terça-feira, 17 de julho de 2018

O Drama da Nicarágua


                              
                                       
        A crise nicaraguense se arrasta, entremeada por sangrentos fins de semana, quando o Governo de Ortega recorre à violência de grupos pára-militares e a policiais que buscam intimidar estudantes e manifestantes contrários ao regime.
          A brutal violência dos que apóiam o poder sandinista contra as manifestações é acirrada pela vice-presidente, a esposa de Daniel Ortega. Dessarte, Rosario Murillo declara que o governo atua para "libertar o território" dos bloqueios de estradas e "restaurar a paz". Segundo ela, os protestos respondem a "um plano terrorista e golpista acompanhado por uma infame e falsa campanha midiática nacional e internacional".
           Apesar dos protestos multitudinários,  Rosario Murillo desfia uma cartilha já muito batida, típica da defesa de ditaduras nos estertores: "Esse golpe quis impor uma minoria cheia de ódio, uma minoria sinistra, maligna, mas que não conseguiu nem conseguirá (?)."
             A resposta aos anacolutos da primeira Dama vem de Carlos Tünnermann, membro da Aliança Cívica por Justiça e Democracia, um dos principais grupos da oposição a Ortega:  "A população não desistiu porque há uma demanda nas ruas por liberdade."  Para que se encerre a turbulência, a Oposição reivindica a renúncia do Presidente e eleições antecipadas.
               Daniel Ortega tem 72 anos, e está no seu terceiro mandato consecutivo, que se encerraria em 2021. Ele tenta permanecer no poder através do endurecimento do próprio controle sobre as instituições, dentro do padrão das ditaduras centro-americanas.
                Nesse cenário de crescente repúdio da população jovem e menos jovem da Nicarágua, o seu alheamento do sentir popular se acentua, desde que baixou reforma das aposentadorias. Em verdade, a proposta de reforma previdenciária cortava benefícios e aumentava as contribuições. Conforme o figurino usual nesses casos,  o Governo recuou, mas a violenta repressão incentivou novas manifes-tações, desta vez exigindo a saída de Ortega. Tais protestos se iniciaram a dezoito de abril. Diante da repressão das  instâncias governamentais, a alienação das forças do Governo às exigências da Oposição, tudo isso acirrou a revolta popular, não só pela corrupção do sandinismo, mas também pela insensibilidade do poder.  A alienação das forças pró-governo só acirraria a revolta do Povo, que agravariam a violência da repressão, a corrupção, e a sucessão de massacres de estudantes e defensores da democracia.
                  Os protestos começam em dezoito de abril, e dentro de padrão que recorda o processo da queda de outras ditaduras centro-americanas, manchadas pela violência de grupos que pretendem ser intimidatórios e só contribuem para a irrupção de outros focos revolucionários, o que se presencia no cenário nicaraguense é o avanço da revolução com o apoio  de círculos democráticos, que aglutina uma coalizão anti-sandinista, e procura abrir caminho para uma nova Nicarágua, que se propõe mais justa e mais democrática.               
                   O isolamento diplomático de Daniel Ortega se acentua. Ele tem apoio de Venezuela, Bolívia, Cuba e Rússia. Na América Latina cresceu a oposição contra Ortega,  como sinaliza comunicado firmado por treze países latino-americanos, que incluem Brasil, Argentina, Colômbia, Uruguai e Equador.
                     Nesse sentido, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Aloysio Nunes, por mensagem via Twitter repudia "com veemência a escalada da violência por parte das forças de segurança e paramilitares contra a sociedade nicaraguense".
                 
( Fontes: Folha de S. Paulo  e Estado de S. Paulo )

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