Ontem, escrevi sobre Orgulho e Preconceito, valendo-me do
título do romance famoso de Jane Austen (Pride
and Prejudice) como mote para aventurar-me a conselhos de prudência a Mr
Trump. Antecipei-me, sem o saber, à verdadeira reedição estrangeira do Febeapá
(o Festival de Besteira que Assola(va) o nosso país), escrito em tempos
da Redentora por Sérgio
Porto, sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta.
Hoje, o editorial do New York Times classifica de Banimento
aos Muçulmanos o decreto de Donald Trump. Esse editorial também o considera Covarde e Perigoso. Por quê? As respostas para os efeitos da imprudente e preconceituosa ordem presidencial já começam a entrever-se por seu título - que o editorial do New York Times chama de ridículo - a saber "Ordem Executiva Presidencial para proteger a Nação do ingresso nos Estados Unidos de Terroristas estrangeiros".
Talvez a irresponsabilidade esteja na
base da decisão presidencial, embora o ukase
traga no seu bojo outras características que não costumam estar presentes em
resoluções presidenciais que, por sua hierarquia, pressupõem mais cuidado,
compreensão e cautela.
Muitos dos refugiados foram
colhidos pela cruel e caprichosa rede da ordem de Trump, em chegando aos EUA
ao cabo de longo e rigoroso processo de exame, que dura mais de ano. Tal
banimento pode desfazer as vidas de centenas de milhares de imigrantes, que
acabavam de ver completados longos processos de exame, com plena aprovação para
viver nos Estados Unidos, com os vistos ou as permissões de residência
permanente.
Diz muito, talvez demasiado, sobre justiça,
falta de sensibilidade e indiferença
presidencial à História, que a Ordem Executiva tenha sido assinada no Dia da Memória do Holocausto.
Mas não para aí a Ordem Executiva,
segundo nos mostra o editoral do New York
Times. Ela carece de qualquer lógica. Invoca o ataque de onze de
setembro como razão, ao mesmo tempo que isenta os países de origem de todos os
sequestradores que levaram a cabo a conjura, e também, talvez não por
coincidência, diversos países em que a Família Trump tenha negócios. Se o
documento de forma explícita não menciona qualquer religião, ele segue norma
gritantemente inconstitucional ao excluir Muçulmanos, enquanto concede a
autoridades do Governo o poder discricionário de admitir gente de outras
religiões.
Como assinala o Editorial do Times, a linguagem da ordem
presidencial torna evidente que a xenofobia e a islamofobia que permearam o
discurso de campanha de Mr Trump permanecem para manchar de igual modo a sua
presidência.
Por mais contrários ao espírito
americano, a linguagem da ordem de Trump deixa claro que por mais antiamericanos
que sejam, eles agora fazem parte da política americana. Ela chega a transmitir a noção espúria de que todos os muçulmanos
devem ser considerados uma ameaça.
Segundo ainda o Editorial, a injustiça desta nova política deve ser
bastante para levar as Cortes judiciais, o Congresso e membros responsáveis do gabinete Trump a
derrubá-la sem tardança.
O Editorial do Times também
cobra dos Republicanos - que no Congresso não se manifestaram ou tacitamente
apóiem a ordem de banimento - que deverão reconhecer que a História deles se
lembrará como covardes.
Diante da insensatez
presidencial, o editorial do NYTimes
recorda, outrossim, a posição de vantagem externada pelo atual Secretário da
Defesa, Jim Mattis. Ele manteve
durante o processo eleitoral posição de sensatez, ao dizer que os aliados dos Americanos se perguntam " se nós perdemos a fé na Razão". E acrescentou: "agora mesmo tal atitude
nos está prejudicando muito, ao mandar ondas de choque através do sistema
internacional".
Por isso mesmo, para o Times, é alarmante o presente silêncio de
Mr Mattis e de outras altas autoridades governamentais, cujo conhecimento e
atitude não deveria levá-los a prestar seus nomes a tal travesti de justiça.
( Fonte: Editorial de
"The New York Times" )
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