O papa
Francisco recebeu no Vaticano o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud
Abbas, que veio inaugurar a missão diplomática da Autoridade junto à Santa Sé.
Se Barack Obama nunca teve a coragem de enfrentar o Israel de Bibi Netanyahu em
termos de melhores relações com a Autoridade Palestina, não carece de ser
nenhum Nostradamus para prever que as coisas vão piorar e muito para os
palestinos sob o governo de Donald Trump, que nesse ponto seguirá a política
pró-Israel que é própria dos governos republicanos americanos (ainda mais à
direita do que a dos democratas).
Nesse ponto,
infelizmente, não há mudanças substanciais na política americana para a crise
médio-oriental. Dado o peso da comunidade
judaica nos Estados Unidos, Washington costuma seguir em geral posições
pró-Israel, embora, dadas as inflexões políticas, a postura do GOP será ainda mais leniente com o
governo de Tel Aviv.
Haveria, no
entanto, ulterior sensível deterioração nessas relações com a Autoridade
Palestina se Washington aprovasse uma mudança da própria missão diplomática para
Jerusalém, que teria resultados ruinosos sobre as relações em geral. Além de
ser um desrespeito dos tratados e resoluções internacionais sobre a matéria,
não seria nada boa a mensagem que se passaria para a comunidade internacional e
os movimentos pró-Palestina.
O isolamento diplomático de Israel, em
face sobretudo de sua perseguição à comunidade palestina constitui um dado da
diplomacia internacional que já perdura por bastante tempo. O mais grave seria
se o restante do mundo continuasse a afastar-se diplomaticamente de Israel - e tal
só tenderá a agravar-se com a eventual transformação do status de Jerusalém. Ora confiantes ainda mais no apoio do governo
Trump, a agressiva política de Bibi Netanyahu contra a comunidade palestina e
os árabes à sua volta só projetaria imagem desse governo de Tel-Aviv, como um
autêntico pária internacional. Se já atualmente
a administração de Benjamin Netanyahu, a um tempo anti-palestina, autoritária e
demagógica, com vários escândalos no gerenciamento das finanças tornará as
próprias perspectivas - marcadas pela agressiva política anti-palestina - ainda
mais incertas e graves com a temerária postura de romper com tratados e
resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, ao tentar estabelecer,
contra vento e maré, a sede do governo israelense em Jerusalém. Tal confirmaria em enorme retrocesso nas
perspectivas de paz para o Médio Oriente e o estabelecimento de ambiente na
antiga Palestina seja conducente à paz e ao entendimento.
Não há dúvida que o escopo da
política de Bibi Netanyahu e da comunidade israelense que o sustenta implicaria
em ulterior provocação ao movimento pela paz naquela região. Somado o respectivo
menosprezo, agressivo e militante, por
genuíno entendimento com os palestinos, entendimento este que presume o
estabelecimento de condições mínimas de convívio, coexistência e respeito mútuo
entre as comunidades lá sediadas, tudo isso garantiria muita violência e muito
sofrimento, que alguém com a sofisticação e o preparo intelectual de Donald
Trump na Casa Branca representaria decerto outro agravante para o aprofundamento da crise
médio-oriental.
Por conseguinte, dadas as condições
prevalentes na região, realmente, como tenho dito e repetido, pode-se dispensar
o problemático recurso de buscar algum Nostradamus
para antever que com um bronco como Donald Trump na Casa Branca, tal condição
só tenderia a agravar-se...
( Fontes: The New York
Times; The New York Review of Books )
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