terça-feira, 17 de julho de 2018

O quê fazer de Donald Trump ?


                                
          Hoje os grandes jornais estadunidenses, como o New York Times, transmitem ao leitor a própria perplexidade.
            A pergunta que encima este artigo de certa forma reflete o descorçoamento que motivou o summit de Trump e Putin.
              Trump, ao lado de seu 'amigo' Putin, não parece encarnar o presidente dos Estados Unidos.
             Dá a impressão de alguém que foi parar em  reunião com poderoso líder estrangeiro, e por sentir-se sob a sua sombra, perde a própria habitual irreverência e até mesmo descortesia, de que, aliás, tem feito uso abundante na sua presente visita à Europa.
             Multiplicara descortesias e mesmo grosserias. Começou com um ataque à Alemanha de Frau Angela Merkel que, seja dita de paso,  não perde ocasião de tratar mal, como se dela tivesse inveja pela ascendência que colheu ao longo de seu trabalho como Chanceler da Alemanha.
             Atacou a Organização do Tratado do Atlântico Norte  de uma forma que espalhou o mal-estar na reunião a que comparecera, e que se reunira para, de um certo modo, homenagear o irmão mais velho da Aliança. Nessa mesma linha, maltratou a sua suposta amiga Theresa May, a quem chegou a censurar pelo seu tratamento dado a Boris Johnson e à turma do Brexit. O que mais  impressiona nesse episódio - e confrange - é a docilidade da Primeira Ministra, que pareceu uma subordinada que sofre a repreensão do chefe e não reage.
               Fustigado pelo Povão inglês no boneco inflável do Bebê Trump, ele conseguiu ser descortês com a Rainha em mais de uma oportunidade. Na sua longa trajetória como Soberana do Povo inglês, Elizabeth terá decerto perguntado aos próprios botões como no seu  reinado só agora tenha tido a infeliz oportunidade de receber alguém que leva a grosseria e a falta de educação ao ponto em que manifestou, em mais de uma oportunidade, e de forma gratuita à Sua Majestade.
               Mas dentre os pontos censuráveis  em sua tournée do Velho Continente, sob prisma político a sua atuação no chamado Summit com Vladimir Putin esteve abaixo de qualquer expectativa. O que se quer dizer com isso é que Trump lograria surpreender mesmo àqueles que dele esperavam uma postura comprometedora.    
                Nunca presidente americano terá dado a impressão de assumir eventual atitude subalterna com relação ao seu suposto amigo Vladimir Putin. Ali presente não se viu  o  chefe da Superpotência.  Viu-se amiúde a aparência de alguém que não era o líder do mundo livre, mas sim o chefe de governo que parecia interessado sobretudo em satisfazer  ao presidente russo.  Putin no caso a quem estivesse despertando de um longo sono pareceria ser o todo-poderoso chefão, e o seu acólito, Mr Trump.
                 A sua atitude pareceu a muitos altamente comprometedora, a ponto de contraditar as informações recebidas dos respectivos serviços de segurança. A ouvi-lo, e dar-lhe eventual crédito, não houve hakeamento do comitê nacional democrata, nem da candidata Hillary Clinton !
                 Ver um presidente americano ir contra o que lhe dizem os seus órgãos de segurança é assistir à performance inédita na História dos Estados Unidos. Tal não é, por certo, episódio de petite histoire. Trata-se de qualquer coisa, ainda talvez indefi-nida, mas de despertar espécie, e sobretudo muita inquietude.
                 E o que dizer então de tentar desacreditar esses serviços  na frente de gospodin Putin e da contrafeita mídia?
               
(Fontes: The New York Times, O Estado de S. Paulo )

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