Embora não devesse aí estar,
o título do blog hodierno - que se
inspira em editorial do Times -
reflete o pensamento segundo a realidade americana. Nesse sentido, o Senado, ao
examinar a qualidade dos candidatos partidários aos postos judiciais - seja na
Corte Suprema, seja nas cortes inferiores - tem necessariamente presente a sua
própria maioria, se democrática, se republicana, e os respectivos fins
políticos.
Dessarte, não é a qualidade do candidato
ao posto judicial que interessa aos dois Partidos, embora tal característica
esteja mais presente com as indicações de democratas. Sem embargo, o Presidente
Obama, ao dispor dessa imprevista vaga na Corte Suprema, em função da súbita
morte de um juiz - Antonin Scalia -
não pôde ou não quis valer-se dessa
oportunidade que lhe seria acintosamente 'cerrada' pelo Líder republicano da
então maioria no Senado, Mitch McConnell.
Nessa altura, nos vem à lembrança a
frase imortal de Georges Buffon no seu discurso de recepção perante a Academia
Francesa - o estilo é o próprio homem.
Estarrece ao
observador que Obama tenha realizado apenas uma parte do
dever que tinha pela frente. O então presidente terá ultimado a parte que para
muitos seria a mais difícil: escolher alguém que estivesse à altura não de
Scalia, expoente ultra-conservador, mas do pensamento liberal que caracteriza
um mandatário democrata da linhagem universitária de Barack H. Obama. Reporto-me ao grande nome que indicou em vão, o juiz Merrick
Garland.
Sem dar-se conta, ele
inconscientemente jogou o jogo do medíocre republicano Mitch McConnell. A
desfaçatez do líder da maioria republicana deveria ser enfrentada com energia e
debate nacional sobre a arrogante postura dos republicanos de decidirem esperar
por mais um ano, não porque a proposta de Obama não correspondesse à
expectativa, mas pela simples razão de que o GOP queria avocar-se aquela vaga no Supremo, e tanto pior que
devessem aguardar um ano para que os republicanos tivessem uma segunda chance
de garantir alguém que fosse medíocre bastante para garantir-lhes mais aquele
posto na cimeira da escala judicial.
Obama, o professor em Harvard, que
acredita em barretadas aos republicanos - e tenhamos presente a vazia, quase
estulta, nomeação de republicano como James Comey, para Diretor do
FBI, que, mais tarde, além de agir de forma grosseira com a candidata Hillary Clinton, ainda ao cabo faria a
irresponsável comunicação ao Congresso sobre suposta prometida surpresa no
computador do marido separado de Huma
Abedin, que no seu entender poderia reservar novidades sobre a infeliz
questão dos possíveis (mas inexistentes) escândalos que encerraria o tal canal
privado de computador público da pobre Hillary !
O silêncio, às vezes pode ser de ouro,
mas em outras, em um Departamento de Justiça que se omitiu, enquanto
republicanos se aproveitaram com falsas notícias sobre a candidata democrata, tal
silêncio ou tal falta de ação, como no caso de uma estupenda indicação para a
Corte Suprema, o Senhor a deixou mirrar na soleira do escritório do Senador
pelo Tennessee, Mitch McConnell, mostrando um respeito exagerado a pessoas que
descumpriam com arrogância mesmo a atender o dever, na verdade uma obrigação
democrática, que nada tem a ver com a ciosa guarda de um poleiro para alguma
mediocridade que reserve aos Estados Unidos um eventual presidente republicano.
Os frutos, sejam verdes, maduros ou
podres, dependem das árvores que lhes trazem à luz do sol.
Aos medíocres, indecisos ou
temerosos, o futuro e, por conseguinte, a História costuma ser impiedosa. Mas
esse mal não parece haver incomodado a Barack Obama.
A sorte, que por vezes exagera nas
injustiças, nos propicia como dúbia dádiva, pessoa que hoje paira pateticamente em quase
policial planetário. E logo ele que de tanto repisar - repetindo,
no estilo das mil mentiras de Goebbells
a sórdida potoca de crooked
Hillary - hoje surge, nos jardins da Casa Branca a nos
apresentar o seu pirandellico assim é
se lhe parece, e que tudo vá para o
inferno, em mundo de Roberto Carlos que os americanos talvez ainda ignorem...
mas, creio eu, não o será por muito.
( Fontes:
The New York Times, The New York Review,
Georges Buffon, Luigi Pirandello, Noah
Feldman )