O acidente que
vitimou o Ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Albino Zavascki, com 68
anos de idade, aconteceu no começo da tarde da 5ª feira 19 de janeiro de 2017.
Estava com ele Carlos Alberto
Filgueiras, de 69 anos, amigo do Ministro, e dono do hotel Emiliano. Dirigia
o bimotor, o experiente piloto Osmar Rodrigues, com 56 anos de idade.
Era um pouso com pista gramada na
beira do mar, sem torre de controle, nem aparelhos de segurança.
Nos momentos que precediam a aterrissagem,
caíu aguaceiro, que não é incomum nas cercanias de Parati. O piloto terá
arremetido e tentado fazer o retorno em manobra sobre o mar, porém por causas
ainda não precisadas, a asa da pequena aeronave - embora fosse avião moderno, e
com dois motores - tocou o mar e houve a consequente queda nas águas.
Piloto e passageiros morreram ou
afogados ou pelo trauma do acidente.
Releva notar que havia u'a mulher
ainda sobrevivente, que pedia desesperadamente socorro através das janelas
(hublots). Quem a viu,
infelizmente não pôde socorrê-la. Posteriormente, o seu corpo foi retirado dos
destroços.
Em comentários da tevê, especialistas
assinalaram que pilotos de aviões próximos a grandes massas d'água (do mar ou
fluvial) podem não distinguir, mormente durante fortes aguaceiros, o que é a superfície marinha, lacustre ou
fluvial, e a atmosfera. Assim, em uma manobra arriscada, mas contingente (pela
falta de torre de controle), o piloto pode sem que o deseje mergulhar em área
não mais pluvial, mas na superfície marinha, e tal ocorre pela absoluta indistinção
entre uma e outra, estando a aeronave exposta à forte precipitação.
Teori Zavascki e a Lava-Jato.
O ministro do Supremo ganhou merecido realce na opinião pública, e
máxime nos meios jurídicos, pela grande
capacidade de trabalho, discrição, firmeza e segurança. Deu à Operação
Lava-Jato a certeza do pulso forte, assim como de obter dos indispensáveis
auxiliares toda a possível cooperação, que ele suplementava com a sua resistência a tarefas que intimidariam a outrem, além da certeza que dava aos
que, direta ou indiretamente, interagiam em termos de trabalho com esse grande
magistrado, que buscava a justiça e nada mais além dela.
A sensação de vazio que se
formou logo após o Brasil tomar ciência do seu trágico desaparecimento foi
geral em todos os meios com algum conhecimento de sua carga de trabalho e de o
que tinha, em termos de responsabilidade na sua pasta. Dado o momento que o
Brasil atravessa, e a delicadeza e relevância das questões que se achavam sob a
responsabilidade desse grande ministro do Supremo, não se poderia evitar a inquietude
diante de sua falta, assim como a inegável dificuldade em encontrar alguém em
condições de assumir-lhe a cadeira, dados os ingentes desafios que se
apresentarão a quem lhe suceder.
De quem lhe assuma o
posto, tendo presente a expectativa colocada na Operação Lava-Jato, a cidadania
há de esperar ombridade, caráter, capacidade extraordinária de trabalho, aliada
à coordenação de auxiliares dedicados e discretos.
Para que se tenha ideia
da relevância do Ministro Teori Zavascki, tomo a liberdade de transcrever as
declarações do Juiz federal Sérgio Moro na quinta-feira, dezenove de
janeiro: Sem o Ministro Teori Zavascki
"não teria havido a Operação
Lava-Jato".
Moro, responsável pela
operação na primeira instância, disse que o
ministro foi "um grande magistrado e um herói brasileiro".
Moro afirmou, outrossim, que está "perplexo" com a notícia de sua
morte.
A propósito, o Juiz
Sergio Moro declarou: "Espero que seu legado, de serenidade, seriedade e
firmeza na aplicação da lei, independência de interesses envolvidos, ainda que
poderosos, não seja esquecido."
Dentre os testemunhos
colhidos pela Folha, é de assinalar-se
que o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, destacou não haver o ministro, como relator da Lava-Jato, hesitado
em adotar medidas inéditas para o Supremo.
Segundo Janot, Teori " honrou o papel de magistrado, ao atuar de
forma ética, isenta, discreta e extremamente técnica durante toda sua
carreira."
Por sua vez, um dos
principais investigadores da Lava-Jato, o delegado Márcio Anselmo pediu a
investigação "a fundo" da morte de Teori, "na véspera da
homologação da colaboração premiada da Odebrecht."
( Fonte:
Folha de S. Paulo )
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