sábado, 21 de janeiro de 2017

Morte de Teori Zavascki

                      

          O acidente que vitimou o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Albino Zavascki, com 68 anos de idade, aconteceu no começo da tarde da 5ª feira 19 de janeiro de 2017.
          Estava com ele Carlos Alberto Filgueiras, de 69 anos, amigo do Ministro, e dono do hotel Emiliano.  Dirigia o bimotor, o experiente piloto Osmar Rodrigues, com 56 anos de idade.
         Era um pouso com pista gramada na beira do mar, sem torre de controle, nem aparelhos de segurança.

         Nos momentos que precediam a aterrissagem, caíu aguaceiro, que não é incomum nas cercanias de Parati. O piloto terá arremetido e tentado fazer o retorno em manobra sobre o mar, porém por causas ainda não precisadas, a asa da pequena aeronave - embora fosse avião moderno, e com dois motores - tocou o mar e houve a consequente queda nas águas.
          Piloto e passageiros morreram ou afogados ou pelo trauma do acidente.
      Releva notar que havia u'a mulher ainda sobrevivente, que pedia desesperadamente socorro através das  janelas  (hublots). Quem a viu, infelizmente não pôde socorrê-la. Posteriormente, o seu corpo foi retirado dos destroços.
        
       Em comentários da tevê, especialistas assinalaram que pilotos de aviões próximos a grandes massas d'água (do mar ou fluvial) podem não distinguir, mormente durante fortes aguaceiros,  o que é a superfície marinha, lacustre ou fluvial, e a atmosfera. Assim, em uma manobra arriscada, mas contingente (pela falta de torre de controle), o piloto pode sem que o deseje mergulhar em área não mais pluvial, mas na superfície marinha, e tal ocorre pela absoluta indistinção entre uma e outra, estando a aeronave exposta à forte precipitação.
         
      Teori Zavascki e a Lava-Jato.  O ministro do Supremo ganhou merecido realce na opinião pública, e máxime nos meios jurídicos,  pela  grande capacidade de trabalho, discrição, firmeza e segurança. Deu à Operação Lava-Jato a certeza do pulso forte, assim como de obter dos indispensáveis auxiliares toda a possível cooperação, que ele suplementava com a sua resistência a tarefas que intimidariam a outrem, além da certeza que dava aos que, direta ou indiretamente, interagiam em termos de trabalho com esse grande magistrado, que buscava a justiça e nada mais além dela.
    
     A sensação de vazio que se formou logo após o Brasil tomar ciência do seu trágico desaparecimento foi geral em todos os meios com algum conhecimento de sua carga de trabalho e de o que tinha, em termos de responsabilidade na sua pasta. Dado o momento que o Brasil atravessa, e a delicadeza e relevância das questões que se achavam sob a responsabilidade desse grande ministro do Supremo, não se poderia evitar a inquietude diante de sua falta, assim como a inegável dificuldade em encontrar alguém em condições de assumir-lhe a cadeira, dados os ingentes desafios que se apresentarão a quem lhe suceder.
         De quem lhe assuma o posto, tendo presente a expectativa colocada na Operação Lava-Jato, a cidadania há de esperar ombridade, caráter, capacidade extraordinária de trabalho, aliada à  coordenação de auxiliares dedicados e discretos.
      
       Para que se tenha ideia da relevância do Ministro Teori Zavascki, tomo a liberdade de transcrever as declarações do Juiz federal Sérgio Moro na quinta-feira, dezenove de janeiro:  Sem o Ministro Teori Zavascki "não teria havido  a Operação Lava-Jato".
     Moro, responsável pela operação na primeira instância, disse que o  ministro foi "um grande magistrado e um herói brasileiro". Moro afirmou, outrossim, que está "perplexo" com a notícia de sua morte.
     A propósito, o Juiz Sergio Moro declarou: "Espero que seu legado, de serenidade, seriedade e firmeza na aplicação da lei, independência de interesses envolvidos, ainda que poderosos, não seja esquecido."
     Dentre os testemunhos colhidos pela Folha, é de assinalar-se que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot,  destacou não haver  o ministro, como relator da Lava-Jato, hesitado em adotar medidas inéditas para o Supremo.  Segundo Janot, Teori " honrou o papel de magistrado, ao atuar de forma ética, isenta, discreta e extremamente técnica durante toda sua carreira."
       
        Por sua vez, um dos principais investigadores da Lava-Jato, o delegado Márcio Anselmo pediu a investigação "a fundo" da morte de Teori, "na véspera da homologação da colaboração premiada da Odebrecht."        



( Fonte:  Folha de S. Paulo )

Nenhum comentário: