direitos adquiridos, como os do aborto e do
casamento gay. "Acreditamos na
ciência e por isso sabemos que o aquecimento global é real. Também acreditamos
que a imigração faz este país mais
forte. Não vamos construir uma estúpida muralha e não vamos separar pela força
a milhões de famílias." John
Lewis, deputado democrata pela Georgia: "Estou preparado para
marchar de novo. Estou aqui para dizer: não
permitam que ninguém faça vocês darem meia-volta no caminho." E completou:
"Na próxima eleição, nós temos de sair e votar como nunca fizemos
antes."
Nas maiores cidades, além de
Washington, com os já referidos mais de quinhentos mil, a presença das
manifestantes foi muito grande: quatrocentos mil em New York, duzentos e cinquenta mil em Chicago, em Boston 175 mil, setenta mil em Atlanta (Georgia), em St. Paul (Minn.) entre cinquenta e
sessenta mil. Já em Los Angeles, o
número de pessoas e a maneira em que se dispôs em várias ruas, se permite
intuir a grande afluência, fica difícil determinar a aproximada grandeza.
Esse protesto popular,
notadamente das mulheres, impressiona pela espontaneidade da respectiva formação, e do caráter genuíno da indignação
quanto à ameaça da velha direita republicana, querendo fazer com que o relógio
do tempo retroceda, como se as conquistas do passado, seja o recente, seja o
não tão recente como as mudanças instituídas pelo Roe v. Wade, e outras
sentenças antológicas de Corte Suprema que era a expressão não do atraso e do
preconceito, mas de visão generosa e progressista quanto à igualdade dos sexos,
e aos direitos dos cidadãos e cidadãs em geral.
A marcha de ontem - que não só
metaforicamente percorreu as ruas e praças das megalópoles americanas, assim
como de cidades menores - representa um sonoro aviso quanto às pretendidas
distorções que a direita pensa poder tirar jacaré na suposta onda conservadora
do Congresso e, sobretudo, da novel presidência Trump, a um tempo populista e
reacionária, e que, por isso, acredita
possível enfiar goela abaixo da América recém-saída de Barack Obama os seus
preconceitos sexistas.
( Fonte: The New York
Times )
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